A família Cavalcanti Grecco estava reunida em um café da manhã caprichado. O assunto ainda era a festa da noite passada, e o quanto o anúncio do casamento de Bela mexeu com os convidados. Entretanto, a mocinha pensava somente em Álvaro, e no que ele estaria a pensar sobre ela.
- A festa de ontem foi maravilhosa! Todos só queriam saber do teu casamento, Bela.
- Eu imagino, meu pai.
- Estás vendo? Será um evento jamais visto outra vez em Camposul.
- Pois não entendo... Com tanto para se preocupar, as pessoas preferem ficar atrás do casamento de uma desconhecida.
- Desconhecida não! Tu és minha filha, e praticamente a santa deste lugar.- O importante é que ontem ocorreu tudo bem, Alfredo. Tu não tiveste nenhuma decepção. - Magda falou enquanto mexia a xícara de café, e olhou fixamente para Benjamim, que por vergonha abaixou a cabeça e continuou a comer em silêncio.
- Realmente, ontem foi melhor do que esperei que fosse. Eu agradeço o empenho de todos vocês!- Benício, e Benjamim, terminem o café da manhã de vocês para irem para a escola, eu mesma irei levá-los.
- Você vai com eles, Bela?
- Sim, meu pai. Eu tenho que ir até a igreja, já é caminho.
- Certo!- Já terminei, Bela! E meus livros já estão em cima da mesinha, só tenho que pegar antes de sair.
- Que bom, meu amor! Já é hora de irmos mesmo. Já terminaste, Benjamim?
- Já sim. - Ele respondeu.
- Terminem de se arrumar, e pegar o que falta. Estarei esperando na carruagem.Bela e os garotos se despediram dos pais, e seguiram seus caminhos. O Barão foi para o escritório, enquanto a Baronesa seguiu terminando seu café na companhia da sua serva Bila.
- Senhora, permita-me lhe perguntar algo?
- Sim, Bila.
- O jovem Benjamim, o que acontecerá com ele?
- Deus queira que o Alfredo jamais saiba em que estado o Benjamim estava ontem. Aliás, vamos esquecer, sim?
- Pode deixar, não toco mais nesse assunto.
- Ótimo! Eu vou fazer o meu tricô para ter um sossego, não me incomode, a não ser que o Alfredo chame por mim.
- Sim, senhora.Adelaide, mais conhecida como a saudosa Baronesa de Assunção também terminava o café da manhã em sua fazenda.
- Deseja mais alguma coisa, senhora?
- Não Luzia, estou satisfeita, obrigada! Mas... Que cheiro é esse?
- Ai meu Deus, o pão que deixei no forno! - A empregada correu para a cozinha, e a Baronesa foi atrás.
- Menina, essa cozinha está pura fumaça!
- Perdão Baronesa, aliás, mil perdões! Mas é que estou tão atarefada que tenho que cuidar da casa, e ainda da cozinha.
- É... Eu sei que desde que a Zenaide foi embora que você não para quieta. Olha, eu vou tentar encontrar uma outra empregada o mais rápido possível! Mas você também deve entender que não é tão simples encontrar alguém de confiança, e que faça as coisas de modo que me agrade.
- Eu sei, senhora. Mas que tal comprar uma escrava? Facilitaria muito.
- Isso vai contra os meus princípios, você sabe.
- Mas a fazenda do Barão Alfredo só cresce a cada dia, e lá é cheio de cativos. Ouvir dizer que a dona Magda tem muitas servas para ela, dia e noite.
- E se você não se calar, se tornará uma delas.
- Perdão, senhora... Outra vez.
- Certo, limpe a bagunça dessa cozinha, depois tire a mesa de café da manhã. Prometo conseguir uma outra empregada rápido.
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O Amor e o Tempo
Historical FictionNo século XIX, em Camposul (cidade fictícia), Isabela Cavalcanti Grecco usa um véu cobrindo seu rosto por 18 anos, para cumprir uma promessa feita pelos pais, que a dedicaram a Nossa Senhora, e a igreja católica, para agradecer a vida de prosperidad...