Álvaro acordou e deu um grito abafado ao notar que já era outro dia. Adelaide rapidamente subiu com Clarisse para acalmá-lo, e conversar sobre o ocorrido. Ele teve uma febre forte desde a agressão, e ainda estava ferido, tudo o que o médico disse para fazer foi esperar.
- O médico veio, baixou sua febre. Você delirava, enquanto Clarisse tentava falar com ela em vão, não foi possível.
- Eu vou atrás daquele Barão, ele me paga!
- Do quê irá acusá-lo, Álvaro? De impedir que você levasse a filha dele? Que provas tem ao seu favor que os capatazes lhe agrediram a mando dele? Fique onde está, não conseguirá chegar na fazenda, e não tem forças para isso. Sinto muito em lhe dizer, mas Isabela está casada, e partiu em um navio com o marido para Portugal.
- Não acredito... Tudo deu errado, tudo! - Ele estava em fúria.
- Clarisse também tentou, os barões de Camposul impediram, e a moça está casada. Agora recupere-se e siga a sua vida! - Adelaide se retirou do quarto deixando Álvaro a sós com Clarisse.- Eu sinto muitíssimo, Álvaro. Também tentei ao menos me despedir da Bela, mas eles estavam atentos a qualquer um que quisesse se aproximar dela. A nossa amiga foi embora.
- A dona Adelaide não entende! Um sonho de ano que se foi, uma promessa não cumprida, um amor que partiu com outro. Estou revoltado! Estou com ódio da minha fraqueza, e preocupado em como está a Bela agora.
- Rezei por ela quase a noite inteira. Fomos amigas por anos, sentirei muitas saudades! Agora só me resta torcer para que ela consiga ser feliz.
- Eu nem sei em quê pensar agora... Não sei mesmo!Dara foi surpreendida em seu quarto com o aviso de uma visita inesperada anunciada pela sua avó.
- Dara, tem um amigo lá na cozinha querendo falar com você.
- Quem está aqui, vó?
- O filho do Barão Alfredo, Benjamim. Está lhe esperando!A garota saltou da cama e tratou de tentar ajeitar-se, sem acreditar que Benjamim estava bem ali.
- Benjamim, que surpresa! Como você está?
- Estou bem, Dara. Obrigado! Perdoe-me vir sem avisar. Sua avó convidou-me para entrar, e serviu-me essa xícara de leite.
- Ah, perdão, não temos muitas coisas aqui.
- Ah, não se preocupe! Tudo aqui é extremamente agradável. Muito obrigado dona Ciça! - A avó de Dara estava tímida diante do rapaz, mas sorriu e agradeceu o elogio, em seguida, deixou os dois sozinhos na cozinha, retirando-se para outros fazeres
- Minha avó com certeza está surpresa por você estar aqui, e confesso que também estou. Pena que meu avô está trabalhando, iria adorar ele!
- Imagino que sim.
- Mas... Não entendo, desculpe, mas estranho sua visita.
- Eu... Vim me desculpar pessoalmente. Ontem não teve uma boa recepção em minha casa. Mas confesso que também me surpreendeu sua visita!
- Não se preocupe com isso, Benjamim. Está tudo bem! Entendo que estavam corridos por conta do casamento, além disso apareci sem avisar, o que não é muito educado. Oh, nem sei o que deu em mim! Fui levar alguns leites para famílias ali perto para o meu avô, e deu-me a ideia de fazer uma visita surpresa.
- Foi adorável ter você por lá! Peço para que volte quando quiser, em um dia mais calmo.
- Sim... Claro! Mas... Me conta, como foi o casamento?
- Ah, acredito que como todos os outros! Foi difícil me despedir de Bela, somos muito apegados.
- Me disse que ela não iria se casar com quem realmente queria.
- É... Infelizmente minha irmã casou-se e partiu com quem não ama.
- Mas e outro? Aquele que é realmente o amor dela?
- Boa pergunta! Ele não apareceu. Pelo visto Bela não é tão correspondida quanto pensa. Mas não acho que seja agradável falarmos disso.
- Benjamim... - Ela pensou um pouco antes de falar. - Eu preciso contar-lhe uma coisa.
YOU ARE READING
O Amor e o Tempo
Historical FictionNo século XIX, em Camposul (cidade fictícia), Isabela Cavalcanti Grecco usa um véu cobrindo seu rosto por 18 anos, para cumprir uma promessa feita pelos pais, que a dedicaram a Nossa Senhora, e a igreja católica, para agradecer a vida de prosperidad...