Não chore mais

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– Pegue a prisioneira. – Edmundo mandou e o minotauro caminhou em direção a Isabel que grunhiu quando a besta a ergueu, jogando-a sobre os ombros.

Ela gritou, se debateu, mas não parecia fazer cócegas no animal grotesco. A posição vulnerável e patética a impedia de ver Edmundo, mas ela podia ouvir os passos dele à frente.

Só quando chegou ao salão de refeições que ela bem conhecia é que o animal a tirou dos ombros. A garota ficou levemente zonza por ter ficado tanto tempo de cabeça pra baixo e piscou algumas vezes vendo a mesa posta.

– Quando foi a última refeição dela? – Edmundo perguntou a uma bruxa curvada.

– De manhã, meia sopa apenas, meu senhor.

Edmundo não respondeu, ele apenas se sentou em sua costumeira cadeira e apontou para a cadeira ao lado, mas Isabel não se mexeu. Logo o minotauro a arrastou, obrigando-a a se sentar.

– Amarre os braços delas. – Edmundo ordenou casualmente, servindo-se de um generoso pedaço de bolo.

A garota se debateu e rangeu os dentes de ódio enquanto estava sendo presa. Finalmente Edmundo a olhou. Ele comia com tranquilidade quando uma anã com tufos de cabelo roxo apareceu com um prato de mingau em direção a Isabel.

– Acho melhor você abrir a boca. Ela consegue forçar isso se não colaborar. Além de que mingau frio não é lá muito saboroso. – Edmundo comentou terminando de engolir uma fatia do bolo de aparência ótima.

Isabel fechou mais a boca em protesto, mas Edmundo nem se abalou. Ela sentiu sua boca se abrir contra a sua vontade e desesperada percebeu que a anã estava com os olhos negros, usando alguma magia para forçá-la e ergueu a colher dentro de sua boca. A garota engasgou severamente e engoliu com certa dificuldade o mingau.

Ela olhou com ódio para Edmundo e ele abaixou os talheres lentamente.

– Posso desamarrar suas mãos, pedi para preparar todas as iguarias que sei que gosta de comer e estão todas aqui na mesa, sei que está com fome, estou ouvindo daqui seu estômago. – Declarou o príncipe simplesmente.

Isabel queimava de ódio, ironicamente ela percebeu que era mais fácil Edmundo fazê-la odiá-lo mais do que o contrário. Após mais de um minuto em silêncio, o rapaz simplesmente deu de ombros, voltando a saborear o bolo.

– Acho que ela quer mingau mesmo, Scout. Garanta que ela coma bastante.


Isabel sentiu seu estômago embrulhar. Ela queria arrotar para tirar a sensação de mil elefantes em seu estômago, da gororoba fria que ficou o mingau sendo forçada para dentro da sua garganta de forma prática.

A cada cinco colheres a anã parava e Edmundo encarava Isabel, quase esperando que ela protestasse ou pedisse para parar, mas a garota apenas engolia a massa com certo ódio e se preparava para mais até sentir que vomitaria tudo se continuasse.

– Chega. – Grunhiu Edmundo limpando o canto da boca com o guardanapo e se levantando. – Tirem ela daqui. – Ele resmungou se retirando, não suportante ver a cena.

Assim que a trancaram de volta no quarto. A garota correu para a janela minúscula do quarto e inspirou profundamente o ar gélido, tentando aquietar o desejo de vomitar com o estômago cheio.

Quando se sentiu menos doente, ela se forçou a andar pelo quarto, numa vã tentativa de desgastar a comida. Quando mais nauseada, mas ela precisava rever seus conceitos, mas precisava pensar pensar.

Pense, Isabel.

Esse jogo de ser odioso era algo que Edmundo sabia jogar. Ele dominaria ela sempre muito facilmente se continuasse assim.

CRUEL PRINCE, Edmundo Pevensie  ⋅⋆⊱ As Crônicas de Nárnia.Where stories live. Discover now