Cap 1 - Presente ou ameaça

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O horário do almoço definitivamente é o pior. Meus pais parecem presos em um loop infinito, sempre voltando ao mesmo assunto: a faculdade. Sempre as mesmas perguntas, sem novidades.

— Dashiell, você já decidiu? - Meu pai me questiona.

— Eu não vou fazer faculdade, vocês sabem que eu queria cursar antropologia cultural. - Digo em um tom baixo enquanto mexo a comida com o garfo.

— Filho, mas... você sabe que isso não te dará futuro. - Minha mãe diz e segura a mão do meu pai. — Nós te amamos e te apoiamos, mas você precisa ter uma vida boa, talvez cursar medicina ou engenharia fosse a melhor opção.

— Vocês não ligam para o meu futuro ou para a minha felicidade, tudo o que importa é o dinheiro. - Suspiro fundo e levanto da cadeira. — Perdi a fome, valeu. - Sorrio fraco e ando em direção ao meu quarto.

Ao adentrar meu quarto, um odor pútrido permeia minha narina, me causando náusea. Seguro minha respiração e me apresso para abrir a janela, rapidamente liberto todo o ar de meu pulmão; olho para o lado da minha cama e vejo meu gato com algo em sua boca.

— Pugsley? - O chamo, minha respiração ainda ofegante.

Ele apenas rosna e se esconde debaixo da cama. Eu franzo o cenho, estranhando sua reação, pois ele costuma ser um gato dócil, provavelmente algo aconteceu, isso me despertou uma curiosidade. Me aproximei daquilo que ele estava tentando engolir e minhas dúvidas sobre o cheiro forte são esclarecidas ao ver uma carne que aparentava estar podre, sequer consegui distinguir de que animal era a carne.

Peguei uma sacola na gaveta do meu bidê e vesti uma luva plástica, com muita dificuldade peguei a carne, foi necessário engolir o vômito diante disso. Meus olhos arregalam imediatamente no instante que vejo um bilhete no meio dela; minha curiosidade fala mais alto que meu nojo, então retiro o papel dali e meu coração erra as batidas ao ler uma frase clichê, porém isso me causou calafrios. A frase era a seguinte: “Você é diferente, Dashiell”.

Me assusta saber que eu era o destino. Aliás, existem poucos garotos com meu nome na minha cidade, obviamente não foi um engano. Quem seria psicopata no nível de mandar uma carne crua e podre para alguém? Possivelmente alguém distante, até onde eu sei, todos que eu conheço são normais demais, especialmente em comparação a mim, sempre me vêem como o "maluco dos fantasmas", esse apelido surgiu pelo fato de que todos ao meu redor são católicos ou evangélicos, enquanto eu não me encaixo em nenhuma religião, apenas sou obcecado por pesquisas paranormais.

Expilo o ar e amasso o papel, deixando-o em cima da minha escrivaninha. Após jogar a carne no lixo ao lado da minha casa, meus vizinhos me olham com desdém. Pareciam querer desaprovar algo em mim, talvez minha vestimenta ou minha face naturalmente cansada, apenas espero que eles não tenham pensado que fui eu quem matou o pobre animal.

Sussurros são audíveis ao meu redor, deixando-me apreensivo. Minhas paranóias me levam a outro lugar, minha mente fica vagando e eu penso na possibilidade de cada pensamento.

Meu pai repentinamente surge ao meu lado, fazendo com que eu estremeça meu corpo inteiro, minha expressão de cansaço muda rapidamente para uma expressão confusa.

— Pai, você não ia trabalhar agora? - Titubeei, secando o suor das minhas mãos em minha calça.

— O chefe me deu folga, então ia te chamar para nós irmos para a igreja com a sua mãe.

— O senhor sabe que todos lá me tratam com desgosto, eu não me sinto confortável naquele lugar... - Abaixo meu tom, ficando cabisbaixo.

— Mas você precisa ir, está vidrado demais nessas coisas ruins, a igreja vai te ajudar a encontrar o melhor caminho. - Disse, rispidamente.

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⏰ Última atualização: Apr 22 ⏰

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