Capítulo 11

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Quando disse que gostava de perigo, não estava brincando. Eu realmente gosto! Gosto de sentir a adrenalina e saber que eu estou vivo, não sei se pelo fato de prever mortes ou sei lá. Não sei se porque eu já estive cara a cara com ela algumas vezes, assim como eu provavelmente me encontro agora.

A verdade é que eu gostava de testá-la, gostava de experimentar mudar o curso das coisas. Podia sentir que eu ia morrer, mas se eu saísse vivo, mesmo que machucado, era uma vitória. Porque era como se eu tivesse enganando a morte, como se eu tivesse passado por cima dela com toda a minha força de vontade.

O mar realmente estava agitado, e ficou ainda mais quando o tempo ficou tão escuro quanto um breu. Stiles logo saiu da água me chamando para ir junto, mas eu não quis, disse a ele que iria ficar. Que eu estava esperando a onda certa, e eu já sabia que ela viria, eu sentia ela vindo.

Desde então eu estou parado no meio da grande imensidão azul, posso ver meus amigos na praia como pequenos pontinhos. Consigo perceber Scott, Stiles e Lydia me olhando, e tenho certeza que tem preocupação estampada em seus rostos.

E logo o momento chegou, eu estava certo, o cheiro de sal em excesso que eu senti vindo junto com o vento em direção ao meu rosto. A ventania forte o bastante para forçar as árvores para trás, o céu escurecendo e a água uma vez tão azul ficando cinza com o reflexo das nuvens.

Eu já podia ver, a onda quilométrica vindo em minha direção. Ela vinha rapidamente, talvez tivesse alguns poucos minutos até ela chegar em mim, eu estava a alguns bons metros longe da costa e ela já estava grande o bastante. Eu diria uns três ou quatro metros, esse era o tipo de onda que acertaria em cheio o acampamento, acertaria se os meninos não tivessem recolhido tudo a um tempinho atrás.

Na verdade, tenho quase certeza de que eles estavam apenas me esperando para que nós fôssemos embora. Bom, já que é assim, vamos lá agilizar esse processo. Comecei a remar em direção a onda, o vento forte misturado com o sal fizeram minha espinha gelar, quando essa onda chegasse a praia estaria no mínimo com uns seis metros de altura e se eu saísse dessa vivo com toda certeza iria valer a pena.

Me equilibrei para ficar em pé na prancha, e logo entrei nela. Eu surfava aquela onda tão selvagem de um forma leve, que não parecia que estava correndo um grande perigo fazendo isso. O tubo começou a se fechar e tapar a minha visão da praia, bom... de duas uma, ou eu iria sair desse tubo a tempo de não me quebrar na praia, ou a rebentação iria me arremessar longe.

Mesmo com o barulho estrondoso do mar e dos trovões que agora começavam a se fazer presentes, com a minha audição aguçada escutava assobios e palmas dos meus amigos. Provavelmente admirados ou algo do tipo, mal eles sabem que estou fazendo isso porque senti minha morte se aproximando e se eu não o fizesse... certamente teria uma morte lenta e dolorosa.

Porém, mais uma vez eu consegui. Enganei a desgraçada e saí do tubo a tempo de cair antes da praia, e como eu pensei ela acertou em cheio o lugar onde o acampamento estava. Eu subi novamente na prancha e nadei até estar na areia, Stiles e Lydia me olhavam como se eu fosse um super herói e logo vieram me ajudar com a prancha me soltando inúmeros elogios.

Assim como os nossos amigos fizeram, pelo menos quase todos fizeram. Scott me olhava com uma cara nada boa, eu diria que quase próxima às expressões que Derek fazia, me aproximei dele e sorri. Sorriso esse que não foi correspondido da maneira que eu esperava, mas não iria questionar isso agora, nós voltaríamos juntos então teria tempo para falar sobre.

Peguei uma toalha e comecei a me secar, e como eu imaginava eles realmente estavam me esperando, logo que comecei a me secar eles já foram se direcionando aos carros. Dividos da mesma forma em que vieram, eu e Scott éramos os últimos na areia. Peguei outra toalha e coloquei no banco do seu carro para não molhar, eu facilmente tiraria minha roupa ali na frente dele e vestiria outra... mas preferi não.

Entrei no carro e nós seguimos o caminho, iríamos até a mansão para pegar minha moto, eu e Lydia vamos pra casa. Para que eu possa ficar um pouco com nossa mãe, mas algo me incomodava agora, o fato de Scott estar tão calado ao meu lado. Ele não disse nada desde que eu voltei do mar, será que eu fiz algo de errado? Mas a última vez que nos falamos foi quando ele passou protetor em mim e estava tudo bem, certo?

Chega, cansei. Vou quebrar esse silêncio e descobrir o que tá acontecendo.

- Scott? - eu disse ansioso pela resposta que ele me daria.

- Esse é o meu nome. - Ele repetiu o que eu disse pra ele antes de virmos pra casa, quando o mesmo chamou minha atenção no chão do quarto dele.

- O que você tem? Porque tão calado?

- Não tenho nada, só estou cansado. Apenas...

- Tem certeza? Você parece estar com a mesma expressão de antes.

- De antes?

- Sim, da nossa conversa no seu quarto sabe? - Eu disse estranhando sua reação - Tem certeza que está tudo bem? - Perguntei de novo pra ter certeza, e a resposta me surpreendeu.

- Porque fez aquilo? - e de repente um leve tom irritado surgiu em sua voz.

- Aquilo o que? - Eu provavelmente já sei do que se trata.

- Porque esperou aquela onda? No meio de uma possível tempestade de raios, não sei se uma onda gigantesca no meio de uma tempestade é um típico exemplo de diversão sabe? - Ele perguntou esperando uma resposta sincera percebi pela sua expressão.

- Scott...

- Não quero te obrigar a falar, você responde se quiser. Só que eu fiquei preocupado, não só eu, mas todos nós ficamos.

- Eu sei, eu percebi.

- Não quero que me entenda mal, não quero que pense que quero te controlar só porque nós nos beijamos duas ou três vezes.

- Relaxa Scott, eu entendi. Não pensei nada disso, não se preocupe - Eu disse tentando soar reconfortante.

- Eu não sou esse tipo de cara, só que me preocupo porque... - Ele deu uma boa pausa no que falava, eu achei que ele ia engolir o resto da frase mas eu queria saber.

- Porque??

- Porque você não pode simplesmente chegar assim, com os seus olhos claros e cabelos ruivos. Esse seu jeito fofo e marrento ao mesmo tempo, com essas sardas tão lindas espalhadas pelo seu rosto, mexer com meu coração e com minha cabeça. Me beijar e fazer eu ter pensamentos diversos com você, pra do nada resolver se matar numa onda ou sumir das nossas vidas. - Ele continuou tudo em uma respiração só, o que me assustou um pouco.

Eu fiquei completamente sem palavras, não sabia o que e eu acho que ele percebeu já que ficou vermelho parecendo um tomate. De repente ele começou a acelerar o carro e passar dos nossos amigos que estavam na nossa frente.

- Scott, eu sei que ando de moto e acabei de sair de um tubo de seis metros. Mas eu não gosto quando carros estão em alta velocidade, a não ser que seja extremamente necessário. - Ele percebeu meu nervosismo e imediatamente foi diminuindo a velocidade, o bastante para Theo e Derek ultrapassarem a gente novamente.

- Desculpa Nick, não foi minha intenção te assustar. - Ele parecia ansioso.

- Olha, eu entendo o que você tá sentindo ok? E eu vou te explicar o porquê eu quis pegar aquela onda, sei que não foi algo que qualquer pessoa que não fosse profissional ou tivesse um pingo de amor a vida faria. - Eu disse em tom de riso.

- Não precisa falar se não quiser, desculpa ter soltado tudo isso de uma vez. Eu acho que exagerei.

- Tá tudo bem Mascott, você precisa mesmo entender mais algumas coisas sobre mim.

Ele me deu uma leve olhada e voltou a estrada, eu tinha evitado falar sobre os meus poderes até certo ponto, mas acho que tá na hora de falar mais sobre mim para ele. Sei que ele faria o mesmo, e bom... Se vamos nos envolver, nós precisamos saber sobre essas coisas.

PACK- Até Depois Do FimWhere stories live. Discover now