capítulo 5 ✿

30 13 0
                                    

_ Então era aqui que você queria me trazer? - O rapaz pergunta rindo enquanto olha para a fachada do local, desacreditado onde estamos agora.

Uma lavanderia.

_ Mas é claro. Onde pensou que seria? Um cinema, um shopping?

_Pode ter certeza. Eu pensei em tudo menos em uma lavanderia.

Eu tenho máquina de lavar em casa, mas de uns tempos para cá, a mesma começou a apresentar defeitos enquanto fazia um barulho estranho quando começava a centrifugar. E digamos que eu fiquei com medo e nunca mais toquei nela novamente.

Entramos no local e sinto o ar-condicionado me refrescar do calor imenso que está na rua.

_ Venha, pegue um destes cestos e apanhe os lençóis para mim dentro da máquina D.

_ E por que a senhorita não pode pegar? Não estou acreditando até agora que me trouxe aqui para pegar lençóis. - ele diz emburrado e pega os lençóis de dentro da máquina, sacudindo os panos e os colocando dentro do cesto perto de seus pés.

_ Eu não estava afim de carregar eles até em casa. E, nada mais justo que você me ajudar, não é mesmo? Além do mais, eu lhe comprei um cheesecake, não se esqueça.

_ Não se preocupa, senhorita teimosia. O seu humilde servo está aqui para lhe servir. - Ele faz uma reverência e vejo umas mulheres rindo de canto enquanto olha essa cena patética.

Na verdade, há um motivo para eu o ter trago aqui. E o motivo, é Eliezer. Ele trabalha logo a frente em uma imobiliária como estagiário, e eu não queria ter que encontrá-lo depois do que aconteceu a dois dias. Achei melhor trazer essa branca de neve comigo ao invés de vir sozinha para cá. Pelo menos assim eu consigo esquecer por um momento que estou tão perto do meu ex-namorado.

Acho que fiquei com medo de que caso Eliezer me visse, ele pudesse me machucar como da última vez...

_ Mocinha? - Sinto um afago em meu ombro e me viro assustada, vendo se tratar de uma senhora de cabelos de algodão. _ Aquele rapaz é seu namorado? Porque se for, minha filha, ele está dando mole para todas as moças daqui de dentro.

Me viro de relance e o vejo conversar com Fátima, a dona desta lavanderia. Ela é conhecida pelo bairro por trair o marido sempre que tem oportunidade, mas o homem é tão cego de amores por ela que prefere não acreditar nas verdades diante de seu nariz.

Vou até o rapaz chegando por trás e escuto a conversa dos dois. A mulher está quase se jogando em seus braços. Ai que horror, Meu Deus!

Coloco uma de minhas mão nos ombros de Miguel e o mesmo me olha, e percebo o desespero em seu olhar quando me vê.

_ Viu? Eu te falei que tenho namorada! Olha ela aqui! Não é, meu amor? - Ele se levanta depressa e me agarra de lado. O que ele pensa que está fazendo?

Ele me aperta como se tivesse pedindo socorro e eu tento deter meu riso para que não saia.

_ Mas é claro que sim, Meu bem. Como vai, Senhora Fátima? E o seu marido? - A mulher que é pálida igual a um cadáver, logo se transforma em um tomate de tão vermelha que fica. Ela solta um "com licença" baixinho e sai com o rabo entre as pernas para dentro de seu escritório ao lado.

O rapaz ao meu lado me aperta pelos ombros e solta o ar que estava preso em seus pulmões.

_ Aquela mulher. Ela é estranha. Acredita que ela estava me chamando para sair com ela? Ai credo.

_ Eu acredito. Mas você sabia que ela trai o marido sempre que pode? E só para acrescentar, uma velhinha foi ao meu encontro a uns minutos e me disse que era VOCÊ quem estava dando em cima não só dessa mulher que saiu, mas como das outras também. - Ele me olha como se eu tivesse o ofendido e coloca a mão sobre o peito.

VIVERWhere stories live. Discover now