Capítulo 3 ✿

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Ando com receio até a figura masculina em minha frente, que instantaneamente, ergue a cabeça em minha direção e me lança um sorriso simpático enquanto balança alto os braços. Cada vez mais que vou chegando perto, mais vou percebendo quanto brilho ele possui.

Um brilho de felicidade.

_ Não acredito que você é a menina que esbarei mais cedo! - Ele fala colocando a mão na cabeça parecendo surpreso. _ Será que é o destino nos unindo? Hum? - Ele arqueia as sobrancelhas sorrindo ladino.

Passo ao seu lado sem lhe dar confiança e procuro as chaves com dificuldade em minha pequena bolsa.

_ Que merda! Será que a perdi?

_ Está falando dessa aqui? - Ouço o estalar de minhas chaves e o olho confusa. _ Quando trombamos ela deve ter caído, e estranhamente, eu a achei grudada em minha blusa. - O olho abismada e pego o objeto de suas mãos.

_ Como uma coisinha leve se agarrou a você? Enfim. Obrigada por guardá-la. Mas por que está aqui?

_ Ah! Que cabeça a minha. Meu nome é Miguel Souza. Vim a sua procura em chamado do hospital a qual você está cadastrada para o tratamento contra a doença que não faço ideia do nome. _ Ele diz desengonçado enquanto me mostra seu crachá. Era só o que me faltava!

_ Entendi. Já pode dar meia volta e ir embora então e leve minha resposta. Diga-os que no momento estou ocupada e não tenho com quem deixar minha mãe por problemas a minha saúde e...

_ Miguel? - Ouço a voz de meu tio atrás de mim e o vejo com várias sacolas, e logo o homem que estava ao meu lado, vai até ele pegando algumas sacolas. _ O que está fazendo aqui?

_ Como vai, Edson? Eu vim atrás dessa moça teimosa.

_ Minha sobrinha, é? - Ele me olha estranho e começa a andar para dentro de casa, logo no momento que consigo abrir o portão. _ Pois então entre e nos faça companhia. Estou vendo que Marcos mandou comprar novamente o famoso bolo de morangos. Coma um pedaço conosco enquanto conversa com May.

Antes que eu consiga pestanejar, o rapaz passa ao meu lado depressa me deixando olhando incrédula para o nada.

Estou sentada na mesa com o semblante sério enquanto escuto o meu tio falar do dia dele e um rapaz esfomeado que já está na quarta fatia de bolo. Como pode ele conseguir comer tanto assim?

De vez ou outra eu o peguei olhando para mim, mas desviei o quanto pude. Não consigo mais ouvir uma ofensa sequer no dia de hoje. Acho que já escutei o bastante. Vejo meu tio se levantar da mesa resmungando e virando em um só gole o restante de seu café.

_ A conversa está boa, mas acho melhor eu me retirar agora. Tenho certeza de que possuem muito o que conversarem enquanto dou uma volta pelo quarteirão. E May - Ele anda até meu lado e coloca sua mão em meu ombro. _ Seja paciente e escute mesmo que não queira. Está bem? - Ele diz e logo sai da cozinha, nos deixando a sós.

Eu que até o momento estava de cabeça baixa ergo o olhar, observando uma cena ridícula. O rapaz está com o rosto coberto de chantili. Ele é igual uma criança.

Uma criança bem grande.

_ Aceita um guardanapo? Daqui a pouco vai estar cheio de formigas por causa de tanto doce. - Me levanto indo até a gaveta e pegando um guardanapo, logo o entregando que passa em seu rosto enquanto sorri.

_ Me desculpe o mal jeito. Mas quando se trata de tudo que é relacionado a morango, eu realmente não consigo ter controles de minhas ações.

Me sento achando graça e ele olha fixamente para mim.

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