C A P Í T U L O 14

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Dandara espiou.

Já era dia e ela sabia porque a paisagem já estava banhado com seus raios de luz. Dandara ficava intrigada com a presença de tanta luminosidade naquele ambiente subterrâneo que normalmente seria escuro. No entanto, sua prioridade não é desvendar esse enigma naquele momento.

Pois, por agora, sua atenção era outra.

O incessante alvoroço dos grunhidos animalescos que haviam ecoado por horas finalmente havia cessado, dando lugar a um tranquilo coro de pássaros entoando melodias alegres. Sob a sensação de tranquilidade, ela vagou o olhar para os arredores do covil e da cachoeira.

Não demorou até que o visse…

Ele repousava sobre uma rocha próxima à entrada, envolto pela suave névoa da cachoeira. Os raios de luz banhavam seu corpo, revelando a figura negra e serena enquanto dormia.

Dormia?!

Dandara deu um passo mais à frente apenas para ter essa confirmação. Porém, foi denunciada pelos sentidos apurados. O que antes aparentava estar alheio à presença da humana, girou suas orelhas, ergueu a cabeça e fixou seu olhar penetrante diretamente em sua direção.

Sentindo o coração acelerar, Dandara se encolheu para dentro do covil com desejo de se tornar invisível aos olhos da criatura. Ela segurou a respiração, temendo que qualquer movimento brusco pudesse revelar sua localização como se ele já não soubesse que ela está ali. A coisa, no entanto, parecia entediado e bocejou antes de procurar uma posição mais confortável para descansar novamente.

*

Ele está de guarda!

Era a terceira vez que Dandara ousava espiar para verificar o paradeiro do… do… do que parecia ser um lobisomem. Cada movimento dela era cuidadoso, cada respiração silenciada, com a esperança de não perturbar o sono tranquilo da criatura.

Porém, a cada passo hesitante, cada ruído inadvertido, as orelhas atentas do animal se erguiam, alertando-o para a presença de Dandara. De novo! Seus olhos se abriam de repente, fixando-se diretamente nos dela, como se a repreendesse por desafiar sua vigilância.

Mais do que repreender, ele a encarava como se a desafiasse a tentar escapar.

Dessa vez, ele não ia apenas brincar de pega-pega pela floresta. Não depois de provar que, se quisesse realmente, já a teria matado.

Então por que não mata? O que ele quer?

Porém, quando Dandara não recuou imediatamente, ele se irritou. Foi então que um rosnado ameaçador ecoou da garganta da criatura, ecoando na paisagem. Tudo ficou em silêncio mortal. Era um aviso claro de que ele não toleraria mais suas investidas.

Dandara se apressou em buscar refúgio na segurança do covil. Cômico!

Ele é um guardião feroz de um lugar desconhecido e está sempre atento. Toda vez que ela tenta fugir, ele fica ainda mais determinado em proteger o local. Isso a deixa apavorada.

No entanto, o instinto de sobrevivência falava mais alto. Dandara sabia que, em algum momento, teria que enfrentar novamente o desafio de escapar das garras do… do… lobisomem. Mas, por ora, ela se abrigava na escuridão da caverna, preparando-se mentalmente para o que seja lá o que for que está por vir.

*

Dandara permanecia sentada no chão frio. Seus olhos cansados não encontravam o descanso merecido. Além da fome intensa revirando seu estômago, a desconfiança pairava no ar, tornando cada som um motivo para ficar alerta.

Mas tudo estava quieto… a mais de três horas.

Ela… só estava lá. Sozinha.

Reflexiva.

ACASALAMENTO: Lua Cheiaحيث تعيش القصص. اكتشف الآن