C A P Í T U L O 05

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     Vermelho

     Vermelho como o sangue.

     Sangue demoníaco.

     E estava ali.

     O diabo.

     Uma fera negra, como a sombra sem luz e as trevas sem esperança. Nada ofusca o breu de sua pelagem. Nada exceto uma coisa tão malefício quanto sua presença. Eram as janelas de sua alma: os olhos sangrentos.

      O demônio veio visitá-lo em sua forma obscura de lobo.

     A imagem da estátua. Paralisado e firme nos rochedos acima do nível da água. Um lobo, mas inclinado para o abate como se fosse um felino. Ele é a presa.

     Então neblina quente deixa o nariz da fera. A pupila daqueles olhos sanguinários centraliza seu alvo. As orelhas se elevam ainda mais para cima da cabeça e não havia para onde correr.

    Apenas o continente.

    Casa dele.

     O lobo inclina e exibie dentes tão vermelhos quanto seus olhos. Saliva sangrenta escorrega pelos caninos. Ele iria atacar e o levaria para as profundezas do inferno.

    Atrás, o céu se fecha e a água agora era lava latente como os fluidos de um vulcão. O navio se incendiou e não havia mais para onde correr.

     Alexandre grunhe e finalmente abre os olhos. A embarcação balança suavemente de um lado ao outro e sua pele se derretia em suor. Mas não havia fogo. Não havia olhos vermelhos. Só havia Dandara.

     Ela dormia encolhida contra a parede. A cama não era grande e Alexandre dominava a maior parte do espaço. Sua amante, no entanto, não se importa já que tinha o costume de abraçar o navio e sentir seu movimento. Dandara dizia que parecia estar num gostoso balanço à beira-mar. Isso deve explicar porque uma de suas mãos está espalmada na parede.

     Enquanto ele despertava de um pesadelo, ela estava inerte em sonhos.

     Alexandre se esqueceu rapidamente daquele lobo — e o maldito símbolo da meia lua sangrenta — quando observou a nudez da escrava. Havia pouca luminosidade no ambiente, mas ele conseguia reparar no brilho da pele negra oscilando ao suor. Suas nádegas estavam apontadas em sua direção e as costas marcadas pelas cicatrizes do chicote também dava vislumbres da costela.

    Dandara o desobedeceu ao sair de seus aposentos quando lhe foi ordenado ficar. Por um momento, ele pensou tê-la perdido. E então, quase a perdeu.

     Ela acusou Santiago de persegui-la. Que ele invadiu o quarto em sua ausência e tentou tomar seu corpo contra sua vontade. Por isso correu.

     Aquele corpo feminino… Dandara é a mais limpa das escravas. Alexandre exige que ela retire os pelos das axilas, pernas e genitália, portanto, estava sempre lisinha para seu deleite. Tão deliciosa que uma parte dele quer acreditar nela e em sua inocência.

     Porém, as mulheres são ardilosas, traiçoeiras e não confiáveis. São o diabo de peitos, as quais, se não forem corretamente controladas com punhos fortes, serão a desgraça dos homens.

     Dandara seria sua desgraça.

     Ela o chama ao pecado. É uma demônia que o sucumbe à traição do voto sagrado de seu casamento e sua querida esposa, Jaqueline, que acaba de dar à luz ao seu primogênito. Seus olhos são como o canto da sereia, atraindo homens e homens aos seus pés.

     E mesmo dormindo, parecendo inocente, suas nádegas estavam apontadas para ele. As fendas de sua vagina estavam firmemente fechadas quando ele lhe tocou. Alexandre podia sentir os pelinhos querendo nascer e os pequenos traços de irritação da pele.

ACASALAMENTO: Lua CheiaWhere stories live. Discover now