C A P Í T U L O 04

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     Alexandre agarrou as bordas do navio e olhou para baixo. Para a água que agora era tão escura quanto o breu. A Corrente-Ciclone estava tão no fundo que seu brilho mal ajudava a distinguir o corpo feminino boiando ali.

     Dandara!

     Seu desespero aumenta.

     O chamado fica preso na garganta.

     Não!

     Então veio a incredulidade.

      Não pode ser!

      Alexandre deu as costas e desceu até o convés inferior em passadas pesadas. Ele correu para o interior do navio com um desespero barulhento, esbarrando em tudo que estava em seu caminho apenas para chegar aos seus aposentos privados. O Capitão escancarou a porta.

     Vazio.

     Dandara não estava mais lá como ele havia ordenado.

      Não, não, não!

     Ele retorna para onde estava no convés superior. O final do túnel se aproximava. Sobre a água estava a mulher.

     Negra.

     Não, não, não!

     Inconsciente.

     A luz lhe alcança.

     Estava pelada com seus lindos e redondos seios totalmente à vista. A parte inferior do corpo permanece oculta sobre a água de tão escura que é.

     O túnel chega ao fim e o navio encontra uma baía espaçosa com apenas um caminho a se seguir.

     E ela continuou lá.

     Era a coisa mais linda que ele já havia visto na vida. E Dandara nunca foi a coisa mais linda que ele já viu na vida.

      Aquela não é Dandara… A esposa do Capitão deixada no continente era duas vezes mais bonita que sua amante mesmo após ter acabado de dar a luz.

     Mas aquela mulher… com seus contornos precisamente femininos. Com cada cor e detalhe fazendo-a parecer uma deusa ou, talvez, uma miragem. Deus, isso não é real! Não podia ser.

     Ela abriu lentamente seus olhos como se estivesse acordando de um sono. Piscou suas pestanas e encarou os homens do navio com curiosidade e doçura.

     Deus!

     Seus olhos eram tão grandes e brilhantes quanto os de Dandara. No entanto, enquanto a escrava tinha íris que lembrava o céu noturno estrelado, aquela mulher lembrava o amanhecer azulado quando a última e mais brilhante das estrelas estava prestes a se apagar.

     E quando sorriu…

     Ninguém tinha palavras.

      Alguma coisa estava errada. Alexandre sabia. Mas então ela começou a assobiar como um pássaro despreocupado numa manhã de primavera. E uma melodia saiu de sua garganta. Uma música sem letra como a melhor das cantoras preparando-se para o espetáculo.

     Mais navios saíram do túnel escuro e com eles, mais mulheres mostraram seu rosto na água. Eram elas brancas, pardas e negras com olhos azulados e longos cabelos negros como a água em que estavam.

     Juntas, fizerem um delicado couro com uma complementando a voz da outra. Era uma orquestra gostosa e hipnotizante. E também, atraente.

     Excitante!

ACASALAMENTO: Lua CheiaWhere stories live. Discover now