C A P Í T U L O 06

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     Vida.

     Vivido.

     Estava amanhecendo. O céu encontrava-se em cores magníficas de rosa, lilás e azul. As estrelas faiscavam para além das nuvens. Uma mancha azulada mesclado de roxo cortava a atmosfera. Um brilho irreal dançava de lá a cá ao movimento das águas do mar.

     Mas ali, diante deles, algo completamente novo se erguia. É absoluto, moldado pelo tempo e descomunal. O fim de uma jornada. Um novo mundo. 

     O controle do navio foi lentamente devolvido aos pilotos.

     Mais e mais próximo eles ficavam.

     Maior aquilo parecia.

     Uma terra trevosa e imponente.

     Maior e maior.

     Viva. Era a primeira coisa a se notar. Terra viva contra a qual as ondas se quebravam.

     Maior e maior.

     Quanto mais próximo, mais a frota parecia com barquinhos feios. Pois, diante deles, poderosas escarpas negras se revelavam.

     "Tum

     Poderoso é quando o mar se choca contra os rochedos implacáveis do litoral. O impacto tão forte que a água ganha brilho espumante antes de mesclar ao negro absoluto.

     ""

     Poderoso é o som de terra viva! É frenético e com precisão, sonoro como um trovão.

     "Tum

     Poderoso é o brilho azulado da Corrente-Ciclone se apagando lentamente com a chegada do amanhecer. Sua espuma se mescla com a agitação natural do mar moderado. Para onde ela não brilha, a água continuava negra. Tão absoluta, que refletia o céu, as estrelas, as luas e todos os detalhes como um espelho.

     "Tum-tá"

      As ondas continuavam a se formar.

     "Tum-tá"

      E se partiam.

     "Tum-tá"

     Poderoso é o coração daquele mundo!

     Um mundo tão rico, tão vasto e único. Quem diria que algo assim existia? Que descoberta! Que descoberta!

     Então, eles finalmente vêem.

     Entalhado nas escarpas com perfeição de detalhes. Inclinado, orelhas erguidas e penetrantes olhos — com lascas de rubis e desconhecidos cristais — vermelhos. Centrado, sério, guardando uma passagem escura entre as patas de felino e garras curvadas.

     O lobo.

     Aquele que assombra os pesadelos de Alexandre. O capitão quase pode vê-lo se mover e fixar aquele olhar demoníaco em seu navio. Nele.

     Aquela era sua terra.

     A reino do lobo negro de olhos vermelhos.

     O estalar das ondas lhe tira a concentração. Francisco está agora ao seu lado, não tão impecável quanto costumava ser. Suas roupas molhadas de suor, o peito sendo visível pelos botões abertos de sua camisa e o vento insistindo em querer tirar seus fios de cabelo do laço que o prende atrás da nuca.

ACASALAMENTO: Lua CheiaWhere stories live. Discover now