C A P Í T U L O 11

Start from the beginning
                                    

O tronco ficou particularmente apertado aos seus pés. A parte superior da madeira se apertando, se quebrando… Um frenesi se iniciou. Dandara juntou todas as forças em seus braços e se arrastou para a luz no fim do túnel.

Tudo desmorona em suas costas. Poeira e insetos caem sobre seu corpo nu, e a serpente prova ser tão rápida quanto ela ao fugir. Os estalos se transformam em estrondos, e a madeira em suas nádegas começa a esmagá-la.

Dandara passa, mas a madeira em sua cintura se aperta... e a saída está tão perto. Tão próxima…

Esmagada é uma forma boa de morrer? Ela crava as unhas na madeira e se joga para frente. Não! Esmagada lentamente é péssimo!

A cobra esmagou, esmagou e esmagou.

Dandara pula para fora, rola na grama e corre. E então, um bote é dado.

A serpente salta no ar, sua boca se abre de forma medonha e captura sua presa…

Pelo calcanhar.

Os pulmões da escrava se enchem rapidamente de ar, e sua boca se abre tanto que os lábios doem quando um grito ensurdecedor escapa. Agudo, intenso e sonoro. Os pássaros próximos levantam voo e as cristas da serpente se remexem em resposta.

Toda a floresta deve ter ouvido... até mesmo Alexandre. Por um segundo, a serpente fica imóvel. Paralisada.

O silêncio é quebrado quando, da mata, um rugido soa grosso e feroz.

É tudo o que Dandara precisa para chutar a cabeça da serpente e se puxar para longe, mesmo que isso signifique deixar um de seus pés para trás. Não foi necessário tal drástica medida. O aperto da criatura já estava frouxo, mas a força que a escrava usou a fez derrapar colina abaixo.

A serpente não a segue.

Outra coisa vinha em sua direção.

Dandara rola, rola e então cai em um barranco rochoso.

Tudo se apaga. De novo…

Por um instante, toda a luz e o sol desaparecem. O chão se torna uma fonte de conforto. As folhas, as flores e a grama são tão convidativos como as escassas camas que Dandara já conheceu. Seus músculos estão exaustos... e seus olhos pesados. No entanto, uma dor latejante se espalha por seu corpo gradualmente à medida que ela abre os olhos.

A luz nunca queimou suas órbitas com tanta intensidade. Seu crânio pesa como uma pedra amarrada a um corpo feito apenas de penugem. Ela suspira... e seu peito dói. Ao tentar mover os braços, seus ossos protestam contra o mínimo movimento.

Levante-se! Sussurra para si mesma, mas seu corpo não obedece.

Seus ouvidos também parecem falhar. Entre chiados, uivos e sons desconhecidos, Dandara pressente a aproximação da serpente. Seria a terceira? Ou a mesma?

E lá está ela... enroscada em uma árvore, descendo lentamente o barranco. Sem pressa, calma e confiante na letargia de sua presa.

Levante-se! Fique de pé. Corra!

No entanto, Dandara permanece imóvel. Seu calcanhar dói intensamente... Provavelmente quebrou todos os ossos na queda. É um milagre — ou talvez uma maldição — que sua cabeça não tenha sido esmagada contra o chão. Seria uma morte indolor. Em paz. A serpente apenas se aproximaria para engolir sua insignificante carcaça.

Mas a vida e o destino são cruéis. Em vez do peso esmagador que acabaria com tudo, Dandara está viva, e a serpente se aproxima cada vez mais. Ela será engolida viva, talvez mastigada por aqueles dentes afiados. Será que morrerá sufocada no estômago da víbora?

ACASALAMENTO: Lua CheiaWhere stories live. Discover now