Até o Semestre Acabar

Capítulo 26

Hoje é o primeiro treinamento após toda confusão que teve na festa
de Halloween.

Estou ansioso, não vou mentir, mas ter deixado as coisas às claras com o treinador, me deu a tranquilidade que precisava.

Lembrar disso, faz tudo agitar dentro de mim.

Imaginei vários cenários quando estava em pé na frente da casa, mas mesmo estando otimista, ser acolhido da forma como fui… não estava entre eles.

Até aula sobre churrasco já tive.

— Bom dia, senhores! — Falando no homem, ele chega todo animado na academia, onde estamos todos fazendo nossa rotina de musculação e exercícios antes de ir para o campo, ensaiar algumas jogadas.

— Bom dia!! — gritamos.

Aproveito o momento para tomar um gole de água e secar o suor que escorre pela minha testa.

Desde que cheguei, estou totalmente focado, evitando olhar para o lado para encontrar olhares curiosos, ou ver a cara feia do Jones, que teve uma melhoria, a dizer pelo roxo que agora faz parte do seu visual.

Não nos falamos ainda e nem pretendo.

Melhor deixar a poeira baixar.

— Algo que queira compartilhar conosco, Jones? — o treinador
pergunta diretamente para Patrick, olhando com curiosidade na sua direção.

—Não, senhor, tudo ótimo — cospe, sem olhar na minha direção.

Melhor assim, otário.

O treinador sabe o que aconteceu.
Não havia por que esconder.

Contamos tudo, exceto a parte que
envolve eu e sua filha rolando nos meus lençóis, ela abertinha na minha
cama… caralho, não vá por aí.

Explicar um pau duro agora seria complicado.

Ele agradeceu termos compartilhado a situação com o quarterback
reserva e falou para não nos preocuparmos, apenas me lembrou para cuidar da minha mão e que não vale a pena correr o risco de me machucar.

Brinquei que o Jones levou a pior e ele está constatando isso agora.

— Bem, alguém tem algo a dizer? Vamos, senhores! Como foi o fim de semana de vocês, espero que melhor do que o do Patrick. — Puta merda, o cara sabe alfinetar.

Todos riem e o clima fica leve.

— Já que ninguém quer se manifestar, vou falar sobre o meu — começa e prendo a respiração. — Posso afirmar que ele foi, no mínimo, revelador — continua, andando entre nós, enquanto fala. — Imaginem minha surpresa, ao descobrir que minha filha está, qual o termo que vocês
jovens usam… — Pausa e fica uns segundos pensando.

Dylan, Matt e Will estão nos aparelhos próximos de mim, e me olham, preocupados.

Quero dizer para relaxarem, mas deixo os putos na expectativa.

Não contei que já falei com o sr. Adams.

— Lembrei — o treinador continua — “se vendo” ou “curtindo”, com ninguém menos que o sr. Miller aqui.

Todos os olhares estão em mim.

Todos!

— Vou dizer aqui, o que disse a ele, e peço que prestem atenção em cada palavra, pois não vou repetir.

Puta merda.

— Aqui eu sou apenas o treinador Adams e ele é o jogador nº 52, Miller, quarterback. Somos todos profissionais. O que cada um de vocês
faz fora daqui, não me interessa — sinaliza — desde que não seja ilegal e
não afete esta equipe.

Todos murmuram em concordância.

— Considerando que minha filha e o sr. Miller curtirem não é ilegal…ainda — frisa e todos riem — vou ter que aturar esta situação — exclama e as risadas aumentam. — Dito isso, nada de comentários sobre namoradas gostosas no vestiário, por favor — brinca e não tem quem permaneça sério, exceto o Jones. — Agora chega de conversinha e bora treinar, Warriors, que o Georgia Demons não está interessado na vida amorosa de ninguém.

Todos vibram e a energia é outra.

— Não acredito que você não nos contou isso, seu puto! — Matt soca meu ombro.

— Hey, cuidado, é meu braço de lançar — brinco.

— Caramba, J, por um instante achei que você estava fodido. — Dylan dá um tapinha na minha nuca.

— Cacete, será que vocês não conseguem falar sem me agredir? —
zoo e eles riem.

— Onde estaria a graça? — Matt dá de ombros, voltando para seu equipamento.

— Foi por isso que você e a Megs vazaram cedo no sábado? — Will sussurra ao meu lado e aceno confirmando. — Fico feliz que as coisas tenham se acertado. — Apoia a mão no meu ombro. — Esquece o Jones, ele está chateado por estar no banco e misturou as coisas, logo ele coloca a cabeça no lugar.

— Espero que sim, cara.

— Vai, sim! É só uma questão de tempo.

— E você? — questiono.

— O que tem eu?

— Nem falamos direito, a loira te deu muito trabalho?

O puto sorri.

— Isso é um sim? — Arqueio a sobrancelha.

— Isso é um não é da sua maldita conta.

— Caramba, todo cheio de segredinho — provoco. — Você sabe que ela provavelmente vai falar com a Megan e eu posso fazer com que a minha garota vaze algumas informações, é só dar o incentivo certo —brinco.

— Pago para ver. Duvido que a Loira vá querer falar sobre o que houve. — Sorri e, droga, fiquei curioso.

— Qual seu interesse na garota? — disparo, observando sua reação.

— Quem disse que estou interessado?

— Não sei, talvez o fato de você não tirar os olhos dela, ou ter ido ao seu socorro…

— Ei, não sou cego, ela é gostosa, atrevida, e inteligente — começa e só fico quieto, dando corda. — Vá se foder, só ajudei alguém que precisava.

— Claro, claro! Will, o bom samaritano.

— Você realmente está precisando se ocupar, Miller.

Caio na risada, saindo do equipamento e me preparando para iniciar outra rotina.

— Cuidado para não magoar a loira — advirto. — Não quero a minha garota triste e tal. Se você aprontar, respinga em mim.

— Sua garota, é? Já está assim, chamando de minha?

— Não enche, foi modo de falar. — Dou de ombros.

— Claro, claro! Josh, o grande mentiroso.

Ergo o dedo do meio e foco no aparelho à minha frente.

Wil não podia estar mais certo.

Sou um puta mentiroso.

Megan é minha garota, e não tem nada a ver com a forma de falar.

Ela é minha… pra valer.
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