C A P Í T U L O 09

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A mulher é magra, desnutrida e facilmente poderia passar por qualquer aperto mínimo. No entanto, aquela criatura é grande demais e ficou presa logo na primeira passagem.

Ela não olha para trás.

Com apenas feixes pálidos de luz filtrando através de fendas nas rochas, criando sombras dançantes iluminam o caminho de Dandara. Além disso, cogumelos bioluminescentes revelam o caminho. O eco dos seus próprios passos se mistura ao som abafado das goteiras pingando no chão irregular, aumentando o desespero que a acompanha.

O odor fétido de mofo e terra úmida enche o ar, tornando-o sufocante. Dandara sente a umidade se acumulando em suas roupas e cabelos, grudando em sua pele e aumentando o desconforto.

Algo está se aproximando.

Dandara ouve sons arrepiantes misturados com rosnados guturais. Cada vez mais aterrorizada, ela procura desesperadamente por uma saída.

Não há saída.

De onde veio a brisa?

Os seus pensamentos correm em um turbilhão de medo e adrenalina e a imagem da criatura começa a se formar em sua mente. O desenho de Francisco! Dandara sente um arrepio percorrer sua espinha com a lembrança daqueles dentões horrendos e garras diabólicas. Ela não pode acreditar que está vivendo um pesadelo tão terrível. O que fez para merecer isso? O que fez para merecer uma morte tão terrível?

Um vulto avança.

Alguma coisa agarra o tornozelo de Dandara, fazendo com que tropece em pedras soltas e raízes retorcidas, quase caindo na escuridão. Ela se recusa a desistir. Não dessa forma! A sobrevivência é o único pensamento que preenche sua mente, então ela chuta e luta para passar por outra passagem estreita. Alguma coisa rosna de frustração quando fica entalado... novamente.

Finalmente, Dandara avista uma fraca luminosidade adiante. Ela se esforça para correr mais rápido, ignorando a exaustão que toma conta de seu corpo. A esperança surge em seu peito, impulsionando-a a continuar lutando.

Sem saída.

A coisa usa de garras para se segurar e de força bruta para sair de onde estava preso. E tudo ficou em silêncio.

Um predador e uma presa.

Uma humana e uma besta.

Sozinhos.

Cegos.

A luz dos cogumelos não é forte o bastante…

Os sentidos de Dandara trabalhavam ao máximo. A cada corrente de ar, ela achava ser uma respiração. A cada som, um susto diferente.

Toc…

Toc…

Toc…

As goteiras faziam eco. Havia uma piscina em algum lugar… Poderia haver morcegos? Cobras? Estranhos animais peçonhentos?

Vermes?

Com certeza há uma criatura ali.

E estava atrás dela…

Caçando

Alguma coisa grande, negra, peluda… e assassina.

Alguma coisa com intensos e penetrantes olhos dourados.

Dandara soube porque eles estavam abertos lhe encarando… ao lado de um cogumelo bioluminescente.

Ela paralisou na esperança de que ele não estivesse lhe vendo. Dandara se silenciou totalmente com qualquer ilusão de que… Mas tudo não passou de ilusão. Aquilo conseguia ver perfeitamente bem no escuro.

ACASALAMENTO: Lua CheiaWhere stories live. Discover now