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(pra vcs matarem a saudade) 🫶🏽

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(pra vcs matarem a saudade) 🫶🏽

𝐏𝐈𝐋𝐀𝐑 𝐃𝐔𝐀𝐑𝐓𝐄
📍RIO DE JANEIRO, BRASIL
~ dia do julgamento.

Eu não sei como ou se é realmente possível... Mas ele sabe.

O bebê sabe que eu não pretendia ficar.

Por cerca de um minuto inteiro, ainda com a mão na barriga e com a do Gabriel por cima, tudo que consigo pensar é que ele sabe.

E isso me dói mais do que uma facada. Mais do que doeu escutar meus pais dizendo que eu não era mais bem vinda e mais do que escutar o Gabriel duvidando que o filho fosse dele.

Pensar que...

Pensar que o bebê sabe que vai ser abandonado pela própria mãe... Isso me consome, me deixa sem ar e me sufoca. Vai me matando aos poucos e...

Me sinto como eles. Como os meus pais. Gerando uma vida pra depois dizer que não é bem vinda. Mandar se virar.

Tentei segurar o choro durante a conversa toda, mas... Quando ele me chuta... Não consigo mais. Sou inundada por tantas coisas que só consigo chorar. Chorar. Chorar.

Vim pra ser o conforto de alguém e tô aqui, precisando ser confortada.

—Meu Deus. Calma, linda. Calma — Ele repete isso tantas vezes e porra... Literalmente me segura.

Do mesmo jeito que o segurei minutos atrás. A sensação é que ele pegou todo o meu mundo nos braços, agarrou e não quer soltar. Não enquanto eu não parar de chorar e estiver me sentindo melhor.

Mas não consigo. Não consigo parar de pensar que o bebê sabia. Meu filho sabia que eu queria ir embora. Meu filho. É meu. Não é só do Gabriel, é meu também. E eu passei dois meses inteiros repetindo pra mim mesma que não era nada, que era só uma barriga de aluguel, que o Gabriel seria um pai incrível, que eu não nasci pra ser mãe.

Mas...

Mas.

—Ele mexeu — Minha voz sai estrangulada. Dolorida.

—Eu sei. Ele mexeu — Ele repete — Ele mexeu, linda.

—Porque? Porque ele mexeu?

Não era exatamente isso que eu queria perguntar. É só... Porque ele só mexeu quando eu toquei? Porque esperou que eu fizesse isso?

—Porque você é a mãe dele, Pilar. Porque esse tempo inteiro ele só queria... Só queria que a mamãe dele tocasse nele também — Ele diz baixinho, afastando de mim o suficiente.

Continua escuro, mas nossos olhares se encontram. É pesado e quente de um jeito diferente, cheio de coisas que sequer consigo entender agora.

—Porque ele é tão meu quanto seu. É nosso, linda. Nosso menininho — Ele repete, segurando a mão que acabei de afastar da barriga e fazendo todo esse caminho de volta.

𝐐𝐔𝐄𝐑𝐈𝐃𝐎 𝐁𝐄𝐁𝐄 • 𝐆𝐀𝐁𝐈𝐆𝐎𝐋 (𝐏𝐀𝐔𝐒𝐀)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora