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𝐏𝐈𝐋𝐀𝐑 𝐃𝐔𝐀𝐑𝐓𝐄
📍RIO DE JANEIRO, BRASIL
~ ultrassonografia

Hoje a Tia Rose apareceu com uma mochila cheia de roupas. Ela disse que a vizinha esteve grávida há alguns meses e tinha batas e vestidos longos pra dar e vender, então doou alguns pra mim.

Eu gosto dela mais do que deveria, sei que não posso me apegar a ninguém desse lugar, que deveria não chegar tão perto, mas tô aqui... Deitada no colo dela no sofá da sala pensando que talvez essa seja a primeira vez em anos que alguém me faz um pouquinho de cafuné.

—Vai chamar ele pra ir na ultrassom? — Ela pergunta depois de um tempo em silêncio.

Não contei sobre o beijo outro dia, mas aquilo não sai da minha cabeça.

Sei que ele tava certo em dizer que não queria que a gente confundisse as coisas. Ele não acredita em mim, acha que tô tentando tirar algo dele e tá no direito de não querer confundir nada, mas... Também estou no direito de me sentir negada.

Porque num minuto ele me queria tanto e em outro tava tão longe de mim? Pensou na ex? Quase falou o nome dela? Só percebeu que eu sou eu? Me achou sei lá, repugnante?

Fechei os olhos com força.

Não vejo ele há dias. O que vi foram só vultos, amigos pra lá e pra cá pra quem nem fui apresentada. E sinceramente? Não me esforcei pra encontrá-lo. Parece mais fácil quando a gente simplesmente não se vê.

—Acha que eu deveria fazer isso, tia? Sei lá... Não foi tão legal da última vez — Apertei os lábios, lembrando da discussão que tivemos na clínica.

—O que eu acho é que... Ele ainda tá nessa de que não lembra, mas você tem tanta certeza que o filho é dele... Não quer que o pai do seu filho seja presente, Pilar? — Ela dá tapinhas na minha testa, que me faz rir.

—Tá bom. Vou chamar — Levantei — Ele tá... No quarto?

—Não sei, quer que eu vá procurar pra você? — Ela ameaça se levantar também.

—Não. Não, tia. Eu mesma vou.

Minhas mãos começam a suar enquanto subo os degraus da escada.

E se ele disser que não? Daí pelo menos vou saber que foi um erro mesmo, que não devia ter deixado ele chegar tão perto, ter me deixado levar pela tensão do momento e acabar daquele jeito.

Minha garganta fica seca enquanto eu dou batidinhas na porta. Começo a balançar o corpo sobre os calcanhares enquanto ninguém atende, tô quase indo embora quando ele, finalmente, abre.

—Oi.

Ele me encara em silêncio, percebe que tô usando uma roupa que provavelmente nunca viu. É um vestidinho de tubo, preto. Marca demais a barriguinha, me deixa meio incomodada, mas é melhor do que tá andando com as roupas dele pra cima e pra baixo, faz eu me sentir um pouco melhor e menos aproveitadora.

𝐐𝐔𝐄𝐑𝐈𝐃𝐎 𝐁𝐄𝐁𝐄 • 𝐆𝐀𝐁𝐈𝐆𝐎𝐋 (𝐏𝐀𝐔𝐒𝐀)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora