✩ | SIX -🎸

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NUNCA PENSEI QUE PODERIA OCUPAR TANTAS HORAS  pensando na menina que divide o quarto comigo — e talvez, apenas talvez, isso seja pela reação dela que me pegou completamente desprevenida ontem.

Desde que acordei de manhã, já fiquei com uma imensa vontade de voltar para cama e permanecer lá até pegar mofo. E, sendo sincera, a minha vontade de levantar e aturar o segundo dia coberto de enxurradas de comentários maldosos sobre mim era nula, mas minha consciência pesou porque eu sabia que não podia faltar aula.

Enquanto caminhava rumo a última aula do dia, a aula de Processos Musicais, alguns alunos me ignoravam, mas a grande maioria lançava uns olhares e saíam cochichando com seus amigos, o que me deixou claramente muito incomodada.

—— Meninas, vou me sentar com o Yeonjun ali, certo? ——falei para as japonesas que me acompanharam o dia todo, me dando um grande apoio emocional.

Me sentei ao lado do Choi, que já estava a par de tudo o que havia acontecido porque eu o havia mandado mensagem.

—— Tudo bem? ——fiz um sinal de mais ou menos para ele, que assentiu e compreendeu calmamente.

—— Ainda bem que essa é a última aula. ——falei, abrindo meu caderno e o colocando na mesa. —— Esses comentários estão se espalhando mais rápido que virose!

Yeonjun riu, descontraindo o clima e tornando-o um pouco mais leve.

—— Tive uma ideia, que tal irmos à biblioteca depois? Tenho um negócio pra te contar ——o Choi falou baixo, o que me deixou mais curiosa.

—— Já sei! Está namorando? ——indaguei e o garoto corou, perdendo toda a sua pose de bad boy.

—— Não! Mas bem que eu queria...

Fiquei surpresa com a resposta repentina. Então quer dizer que Choi Yeonjun está gostando de alguém?

—— É quem? ——perguntei, vendo-o corar mais ainda. —— É daqui da sala?

—— Deixa de ser interesseira, Jenjen, você vai descobrir depois!

—— Espero que você me conte, viu? ——olhei de esgueira para o garoto, que continuava com suas bochechas avermelhadas.

—— Bonjour, alunos! ——quis me debruçar sobre a mesa ao ouvir a voz monótona do Sr. Pierre Montreal, que passava a aula inteirinha falando francês (o que me obrigava a pedir à minha dupla que traduzisse boa parte das coisas que saía da boca daquele cara).

Os alunos responderam, com a mesma vontade que eu, e outros apenas continuavam a me olhar com a expressão de nojo evidente.

—— Se esses ridículos continuarem te olhando assim, eu vou me levantar e mandar todo mundo para a...——cobri a boca dele com a mão.

—— Não vai fazer diferença nenhuma, Jun ——dei de ombros, quase me rendendo a essa enxurrada de comentários que meus próprios colegas de classe faziam, mesmo sabendo que eu estou no cômodo junto a eles.

—— Esses bando de lixo, no mínimo estão com inveja que aqueles meninos chatos deram em cima de você ——falou, negando com a cabeça. —— Ou estão com inveja porque você é trilingue.

—— Mas...eu não falo francês.

—— Ah, é verdade... ——parou e pensou um pouco. —— Então eles só podem estar com inveja desse seu loiro natural mesmo.

Dei um tapa em seu braço.

—— Ridículo ——falei, mas ri pela maneira em que o Choi de cabelos pretos conseguia amenizar todo o clima pesado.

✩ | 𝓒oexistir; purinz.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora