✩ | TWO - 🎸

100 15 10
                                    

SEMPRE ODIEI QUANDO as coisas saem do meu controle ou quando algo que não planejei acaba por acontecer simplesmente por que o destino quer. Mas, com o tempo, aprendi a lidar com isso de pouquinho a pouquinho. O vôo para Paris atrasou a acabei por não conseguir fazer as coisas que tinha planejado para a última manhã livre antes do ano letivo em Belas Artes começar, o que me deixou frustrada —— mas, como nada se resolve com o choro ou bate bocas, respirei fundo e aguardei o próximo avião com o mesmo destino.

O som estridente que tanto gosto do meu despertador ecoou, quando o céu estava começando a ser colorido por um sol vibrante e o clima não poderia estar mais típico de um início de setembro: friorento, mas sem nenhum sinal de neve, apenas o sol sorrindo para todos como aquele sol esquisito no desenho dos Teletubbies.

—— Oi Chaewon ——a cumprimentei de mau grado. Tá certo, eu não devia ter tocado guitarra aquela hora da noite, mas eu vou manter minha educação e pelo menos cumprimentar ela, mesmo que eu nunca (por hipótese alguma na terra) admitiria isso em voz alta.

—— Agora você se paga de educada? ——indagou, ignorando meu cumprimento e saindo do quarto em passadas de elefante.

Dei de ombros. Entrei no banheiro, tomei um breve banho gelado e fui fazer minha skin care matinal, antes de ir para minha mesinha de estudos marcar o que planejo fazer no dia e as minhas aulas. Sempre achei engraçado que, mesmo estando em qualquer lugar, sempre planejo fazer as mesmas coisas: acordar, tomar um banho, skin care e organizar minha rotina do dia (isso tudo sempre, sempre, sempre).

Antes de organizar meu planner matinal, peguei meu celular (que estava acima da mesinha de cabeceira) e respondi algumas mensagens no grupo da minha família, além de ver algumas notícias e responder uma mensagem mandada pela minha irmã, Olivia.

Antes de vir à França para estudar, eu morava com minha família na orla de uma praia conhecida em Miami. As praias de lá, sem exceção, eram sempre bem movimentadas; cheias de turistas, barraquinhas e crianças brincando. Além disso, foi num desses dias extremamente movimentados onde conheci Kazuha Nakamura, minha melhor amiga desde os cinco anos de idade. Zuha e eu logo tivemos uma forte afinidade, talvez porque trocamos as nossas bonecas Barbies edição limitada uma com a outra ou porque nossos santos simplesmente bateram.

E então, já com o planner em mãos, marquei tudo o que já havia feito: chegar na faculdade, arrumar o quarto, arrumar meus instrumentos para esculpir, organizar o guarda-roupa, comer alguma coisa, achar um lugar para colocar a mia e outros mil afazeres.

Olhei meu horário de aula e não consegui conter minha alegria, onde informava que hoje o grupo de artes cênicas terão aula de Dança Teórica, Filosofia da Arte, Arte Moderna e uma matéria chamada Arte, Corpo e Movimento. No meu caso, na parte da tarde de apenas alguns dias, escolhi ter aulas extras de escultura, junto com a turma de artes visuais (tendo que infelizmente ficar junto de Kim Chaewon por algumas horas no dia).

Após me organizar, peguei um casaco cor creme enfeitado com algumas conchas-do-mar mínimas e saí do quarto, indo para a cozinha com o intuito de procurar algo para comer ou ajudar a fazer o café da manhã.

—— Bom dia, Jen! ——Zuha me cumprimentou enquanto fazia ovos fritos com torradas.

—— Bom dia, Zuha, quer ajuda?

—— Desculpa, Huh Yunjin, mas ainda queremos a cozinha ——Chaewon respondeu, levando os copos e pratos para a mesa feita de madeira cor chocolate.

Olhei para ela, que estava usando uma saia cargo rosa claro e uma regata simples branca, e tive vontade de jogar todos esses copos um a um naquela cabeçorra.

—— A Yunjin vai cozinhar, é? Cuidado para não queimar a cozinha ——Sakura apareceu magicamente do quarto de Kazuha.

—— Sakura, o que você tava fazendo lá? ——perguntei, mas com muito receio da resposta.

✩ | 𝓒oexistir; purinz.Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt