Capítulo - 55

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      Rebecca Narrando


– Encerramos por hoje, Rebecca. Até a próxima sessão. – minha terapeuta anuncia com um sorriso.

Agradeço-a, e retiro-me do consultório. Fazia duas semanas que eu estava frequentando a terapia, e apesar de apenas duas consultas, sentia a pressão no meu peito diminuindo. Era como os meus olhos estivessem enxergando a vida com outras perspectivas. Estava colocando os pingos nos devidos í's.

Claro que ter sonhado com a mamãe estava me ajudando muito nesse processo. Principalmente por saber que ela não estava querendo a minha vingança, e também queria que eu perdoasse a Freen. A ciência poderia dizer que o meu sonho foi produzido a partir do meu inconsciente por desejar muito aquilo... Mas, eu me sentia sensitiva. Eu sabia que mamãe tinha vindo me visitar em meu sonho.

E eu não podia me sentir mais grata a ela por isso.

Quando eu pensava em Freen, não sentia mais aquela culpa torturante em meu peito ou aquele rancor enlouquecido. Eu sentia apenas... Amor, paixão, querer... E um pouquinho de mágoa que minha terapeuta explicou que era normal, já que passei muitos anos cultivando sentimentos negativos em relação a Freen, e que algumas feridas não cicatrizavam de um dia para a noite.

Era isso que me impedia de não me aproximar de Freen, porque eu sabia que não estava pronta para ela. Mas, estava cheia de orgulho ao saber de suas mudanças. Nunca imaginaria que ela voltaria a morar no bairro em que nasceu. Anthony estava embasbacado com isso. Eu também. Acho que todo mundo que conhecia a Freen... Também, estava muito feliz por ela ter arranjado um emprego sem ter ninguém para interceder por ela.

Freen estava mostrando que não era mais aquela mulher volúvel, finalmente, o seu caráter desabrochou e ela estava se dando, e impondo respeito.

Essa nova versão de Freen me deixava derretida, e eu me sentia uma idiota apaixonada.

Com a terapia, aprendi a ter compaixão... Por Serena. Tinha até ido visitá-la no manicômio, senti-me mal por vê-la tão desiquilibrada. Ela não me reconheceu. O psiquiatra me contou que além da esquizofrenia, a Serena tinha desenvolvido Alzheimer. Era uma mulher digna de compaixão mesmo. Não dizia coisa com coisa e quando dizia, era chamando por Klaus.

Serena tinha tido o seu castigo.

Agora a Alison era um caso à parte. Eu não conseguia perdoá-la por suas maldades. E também não quis me aprofundar nos planos de vingança que eu tinha preparado para ela. Não posso deixar mais que a vingança seja maior do que a minha vontade de viver. A vingança estava me consumindo, me tirando tudo que eu mais amava, e não estou disposta a perder mais nada por algo que claramente não vale a pena, que só satisfaz o ego.

Vou deixar que a justiça do homem sentencie a Alison.

– Rebecca! – uma mão segurou o meu pulso, me assustando.

Olho para a pessoa que me segurou, e puxo o meu braço. Ela cedeu e soltou o meu pulso, enquanto, franzo o cenho para ela.

– O que você quer, Camila?

– Eu queria tanto falar com você. – Camila disse, os seus olhos estavam apagados e ela parecia tão triste. – Queria que você me desculpasse por ter sido uma traidora com você.

Em outro momento, ficaria extremamente furiosa e a humilharia. Mas essa Rebecca, é a Rebecca que criei para a minha vingança e demonstrar poder. Não condiz com a verdadeira Rebecca.

– Camila... Eu achei muito errado o que você fez, sim. Você jogou fora anos de confiança pela janela e eu nem sei muito bem o porquê. Mas no final das contas, você me fez um grande favor. Estar naquela mansão, dirigindo aquele teatro estava apenas me fazendo mal. Então, eu não tenho nada para desculpar.

El Sabor De Lá Venganza { FreenBecky }Onde as histórias ganham vida. Descobre agora