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Anna Luiza.

Índia: calma filha, fica tranquila que a mãe ta do seu lado pra tudo.

Anna: pelo amor de Deus, eu não sei o que fazer mãe.

Passei a mão no rosto limpando minhas lágrimas e na minha cabeça só vinha o rosto do Felipe, que merda do caralho.

Olhei pro papel que tava na minha mão e li mais uma vez o positivo.

Não, não e não, pelo amor de Deus não.

Índia: Anna, calma amor.

Veio tentar me abraçar e eu continuei paralisada só sentindo meu choro descer.

Anna: quero ir pra casa.

A enfermeira tinha acabado de falar sobre marcar o pré natal mais no momento eu não tinha cabeça pra raciocinar nada.

Eu só queria sumir.

Olhei pra minha mãe que ligou o carro dando ré pra sair do estacionamento e em alguns minutos ela parou o carro na frente de casa.

Anna: vai sair?

Índia: dar uma passada nas boca lá de cima pra ver o movimento, você precisa de um momento sozinha pra se entender.

Anna: obrigada mãe, bença.

Índia: Deus te abençoe filha, qualquer coisa me liga.

Sorri sem nenhuma graça e entrei pra dentro de casa depois de cumprimentar os vapor que tava ali na frente fazendo a segurança.

Subi direto pro meu quarto e sentei na cama levantando a cabeça pra respirar fundo, vi meu reflexo no espelho e no automático meu olhar desceu pra minha barriga que tava lisinha ainda.

Meu celular começou a vibrar e a foto do Felipe apareceu mostrando a ligação que eu não sabia se atendia ou não.

Anna: oi.

Terror: marca 10 que eu tô colando aí trocar um papo contigo.

Anna: Felipe....

Terror: tô ligado já, querendo ou não a gente vai ter que se entender agora.

Respirei fundo escutando o barulho da ligação encerrada e me joguei pra trás deitando na cama e fechando meus olhos pra evitar chorar mais ainda.

Não demorou muito pra eu escutar os passos dele subindo as escadas e entrando no meu quarto, consegui sentir ele parando de andar pra me olhar jogada na cama parecendo uma morta e depois voltar a andar e sentar no meu lado.

Terror: não sei como que começa essa conversa.

Anna: na verdade, já começou faz tempo né.

Terror: mãe ta toda nervosa lá em cima, deu positivo né?

Abri meus olhos vendo o teto branco e virei a cabeça um pouco vendo o rosto dele.

Anna: deu, tô grávida Felipe.

Meu choro voltou a desceu e eu fechei os olhos de  novo querendo sumir mais uma vez e evitar viver essa realidade.

Terror: calma vei, calma.

Ele puxou meu braço colocando força pra me levantar e me abraçou, olhei pro rosto dele vendo o olhar perdido dele e sabia que assim como eu ele também não sabia o que fazer.

Terror: fica de boa cara, tô aqui contigo.

Anna: Felipe você tem noção que a gente ta fudido? caralho o pai vai matar a gente, a mãe? não consigo nem imaginar que porra vai acontecer.

Terror: tamo fudido mesmo, vai dar merda pra caralho mesmo, mais a gente tem que segurar o b.o agora, nois fez a merda e agora vai assumir as consequências, vamo ficar falado na favela inteira? vamo, seu pai vai querer me dar uns tiro? vai também, mais porra, a gente não se cuidou e agora veio o resultado.

Anna: esse é problema, o pai não é só meu pra matar só você, o pai é seu também porra, era pra gente ser irmão que merda que a gente tem na cabeça?

Levantei da cama me soltando do abraço dele e coloquei as mãos no rosto tentando limpar minhas lágrimas que não paravam de cair.

Olhei pra ele vendo ele sentado na cama virando o boné pra trás todo nervoso sem saber o que fazer e meus olhos cheios de lágrimas deixaram minha visão toda turva, meu estômago embrulhou me fazendo correr pro banheiro e me ajoelhar na frente do vaso jogando o restinho do que tinha de alimento no meu corpo pra fora.

Felipe se abaixou do meu lado segurando meu cabelo com uma mão enquanto passava a outra na minha costa.

Terror: calma Anna, cê não ta sozinha não, eu fiz e eu vou assumir, to do seu lado sempre, a gente não é irmão e tanto o pai quanto a mãe sabe disso, a gente nunca teve essa consideração, o que eu sinto por você vai muito mais além que amor de irmão, cê sempre foi mais que isso na minha vida e qualquer pessoa que vê o jeito que eu te olho percebe isso e eu sei que tudo que eu sinto é recíproco e a gente só não ta junto porque eu sou um caralho que não assume o bagulho e só percebe que tomou no cu quando perde e na moral eu não quero te perder mesmo sabendo que eu já te perdi um tanto de vez mais o destino implica em nós, eu amo você Anna Luiza, tenho maior consideração pelo seu pai e pela sua mãe, os dois tão no meu peito pra sempre, sou grato pra porra por eles terem me criado e serem uns paizões pra mim, mais eu não mando no meu coração não e eu me apaixonei pela filha deles e meti um filho nela, isso não tava nos meus planos mais se aconteceu é porque tinha que acontecer.

E agora eu não sabia se eu ria ou chorava mais.

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