027

8.4K 712 202
                                    

Vilão.

Tava tudo branco na minha mente, tudo.

Não via nada e quanto mais eu esforçava pra tentar ver alguma coisa mais fraco eu me sentia, bagulho sinistro.

Tentava respirar e não conseguia direito, era uma angústia no meu peito que tava me matando aos poucos.

Sentia uma dor no peito, como se ele tivesse sendo esmagado e o desgraçado do Rodrigo apareceu no meio do branco com a arma apontada pra mim.

Atrás do Rodrigo eu via o Felipe com a arma apontada pra ele e em um único barulho eu vi as duas armas dispararem.

Meu peito tava sangrando pra caralho mais eu não cai, quem caiu foi o Rodrigo que tava morto com os olhos arregalados.

Terror: vamo pai, acorda carai.

Sentia meu corpo sendo balançado mais não conseguia voltar ao normal, tava tudo paralisado e o branco voltou fazendo o Felipe sumir.

Anna: eu queria tanto mudar o passado.

Escutei a voz baixa mais sabia de longe que era da minha menina e em alguns segundos ela apareceu, duas versões dela, a criança e a atual.

O cabelo grandão preto que ela sempre teve e a carinha fechada igual a minha, os detalhes da mãe dela que sempre me chamavam a atenção e toda a essência que ela carregava, uma mistura perfeita minha e da Índia.

Anna: me desculpa pai, por favor.

Vi as lágrimas descendo das duas versões, a mais nova tava descalça com um vestido branco parecendo um anjo e a mais velha tava normal, com o semblante desesperado e um roxo nos dois braços.

Anna: o Thiago me machucou, você sempre tava certo mais já deram um jeito, a mamãe resolveu tudo.

A mais nova que falava tudo, com a inocência pura no olhar e na fala enquanto a mais velha só chorava.

As duas sumiram também deixando o
"Mamãe resolveu tudo" fazendo eco por algum tempo até ser substituído por uma risada e aquela risada eu conhecia muito bem.

Índia: eu amo tanto você Diogo, seu desgraçado macumbeiro.

Diferente do Felipe e da Anna Luiza, ela tava na minha frente, pertinho de mim que me fez sentir o cheiro dela.

Índia: nossos meninos tão lindos, você cuidou tão bem deles amor.

Meu corpo tremia com aquela aproximação, era a melhor sensação que eu tava sentindo dês de quando ela foi presa e eu senti meu coração acelerando.

Ela sorria pra mim, aquele sorriso filho da puta que me quebrava de todas as maneiras.

Índia: volta pra mim Diogo agora que eu voltei pra você, vamo ter nossa vida de volta, sem nada e ninguém pra impedir a gente.

Ela foi sumindo e quanto mais eu tentava ir atrás mais eu sentia meu coração parando de volta.

A fraqueza me dominava e tudo que era branco ficou preto.

Mais a luz voltou, algumas cores no meio de todo aquele preto.

Lk: ih viaja ni mim não carai, vou contar pra Índia pra ela descer a porrada em você, fica aí aumentando história dos outros, va ci lão.

Fiel: corre pra Índia sempre Kaique?!

Lk: minha mamãe ela.

Mandou língua pra ele e saiu andando no meio da escuridão, andando daquele jeitinho dele todo largado, desfilando enquanto mexia os braços todo bobão.

Lk: ou seis tem certeza que da pra ir nesse escuro aqui? bagulho esquisito parece que não tem volta.

Teco: é o teu caminho irmão, teus passo quem escolhe é você.

Lk: falou então, to indo é ver meu filho, Felipe vai ser o terror dessa quebrada aqui, vai dar sossego pra ninguém.

Fiel: se teu filho vir igual você, tenho dó é da gente que vai ter dois Kaique pra cima e pra baixo.

Falou rindo e o Teco riu junto.

Lk: vão caçar um pau pra vocês subir.

Eles riram ainda mais e o Kaique saiu andando.

Fiel: ta ligado que ele não volta mais né?!

Teco: tô parceiro, mais mesmo assim é nosso muleque, eterno Lk.

Porra.

E sumiram também, mais nada ficou escuro pareceu mais uma troca de dvd.

Lipe: mamãe sua barriga ta gigante.

Apareceu do lado do Max e eu ri olhando pra Manuela que tava com a cabeça no meu colo.

Índia: é a nossa Anninha.

Ele subiu no sofá colocando o ouvido na barriga dela e fez careta.

Lipe: acho que ela não quer mais ficar aí.

Índia: porque vidinha?

Lipe: é chato aí dentro, não tem Felipe pra deixar ela feliz.

Índia: convencido você em.

Puxou o nariz dele que riu passando a mão nos pelos do Max que latiu me olhando.

Lipe: igual meu papai Kaique, né pai?!

Olhou pra mim e eu senti o olhar da Manuela também.

E tudo foi ficando escuro mais uma vez, sem cor apenas a voz de todo mundo passando.

Fiel: nome dela não ta nesse presídio também.

Teco: ela não ta no Rio de Janeiro Diogo, disso a gente pode ter certeza.

Terror: minha mãe ta viva sim, eu sei que ta.

Carol: eu só vou parar quando a gente encontrar a Manuela.

Anna: eu não tô nem ai, eu tenho o Thiago.

Rayssa: saudade de um barzinho na sexta, todos nós, Kaique e Manu.

Liz: Índia ta pra sempre com a gente, mesmo longe.

Escutei as batidas do meu coração, eram lentas e altas e parecia que a qualquer momento ia parar.

"Mamãe resolveu tudo".

Voltou a ecoar no meu ouvido junto com a luz branca e eu fiz o maior esforço pra conseguir ver mais alguma coisa.

Eu tinha a opção de tentar e ficar totalmente sem força, acho que isso era minha morte.

Eu já tinha vivido e comprido tudo que prometi.

Prometi pro Kaique e a pra Manuela, as duas promessas mais lindas e sinceras que eu poderia ter feito, eu amei e cuidei dos meus filhos, criei eles da melhor forma que eu consegui.

Então pra mim não afetava mais nada se realmente fosse a hora de eu ir pra outro plano.

Forcei meu corpo inteiro tentando alguma coisa e a primeira coisa que eu senti que me fez confirmar que tava dando certo foi um aperto na minha mão.

Um aperto forte que me fez sentir minha conexão voltar.

Índia: Diogo? caralho seu filho da puta acorda pelo amor de Deus vida, acorda antes que eu te acorde no tapa porra.

___________

Lance Criminoso Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum