Era como se eu tivesse vivendo um pesadelo do passado vs presente, mas o meu corpo e minhas reações eram contrárias. Ninguém entendia o que estava acontecendo, além de mim mesma, o filme retrô que queimava os meus olhos e me obrigava a enxergar aquilo que eu não queria ver... Mas estava tudo ali, bem explicito a mim.

– Becky? – Irin me chamou preocupada.

Eu tinha sido roubada. Tudo. Tudo que conquistei do Klaus DiLaurentis estava novamente nas mãos de Alison. Não que isso me preocupasse, aquela fortuna era nada para mim. O que fazia rir era como o passado estava produzindo um remake no meu presente.

A desgraçada da Alison tinha envenenado o meu filho. Ela foi esperta. Mais que eu. Roubou toda a fortuna que o Klaus deixara para mim. O dinheiro não me preocupava, a única coisa que me importava era o bem estar e a saúde do meu filho. O que era pra Alison estava guardado, ou ela achava que me roubaria e os seus segredos estariam salvos?

Mera ilusão.

Não!

As risadas se transformam em lágrimas.

– O que eu vou fazer? – pergunto para mim mesmo, o meu filho está na UTI, impossibilitado de locomoção em estado grave. – Vocês não podem expulsar o meu filho do hospital! Ele não aguenta uma transferência!

Irin me olhara com aflição. Eu também estava aflita porque não sabia o que fazer... Minha mente parecia que estava sendo sugada e toda a minha inteligência perdida no vão do meu desespero.

– Perdoe-me, senhora. São ordens de Alison DiLaurentis... – um do oficial disse.

Abrir a boca para contestar quando, uma voz alta se fez presente, fazendo-me estremecer.

– Como oficiais de justiça vocês estão bem desatualizados com as leis. Pelo o que me constam, a Lei n 2.848 é crime a omissão de socorro. Se o paciente está em estado crítico, o hospital não pode expulsá-lo, principalmente por capricho de uma menina mimada que acha que pode brincar com a vida alheia. – Condessa Celine Lippucci olhou para os oficiais com superioridade, fazendo-os estremecer. – Além de ser crime, sou amiga dos melhores juízes e advogados do mundo. Tenho certeza que vocês prezam pelos seus trabalhos e Alison DiLaurentis pela fortuna dela. Emita essas palavras para ela: Se ela tem amor ao dinheiro que tem no banco, não compre briga com cachorro grande, pois, eu a farei perder cada tostão durante o processo. 

Os oficiais se entre-olharam e então, foram embora, ciente de que não deveriam comprar aquela briga.

– Mamma! – solucei, indo ao seu encontro, mas o que eu recebi foi uma bofetada forte, o que me fez cambalear para trás com os olhos arregalados e a mão no rosto.

A tensão tomou conta do ambiente. Podia ver a Irin impactada em seu lugar, enquanto, os olhos extremamente esverdeados de Celine me perfuravam. Ela não precisava verbalizar quando os seus olhos me massacravam. Os seus pensamentos eram bem nítidos com a força do seu olhar.

– Eu sempre a apoiei, Rebecca. Desde o primeiro momento que a acolhi no seio da minha família, eu a apoiei e estive ao seu lado. Mesmo quando a loucura de uma vingança envenenava as suas veias, eu a apoiei. –  murmura, mas o seu tom é tão ríspido que parece que os meus ossos estão sendo congelados e quebrados. – Alguma coisa dentro de mim, dizia que isso não acabaria bem, principalmente quando você insistiu em trazer o Chris para essa toxicidade que você chama de vida aqui em Seattle. – aproxima-se um pouco de mim com o rosto endurecido, encolho-me um pouco, receando apanhar novamente e também pelas palavras dela me encher de remorso. – Você se corrompeu, tornou-se a pessoa que você mais abominava no mundo. Tornou-se suja e baixa. Colocou a sua sede de vingança á cima do seu senso, você falhou... Falhou como pessoa, falhou como mãe e a cima de tudo, falhou com você mesma. A Nina deve estar envergonhada de você neste momento, porque eu... Até eu, que te amei desde que a vi boiando no mar antes de ser resgatada, estou morrendo de vergonha e decepcionada pelo o que vejo na minha frente.

Volto a chorar compulsivamente, sabendo que todas as palavras dela eram verídicas. O que eu me tornei? Nem eu me reconhecia mais. Abracei o meu corpo, sentindo-me tão desprotegida e sozinha. A sensação era de anos atrás, depois do enterro da minha mãe em que eu me sentir a pessoa mais miserável e perdida do mundo, sem rumo, sem esperança, sem absolutamente nada. Oca. Celine amuou-se quando viu o meu estado, a sua boca contraiu quase imperceptivelmente.

– Coloquei tudo a perder, mamma. – solucei alto, minha voz preenchida de dor, parecia chicotear dentro de mim. – É culpa minha, tudo é culpa minha... O Chris... Se ele morrer, é culpa minha. Eu não posso me perdoar... Estou acabada! – pronuncio em desespero.

Os olhos de Celine oscila um pouco e antes que eu perceba, jogo-me em seus braços em busca de algum conforto, de um pouco de paz para o meu espírito tão perturbado. Sinto o corpo de Celine um pouco tenso, mas depois, ela relaxa, e me acalanta, deixando-me chorar mais contra seu peito e manchar sobretudo caríssimo.

Sei que apesar de ela estar me detestando, o seu amor por mim, continuava firme em seu peito. Eu sou a sua filha, assim como ela é a minha mãe, não podemos nos odiar nunca. Era surpreendente que Celine estivesse aqui, em Seattle, dando-se conta em como ela odiava qualquer parte do solo americano.

– Como está o Chris? – ela perguntou depois de um longo tempo, soltando-me do abraço quando eu estava mais ou menos estável.

Ainda cambaleio para trás, impossibilitada de dizer qualquer coisa. Perdida em meus pensamentos, em minha própria dor. Irin se prontifica em explicar a situação a Celine, quando, o médico me chama para ver o Chris.

Me paramento e adentro a UTI... O meu filho que exibia tanta vitalidade estava inerte na cama, tão frágil que fazia o meu coração se quebrar. Agarro-lhe a mão fria, e beijo a sua testa sem conseguir controlar as minhas lágrimas.

– Oh meu pequeno, eu sinto tanto...

Sinto-me responsável pela situação que o Chris se encontrava. Porque se tivesse uma culpa, era apenas eu por permitir que ele e Alison ficassem no mesmo ambiente. Eu devia ter zelado pelo bem-estar e a segurança do meu filho, era o meu papel como mãe e eu falhei desgraçadamente, como disse a Celine. Amaldiçoei-me por ser uma péssima mãe. Por permitir que uma pessoa má ofusque e tire a vitalidade do meu menino.

– Eu sei que fui uma péssima mãe e peço perdão por isso, Chris... Eu devia ter lhe observado mais, ter estado mais contigo, zelado mais por sua vida, mas eu falhei... – falei aos soluços, agarrada com a mão do meu filho. – Mas por favor, não me abandone, minha vida será miserável sem você, eu não sei se você pode me escutar, mas por favor... Volte pra mim, prometo que nunca mais o deixarei um segundo só, que vou lhe proteger de todo mal do mundo... Só volte para mim, meu filho. – beijei várias vezes a mão pequena dele. – Eu te amo tanto! – implorei, devastada.

Por favor, meu Deus... Eu sei que nos últimos tempos eu tenho agido muito mal e que tenho uma tonelada de pecados fixos em minhas costas. Eu sei também que não sou merecedora de tal pedido, mas... Não tire o meu filho de mim, já tive tantas perdas em minha vida que não sei se posso aguentar mais uma. Por favor, tenha misericórdia...

Rezo em silêncio com os olhos fixos no Chris que não se move, que não sorrir e não me olha... As únicas coisas que apresenta algum som, é o monitor cardíaco e o aparelho respiratório, fora isso, apenas o breu... E eu estou muito cansada de andar nessa escuridão de acontecimentos ruins que é a minha vida...

El Sabor De Lá Venganza { FreenBecky }Where stories live. Discover now