Soltei uma gargalhada.

- No exorcismo teve essa fala? Acho que foi em Todo mundo em pânico, não?

Ele deu de ombros.

- Não sei, não lembro. Mamãe não me deixou ver até o fim, disse que era um filme impróprio para a minha idade.

- Concordo com ela, qualquer um dos dois eram e são impróprios para você.

Ele estalou a língua e sentou-se.

- Bobagem. Já assistir filmes muitos piores e nem tive medo. - ele contou com os olhos brilhando em orgulho. - Sou um homem.

- Estou vendo isso... - me sento e faço menção de pular em cima dele. - Será que esse homem aguenta as mãozinhas das cócegas? - faço uma cara de má e movimento os meus dedos com as mãos altas.

Ele arregalou os olhos.

- Não Freen! - avancei em cima dele, e ele se esquivou, levantou-se e saiu correndo. - Socorro. - gritou rindo ao me ver correndo atrás dele.

Corro atrás dele, soltando pequenas gargalhadas quando o vejo ficar em pânico ao me ter mais próxima, então, diminuo os meus passos para lhe dar mais vantagem. Ás vezes, ainda o seguro pelo braço ou pela roupa, mas ele se desvencilhava, deixando-me a ver navios.

Caramba! Eu gosto mesmo desse pirralho, de verdade. Teria o maior orgulho se fosse a mãe dele. Rebecca foi muito sortuda ao encontrar uma criança tão especial como o Chris. E eu a invejo, porque se um dia, eu fosse ter um filho queria que fosse do mesmo jeitinho do Chris... Espontâneo, inteligente e com um coração inocente.

Ainda estávamos brincando quando o Chris estancou de uma vez, com os lábios pálidos. Olhou para mim e parecia um pouco esverdeado.

- Está passando mal? - pergunto preocupada ao alcançá-lo. Ele sentou no gramado e respirava ofegante, também estava suado e parecia muito cansado.

- Só tô um pouco enjoado, eu acho. - ele respondeu baixinho. - Vovó me alertou que eu não corresse depois do almoço para não passar mal.

- E ela tem razão. - agachei-me na frente, o olhando fixamente. - Não quer ir lá para dentro? Tomar um pouco de água e descansar?

- Não, tô com a barriga cheia, quando cheguei a Alison me deu um copão de suco de melancia. - bateu levemente a barriga - Estou ficando melhor e se eu entrar enjoado, é capaz da mamãe me levar para o hospital e me obrigar a fazer diversos exames. - revirou os olhos, os seus lábios estavam ficando com um pouco de cor, novamente.

Estranho a bondade de Alison, parecia que ela tinha mudado de tática, porque fazia questão de servir ao Chris ou preparar um dos sucos que ele gostava. Ou estava aprontando alguma coisa ou estava aprendendo a lição. Não sei, sinto um pressentimento não muito bom.

- Sua mãe é precavida, cuidamos de quem amamos, sabe?

- Uhum, por isso eu cuido da mamãe, dos meus avôs, da minha nonna, da minha dinda e de você... - ele terminou a frase envergonhado.

Abrir um sorriso sincero com a sua singela declaração de que gostava de mim.

- Também estou aqui para cuidar de você, amigão. - beijei o alto da cabeça dele. - Gosto muito de você.

Chris abriu um sorriso escancarado que iluminou o seu rosto. Sinto-me tão bem, e tão querida que o meu coração queima de felicidade. Se eu tivesse a percepção que tenho hoje da vida, não trocaria a simplicidade e ingenuidade de um sentimento por dinheiro. Não trocaria nada por dinheiro, porque o sorriso e o gostar sincero, as cédulas não compram.

El Sabor De Lá Venganza { FreenBecky }Where stories live. Discover now