– Está me vigiando? – ela responde com uma pergunta e a sobrancelha erguida.

– Mais ou menos. – dou de ombros. – Nem precisa me olhar assim, porque eu sei muito bem que você vigia os meus passos.

Ela apenas me encara, mas não responde a minha pergunta. Tenho um pressentimento sobre o lugar que ela tinha passado, não sei onde, mas soa muito especulativo para mim. Isso aguça a minha curiosidade.

– Então? – pressiono.

– Passei na casa de uns amigos.

Ficamos caladas, cada uma perdida em seus próprios pensamentos.

– Eu passei em um boteco qualquer. – digo do nada, ela me olha impassível. – Depois vir aqui... Foi um Natal solitário, sabe o que é engraçado? Percebi que não era o meu primeiro Natal assim, há doze anos que tenho um Natal regado de solidão, mesmo que nos outros anos estava aqui na ceia dos Dilaurentis, acompanhada por várias pessoas da alta sociedade, mesmo assim me sentia solitária. – desabafo. – Percebi que perdi muito tempo da minha vida ligada em coisas erradas, eu... Eu pensei em meus pais... – os meus olhos lacrimejam. – Arrependo-me tanto por ter os esnobados, não os ter valorizados, sabe? Apesar dos pesares, eles me amavam e se importavam comigo. Hoje eu não tenho mais ninguém por mim... – olho significativo para ela. – Todas as pessoas que eu amei, fiz algo para afastá-los até perdê-los, e isso é um dos meus arrependimentos.

– Os seus arrependimentos não vão trazê-los de volta. –  diz friamente, com os maxilares travados.

– Eu sei que não. Mas será que os meus arrependimentos não podem gerar um novo recomeço? – pergunto a olhando intensamente.

– Arrependimentos sem mudanças não gera um recomeço de verdade, é apenas uma maneira para massagear a consciência. Quase como tampar o sol com a peneira, os furos vão continuar lá, assim como as consequências de suas atitudes.

– Você acha que algum dia pode me perdoar? – pergunto baixinho, sentindo uma tristeza profunda por não enxergar mais o amor em seus olhos.

– Quem perdoa é Deus, Freen. Por acaso eu tenho a aparência do Santíssimo? – pergunta com ironia.

Aperto os meus olhos coma a blasfêmia dela. Como era difícil de conversar com ela. A Rebecca de antigamente era mais maleável, o diálogo fluía perfeitamente bem. Essa de hoje em dia, era complicada, não gostava de aprofundar o assunto. Vou respondê-la quando escuto os fogos ao longe, olho para o horário...

Meia-noite.

– Meia-noite! É Ano Novo... – balbucio a olhando.

Ela me olha e muda completamente a expressão. Rapidamente, ela pega os biscoitinhos da sorte, entrega-me um, e fica com outro. Abrimos e quebramos os biscoitos.

– "Quem que colher rosas, devem suportar os espinhos ". – murmuro em voz alta. O que faz completamente sentido. A Rebecca é uma rosa, porém, cheia de espinhos que toda vez que tento tocá-la, sou espertada e saio machucada de algum modo.

Ela fica em silêncio com a boca torcida. Até acho que ela não vai compartilhar o que tem no seu, quando...

– "Sua visão se tornará clara apenas quando você puder olhar para dentro do seu coração". – diz baixinho, então, joga o papel no chão. Pega a sua taça de espumante e erguer para mim. – Feliz Ano Novo, Freen, que você tenha um pouco de fé dentro de si, porque será apenas ela que vai te sustentar quando tudo ruinar.

Faço uma careta com o seu brinde esquisito, tem que me cutucar de alguma maneira, era incrível! Ela rir, na realidade, ela gargalha ao ver a minha cara. Pego a minha taça, e ergo para o alto.

El Sabor De Lá Venganza { FreenBecky }Where stories live. Discover now