A diferença é que essa mulher que o Google está me apresentando não se parece em nada com a Rebecca que amei na adolescência. Deus! Eu estive em contato direto com ela hoje e não acreditei.

Essa Rebecca que vir hoje e que vejo no Google é rica e refinada. Dona de milhares de terra na Itália. Uma mulher de título que tinha conhecido até mesmo a rainha da Inglaterra. Uma médica brilhante que resolvia os casos impossíveis. Desde os tumores até mesmo á Alzheimer e outras doenças neurológicas.

Meu Deus. Como eu nunca soube de sua existência? Também sou médica, apesar de não atuar na área e ser de especialização diferente. Mas cara*lho, eu sou médica!

Essa Rebecca é cheia de si, tem porte e presença. E extremamente linda. Não é mais esquisita, não usa perfume barato e muito menos desconhece a maldade do mundo. Essa mulher que vir hoje, não vive mais na sua bolha cor de rosa e não se limita apenas á migalhas. Também não tem mais a inocência que eu tanto amava.

Rebecca Armstrong de Lippucci é completamente desconhecida para mim.

E eu sinto medo. Muito medo. De repente, explodo em um pranto doloroso. Rubi me conforta ao se sentar ao meu lado e me abraçar.

– Eu sei, amiga. É muita informação. Até ontem, pra mim a Rebecca estava morta. E hoje, ela aparece desse jeito e causando? Eu estou perplexa. – Rubi comenta. – Se eu estou assim, imagina você, tadinha.

Sinto os meus batimentos cardíacos aumentarem, uma taquicardia. Tento me controlar e respirar fundo, mas o choro copioso não me abandona. Sinto dor a cada lágrima caída. Sinto-me devastada.

Doze anos sofrendo por uma pessoa morta que por debaixo dos panos está viva. É muita maldade. Ela poderia ao menos me mandar um e-mail ou qualquer coisa avisando que estava viva. Isso me pouparia tanta dor e sofrimento, amargura.

Ainda não consigo acreditar. O celular de Rubi cai debaixo de mim, na escada. Nem eu e muito menos ela se importa.

– Eu acho que você precisa descansar. – Rubi diz de repente. – Pensar um pouco. Lá dentro está uma confusão com as pessoas tentando recolher os pedaços do Klaus. – ela faz uma careta de nojo. – Bem cena de terror. O que você acha de ir para minha casa e descansar? Acho que a Alison não vai se importar com o seu sumiço. Ela está lidando com muita coisa nesse momento.

Fecho os olhos. Sentindo os meus batimentos melhorem, mas as lágrimas não. Sinto-me arrasada e destruída ao constatar que Rebecca me odeia... Essa é a razão... Ela me odeia. Isso explicar ter ficado doze anos viva e nunca ter me avisado ou tentado se aproximar. Ela me odeia e me despreza, enquanto, eu a amo tanto e quero uma chance para me redimir, mas me sinto tão impotente... O seu olhar gélido e o seu sorriso sarcástico me perturba... Não sei o que fazer com essa Rebecca... Não sei como abordá-la... Não sei...

– Ela não me ama. Não mais. – solto ao abrir os olhos banhado de lágrimas. – Ela não me ama, Rubi. Sobrevivi nesse mundo cultuando o amor que sinto por ela, era esse amor que me mantinha viva de alguma forma. Agora que ela está viva, de volta, como vou sobreviver sabendo que ela está viva e não ter o seu amor?

Rubi reflete um pouco. Parecia envolvida quase pelo mesmo dilema, mas eu sei que o caso dela é "Irin ter voltado ao Seattle". De toda via, o meu dilema é mais chocante e devastador que o dela.

– Está muito cedo para conspirações. Éramos adolescentes quando tudo aconteceu. Tudo isso é uma loucura... A morte do Klaus, o envolvimento dele com ela, o surgimento dela do mundo dos mortos. É muito estilo novela mexicana, ou aquele novela brasileira "Chocolate com Pimenta" que Aninha volta rica, belíssima e viúva de Ludovico, sabe? Aquele velho que deixa a fortuna para Aninha e Jezebel, a malvada da novela fica com as mãos abanando... A diferença é que Aninha não tentou se suicidar, só foi humilhada, ou tentou se suicidar? Não lembro.... – parou de falar ao perceber que estava divagando e eu não entendia o que ela está falando. – Desculpa. Bem, dê o tempo ao tempo. Acho que vocês duas tem muito que conversar...

– Onde será que ela está? – pergunto. – No melhor hotel da cidade? – já disco o número que rapidamente atende. – Bom dia, quero que transfira a ligação para Rebecca Lippucci ou Rebecca Armstrong, por favor. Ah... Não? Obrigada. – desligo decepcionada. – Não está lá.

– Pode estar na casa dos pais de Irin...

– É uma opção, podemos ir até lá, agora. – levanto-me.

– Não acho uma boa idéia. Não é garantia que ela está lá. Podemos tentar lá mais tarde.

– Eu preciso falar com ela! – digo nervosa.

– Você dessa forma não vai conseguir nada. Amiga, por favor... Não somos mais adolescentes que agimos por impulso, se Rebecca quisesse falar com você, ela a procuraria, como não o fez, deixe ela respirar um pouco. O Klaus morreu, eu nem sei que envolvimento é esse que eles tinham, apesar da People dizer que era um conto de fadas. Ela pode está sofrendo pela morte dele, não me olhe feio que é a verdade. – Rubi suspira. – Apesar de vir de vermelho é uma escolha meio estranha pra velório, mas enfim.

Minha mente fica mais confusa e o falatório de Rubi também não me ajuda. Olho pra minha mão trêmula.

– Preciso beber. – digo em abstinência.

– O quê? Agora? – Rubi pergunta espantada.

– Sim. Se você não vai me acompanhar, fique aí. – falo já descendo as escadas.

Rubi corre atrás de mim.

– Eu vou! Preciso de uma dose e cheirar algo, estou quase louca aqui. Que sorte a nossa você ter se oferecido primeiro.

Em menos de meia hora, estamos em um bar qualquer. Cheiramos cocaína no banheiro e agora bebíamos como se não existisse amanhã, e em cada dose, o desespero de rever a Rebecca me acomete... Entre lágrimas e mais lágrimas, vou pedindo para o garçom encher o meu copo até que não aguento mais e desmaio...



/////////////


É Freen, é só o começo ainda!!!! 

El Sabor De Lá Venganza { FreenBecky }Where stories live. Discover now