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Voltei a escrever essa história por dois motivos: a inspiração voltou e porque o estado de são paulo vai vir à baixo antes do final do ano, se preparem porque com o racha no PCC a guerra é inevitável, graças a deus não estou mais aí. Marcola decretou o Tiriça de morte e criou dois PCC, pra galera de Santos, São Vicente, Cubatão eu só faço rezar kkkkkkk a cabeça da fac tá toda aí. Boa sorte e cuidado durante as eleições, e vamos ver se temos notícia do Falujah derrubando o águia da ROTA sozinho pela segunda vez em nome do Tiriça (se é que a ROTA vai ter cara de intervir nessa guerra, porque na minha ideia nao vai não), ou se ele pula fora do comando (DUVIDO).

Um dia se passou, e aquela tranquilidade se manteve, ainda que no ar pairasse a eletricidade de um desacerto mal resolvido. César não percebeu nada, e eu também não fiz questão de falar sobre a situação esquisita na qual me enfiei na última oportunidade que tive de conversar a sós com o André. Mas impressionantemente, ele resolveu fingir que nada acontecera, e que tudo seguia exatamente igual como antes.

Já passava muito da hora do almoço quando eu me sentei do lado de fora para ouvir nas narrações e contos da vivência de André, alguém que dedicou muito mais da vida àquela liberdade deturpada. Ele estava ali, sentado no chão mas encostado contra uma das cadeiras de praia, me encarando meio pensativo e silencioso.

Eu acabei de abrir o caderno, e não sei direito para que lado fluir a conversa hoje. Apenas ajeito o cabelo atrás da orelha e dou de ombros.

— Você tem filhos? — pergunto casualmente, fazendo bico.

— Não que eu saiba — ele diz dando de ombros meio alheio, seus olhos castanhos se estreitando brevemente enquanto observam a minha figura por completo — Nunca parei em lugar nenhum, e mulher é perigo dobrado, sempre que dá eu evito vocês —

— E quando não dá, você só aproveita — digo bem humorada, anotando no pequeno caderno esse detalhe.

Eu escrevo rapidinho e posso ver com o canto do olho o Santista chegando e se aninhando ali próximo à nós, sentando entre as pernas de André e recebendo imediatamente um afago na cabeça, ele funga na mão do dono e apoia a cabeça sobre o joelho de André. Eu tiro os olhos do caderno e observo o pittbull musculoso se comportando como um bebê.

— Depende da mulher também — André diz, chamando a minha atenção para si de novo enquanto brinca com as orelhinhas do cachorro fofo — Eu quase nunca saio daqui, mas as vezes quando eu subo pra falar com o Marrom sempre tem aquelas ratinha magricela de unha de bruxa que gosta só de bandido — ele balança a cabeça meio puto e desgostoso da vida, e é bastante sincero, me mostrando até que ponto André ainda mantinha os princípios morais do começo da facção — Elas acha que eu sou esses vaporzinho, bucha de gerente, passa roçando, dá risadinha. Fico puto, acha que só porque tem buceta pode tudo. Vontade de arrastar pelos cabelo e matricular numa escola, devolver pra casa da mãe, sei lá —

Mais uma vez eu armo a caneta pronta para anotar de novo, com ansiedade e pressa como uma verdadeira jornalista. Franzo o cenho para ele.

— Essas meninas dão em cima de você quando você sobe o morro? — questiono, e André dá de ombros ainda focado em brincar com o cachorro.

— Primeiramente, elas dão em cima de qualquer fudido de fuzil, segundamente que as madame devem ter uns 16 pra 17 anos. Que que eu vou querer com uma criança maquiada? Assistir Barbie? — ele diz num tom tão sério e ríspido que me faz dar boas risadas com aquilo, o sotaque forte puxando os R's também é bastante característico.

Solto uma gargalhada, e André torce a boca balançando a cabeça, um ensaio de sorriso que não floresce, mas me deixa saber que ele está de bom humor, bem lá no fundo.

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⏰ Última atualização: Mar 12 ⏰

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SANTOS, art. 33Onde histórias criam vida. Descubra agora