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- Me diz alguma coisa, Danielle - Haerin afastou a cabeça para encará-la

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- Me diz alguma coisa, Danielle - Haerin afastou a cabeça para encará-la. - Não precisa me dizer palavras bonitas, mas apenas me diga ou faça alguma coisa pra eu saber o que esperar.

A Marsh tentava encontrar as palavras certas. Poderia dizer bem ali no meio daquele restaurante a sua assistente o quão maravilhosa ela era e o quanto a queria bem. Era só dizer isso que Haerin entenderia que ela também foi fisgada. Não havia mistérios em só dizer o que era a verdade que estava em seu coração.

Danielle abriu a boca, mas logo tornou a fechar. Sentia sua garganta seca, seu corpo trêmulo e quase pegando fogo por estarem tão próximas e sua mente dizia que Haerin era a pessoa certa. Era a pessoa que a conhecia bem e a tratava melhor do que todos. Era a pessoa que ela admirava e queria sempre por perto. Era a pessoa que há muito tempo vinha morando em sua mente, mas ela nunca quis admitir.

Era estranho ter um sentimento tão grande velado dentro do peito. A Marsh nunca tinha passado por aquilo, nunca soube a sensação de amar e ser correspondida. Agora estava rendida de amores pela Kang, por tudo de bom que ela a fazia sentir e por fazê-la se sentir única e ela mesma.

Não foi há três dias que ela havia se apaixonado. O sentimento sempre esteve ali, mas ignorou todos os sinais. Era mais fácil não lidar com esses sentimentos. Na verdade, era mais fácil simplesmente fingir que não sentia, que era uma megera, uma vadia e tudo mais que costumavam falar sobre ela. Às vezes, lidar com a verdade era assustador demais e nem todo mundo era corajoso para enfrentá-la. E Danielle não tinha sido corajosa o suficiente para encarar a verdade.

Sentindo seus olhos arderem pela vontade que estava tendo de chorar, a Marsh foi até a mesa que havia jantado pegar sua bolsa e logo saiu do restaurante. Mentalmente, estava se xingando por ter magoado alguém que não merecia isso. Haerin foi a primeira pessoa que a viu antes mesmo dela se mostrar, mas, talvez, agora a Kang tivesse percebido que ela realmente não tem nada de bom a oferecer, assim como havia dito.

Tudo o que Danielle sabia sobre o amor, era o fato de ter amado um cachorro e seus pais. Seu cachorro morreu quando ela tinha doze anos, seus pais quatro anos mais tarde. Nada que ela amava ficava em sua vida, todos iam embora, mas iam para nunca mais voltar. Por causa desses traumas, não sabia lidar com esse sentimento, então nunca se permitiu se apegar demais a alguém para depois ser deixada. Era muito mais fácil deixar as pessoas, antes que elas fizessem isso.

Sua terapeuta sempre dizia que uma hora ela teria que lidar com esses conflitos. Mas o que poderia fazer se tudo isso a assustava no momento? Poderia ser julgada por ser traumatizada e preferir se manter dentro de uma couraça aço onde ninguém entrava? Não, ninguém poderia julgar, pois só ela sabia o que sentia. As pessoas de fora até poderiam compreender, mas compreender não era o mesmo que sentir.

Quando chegou ao carro, não demorou muito e Haerin apareceu, ela tinha nas mãos uma sacola e seu rosto mostrava que havia se chateado. Agindo como sempre agiu, a Kang abriu a porta do carro para Danielle e depois foi para o lado do motorista. Assim que se sentou, Haerin olhou para a sacola que agora estava em seu colo e olhou para Marsh.

- Você não comeu a sobremesa - Haerin estendeu a sacola para que a Marsh pudesse pegar.- Um jantar não é jantar sem uma sobremesa.

Se já se sentia estúpida, Danielle acabou se sentindo muito pior. Ela havia claramente magoado a Kang ao seu lado e ela ainda se preocupou com a sobremesa que não haviam pedido.

O caminho até o píer foi feito em silêncio, um silêncio nada confortável. Haerin ficava se perguntando se tinha feito alguma coisa errada durante a noite para ela ter acabado daquele jeito. Quando saiu de casa, só tinha a intenção de mostrar a Danielle que se ela quisesse tornar aquela mentira real, elas poderiam. Ninguém jamais saberia que aquilo era uma farsa. E mesmo casadas, poderiam passar por todos os processos que um casal passa até decidirem unir suas escovas de dentes.

Para Haerin não havia pressa alguma em nada. As duas poderiam apenas aproveitar e se conhecerem melhor como um casal. Porém, vovó Kang havia se enganado, Danielle não correspondia da mesma forma, apenas sabia fingir muito bem. Esse não era o primeiro fora que levava na vida, mas de longe é o que mais doeu. Haerin realmente acreditava que seria correspondida e agora se sentia frustrada pela expectativa criada que não se tornou real. O pior em tudo isso é que nem conseguia ficar com raiva de Danielle. Queria continuar fazendo as mesmas coisas e continuar perto dela. Só que, nesse momento, ficar tão perto a machucava. Provavelmente acordaria amanhã com a cabeça mais no lugar e passaria por cima disso, mas neste momento não conseguia não mostrar o tanto que ficou decepcionada.

Durante o caminho até em casa, Danielle ficou se cobrando mentalmente para dar uma resposta a Haerin. As palavras vinham na ponta da sua língua, mas simplesmente não saiam. Foi torturante ver o olhar tristonho dela e simplesmente não ser capaz de fazer o mínimo para reverter a situação.

Assim que pisaram em casa, Haerin foi guardar a sobremesa, pois Danielle disse que havia perdido a fome. As duas seguiram para o quarto e quando a porta foi fechada, a Kang pegou seu pijama indo até o banheiro. Logo que voltou, parou no meio do quarto deixando um suspiro escapar.

- Eu vou dormir no quarto de Hanni. - comunicou pegando Danielle desprevenida.

- Haerin - se aproximou dela, não precisa fazer isso.

- Nesse momento eu preciso. Está um clima horrível entre nós, e não gosto disso - colocou as mãos na cintura. - Não se preocupe, amanhã continuarei encenando.

- Haerin... - a Kang tentou sair, mas ela parou na sua frente a impedindo.

- Tudo bem, o silêncio também é uma resposta - Haerin tentou sair de novo, mas foi impedida.

- Não, não dei nenhuma resposta ainda - Danielle sentia sua respiração falhar. - É só que…

- Não se preocupa - a interrompeu olhando nos olhos. - Não é obrigada a me corresponder. Eu só quis ser sincera comigo e com você. Eu te fiz a promessa de te ajudar e vou cumprir, mas hoje eu preciso ficar longe de você - Haerin se aproximou mais, sentindo a vontade de beijar Danielle, mas deu um passo para trás se controlando. - Estarei no quarto ao lado, se precisar de algo, me avise.

Lentamente, querendo dar a chance de Danielle falar alguma coisa, Haerin foi até a porta do quarto, quando a fechou atrás de si, sentiu uma fina dor no fundo do peito. Realmente Danielle não era obrigada a corresponder, mas pelo menos esperava que ela dissesse isso com todas as letras. Se ouvisse logo de cara um não, seria mais fácil de continuar nessa mentira sabendo que nunca teria chances. Com a questão ficando no ar, só fazia seu coração continuar se iludindo que Danielle cairia na real e diria a ela que se sentia da mesma forma.

 Com a questão ficando no ar, só fazia seu coração continuar se iludindo que Danielle cairia na real e diria a ela que se sentia da mesma forma

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