Penúltimo Capítulo

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- Volta mamãe. - murmuro em vão. - Eu te amo tanto, mamãe. - soluço alto.

Eu não quero dizer adeus. Eu não posso dizer adeus. Viro o rosto para o monitor que apitava, me inclino e desligo o botão, o silenciando. Volto a acariciar o rosto de mamãe, sentindo as minhas lágrimas molharem o meu colo, ensopando-o. Meu único desejo é partir, ir embora com ela. Beijo todo o seu rosto e volto a deitar a minha cabeça em seu peito parado, sem vida. O seu cheirinho de algodão estava presente, a última vez que o sentirei. Por que? Abraço-a apertadamente, e volto a fechar os meus olhos... Não estou preparada para o adeus...

(...) 

- Por favor, senhorita Armstrong. -  o médico indaga. - Precisamos remover o corpo para o necrotério. 

Apenas balanço a cabeça de olhos fechados. Já tinha amanhecido. A enfermeira tinha me despertado e ao perceber que mamãe estava morta e fria, acionou o médico, em poucos minutos, estava uma equipe tentando me persuadir a soltá-la. Não posso soltá-la, porque a partir do momento que eu me afastar dela, minha vida acabará de vez. Não posso viver sem a mamãe.

- Senhorita Armstrong? - uma voz feminina me chama e toca em meu braço.

- Não! - grito e agarro mais em mamãe. - Não me toque. Nos deixem em paz!

Eles não tentam mais me tocar e não falam comigo. Mas eu escuto as suas vozes, apesar de não compreender absolutamente nada do que dizem e não quero. Quero que eles sumam e me deixem com a minha mãe.

- Aonde está ela? - escuto uma voz muito conhecida.

- Ali! - alguém diz.

Uns segundos depois, sinto a presença de mais alguém no quarto.

- Becky? -  voz é suave, doce.

Abro os meus olhos e a olho... Irin está parada á minha frente, o seu semblante era rígido, porém, os seus olhos estavam entristecidos.

- Ela morreu, Irin. - digo e retorno a chorar, massacrada pela dor.

- Infelizmente. - murmura e se aproxima de mim. Olha para a mamãe com pesar, e em seguida para mim. - Você precisa deixá-la ir...

- Não posso. - respondo ao pranto.

- O corpo de sua mãe tem que descansar assim como a alma dela. Deixa-a descansar em paz, minha amiga. - ela me diz, então, oferece a mão.

Olho para a mão de Irin, em seguida, para o rosto pálido de mamãe. Beijo suavemente o rosto de mamãe com as palavras carinhosas de que a amo, então, seguro a mão de Irin que me puxa, um pouco relutante, desço do leito.

Assim que piso no chão, parece que a minha dor se multiplica e minha vontade era de voltar para o leito, para junto de mamãe, porém, é tarde demais. Irin me abraça fortemente e eu desabo em seu ombro. Ela me deixa chorar á vontade, respeita a minha dor e o meu tempo. A equipe se move rapidamente ao colocar mamãe em uma maca e a levam embora... A angustia de vê-la partir me arrasa, e as lágrimas aumentam.

- Desculpe-me interromper o momento. Sei que é muito doloroso, mas, tenho que perguntar. Já entraram em contato com a funerária? - o médico pergunta, desconfortável.

Solto-me de Irin e me sinto impotente ao perceber que não tenho nenhum tostão para enterrar a minha mãe, e nem lhe dar um velório digno.

- Não! - respondo sofrida. - Eu não tenho dinhei... - Irin me interrompe.

- Eu me responsabilizarei com a funerária. - ela responde por mim, e eu a olho agradecida. - Não se preocupe, em menos de meia-hora eles estarão aqui. - volta-se para mim. - Vamos para casa, você precisa se preparar para o velório. 

El Sabor De Lá Venganza { FreenBecky }Where stories live. Discover now