Penúltimo Capítulo

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- Eu não quero que você nunca me falte, mamãe. Nunca! - falo chorando.

Mamãe sorrir suavemente, mas as lágrimas deslizam pela sua face. Beijo as suas bochechas e volto a abraçá-la. Sentindo uma imensa necessidade de escutar os seus batimentos cardíacos.

- Eu sempre estarei com você, meu amor. Em seu coração e em sua mente, eu sempre estarei com você. - ela sussurra, e volta a me ninar.

Mantenho-me calada. Eu não vou suportar se a minha mãe me deixar. Minha esperança é que ela fique boa o suficiente para voltar para casa. E ela vai voltar! Tenho fé que sim. Coloco em minha cabeça que esse momento que estamos passando é passageiro. Apenas uma fase. Tudo voltará a ser como antes.

Ela acaricia o meu braço e segura o meu cotovelo suavemente. Sinto o peito dela vibrar, sua voz doce soa baixinha, mas no tom certo para escutá-la. Ela está cantando, e rapidamente reconheço a música, a mesma que ela sempre cantava pra mim quando eu era criança. Sorrio em meio as lágrimas, fecho os meus olhos e deixo que a voz da mamãe me acalme por dentro. Que sane as minhas feridas.

Pego no sono com a voz de mamãe cravada em minha memória...

... O meu sono é inquieto. Sem sonho, apenas inquieto. Abro os meus olhos, estão pesados, minha cabeça se encontra igual, como se tivesse chumbo dentro dela. Parecia que iria explodir em qualquer momento. Mamãe estava quieta, extremamente parada. Os meus sentidos demoram um pouco para voltar, escuto um apito constante que demoro a entender que se trata do monitor cardíaco, o único aparelho do quarto. Sinto um baque dentro de mim e minha respiração falha com um medo incontrolável de me mover, de erguer a cabeça e olhar para o monitor.

Mamãe ainda se mantém quieta. Quieta demais . Não escuto os seus batimentos cardíacos nem os movimentos torácicos de sua respiração. Minha garganta seca completamente, e todas as sensações ruins que eu estava sentindo antes, voltam, com força maior, o meu corpo parece que foi lançado em frente de um caminhão e o mesmo foi arrastado. De repente, tenho consciência de cada músculo presente em meu corpo, porque eles doem de maneira insuportável, enquanto, a minha mente me confirmar o óbvio.

O meu queixo bate fortemente á ponto de reproduzir um barulho chato. Não consigo controlar. Percebo que estou me debatendo em cima do leito de tanto que tremo. Não consigo parar. O meu corpo e minha mente parecem que vão entrar em colapso. As lágrimas me cegam, abro a boca com vontade de gritar, mas nada sai... Absolutamente nada.

Pisco fortemente para as lágrimas se dispensarem e que a minha visão volte ao normal. Com uma coragem que não tenho, ergo a minha cabeça e olho para o rosto da mamãe... Sua expressão é de pura paz, os seus olhos fechados e os seus lábios curvados para o lado, como se tivesse sorrindo. Escuto um apito alto em minha cabeça, como se os meus ouvidos estivessem explodindo, abaixo o olhar... Ela não estava respirando. Levo a mão trêmula até a sua jugular... Sem batimentos...

- Mãe. - hamo baixinho, rouca, sentindo o meu ar se dispensar. - Mamãe... Mãezinha... Por favor, mamãe. - imploro baixinho, incapaz de me mover. Os olhos fixos nela. Ela não se mexe. Meu Deus, ela não se mexe! - Não me deixe mamãe, preciso tanto de você, mamãe. Por favor?!

Sem resposta. A dor me rasga, não apenas o meu coração, mas como a minha alma. O choro se torna compulsivo. Ela partiu. Ela me deixou sozinha nesse mundo cruel. Por que eu não fui com ela, meu Deus? Por que o Senhor não me levou? Por que?

Acaricio o seu rosto que estava levemente frio. Nunca mais eu poderei tocá-la. Nunca mais poderei ver o brilho dos seus olhos. Nunca mais serei presenteada com o seu sorriso. Nunca mais ouvirei a sua voz. Nunca mais. Eu não quero suportar isso. Eu não estou preparada para o adeus.

El Sabor De Lá Venganza { FreenBecky }Where stories live. Discover now