- O sol da manhã banhava a mansão com uma luz dourada, prometendo um novo dia cheio de possibilidades. Louise estacionou seu carro na entrada da casa e saiu, um sorriso radiante iluminando seu rosto. A noite anterior havia sido uma agradável pausa na solidão da mansão, e as memórias da companhia de Dylan ainda aqueciam seu coração.
Ela subiu os degraus da entrada com passos leves, a chave girando suavemente na fechadura. Ao abrir a porta, Louise foi recebida por um silêncio quebrado apenas pelo canto dos pássaros lá fora. A luz do sol se infiltrava pelas janelas empoeiradas, criando padrões no chão de madeira que refletiam a beleza esquecida da mansão.
- Que belo dia para continuar o trabalho. - murmurou ela, colocando a bolsa sobre uma mesa próxima.
Enquanto Louise explorava o espaço, sua expressão mudou gradualmente. A desordem que Brahms havia deixado na noite anterior se revelava a cada passo que ela dava. Livros jogados no chão, ferramentas espalhadas e caixas viradas - o caos era evidente. No entanto, em vez de medo, uma determinação firme tomou conta dela.
- Parece que temos um pequeno poltergeist, hein? - disse Louise, mais para si mesma do que para qualquer outra pessoa, enquanto começava a reorganizar a sala.
Nas sombras, Brahms observava, o coração pesado. A visão de Louise, tão cheia de vida e resiliência, era ao mesmo tempo inspiradora e dolorosa. Ele se perguntava como alguém tão vibrante poderia existir no mesmo mundo que sua sombria existência. A maneira como ela lidava com a desordem, sem medo, apenas com a intenção de restaurar a ordem, o fazia questionar suas próprias ações.
Ele permaneceu imóvel, uma figura oculta, enquanto Louise cantarolava baixinho, trabalhando para trazer harmonia de volta à mansão. Brahms sentiu uma pontada de arrependimento, desejando poder se juntar a ela à luz, em vez de apenas observar das trevas.
Com a mansão agora em silêncio, Brahms se recolhia nas sombras, refletindo sobre suas ações. Louise, por outro lado, começava um novo dia com a determinação de restaurar a beleza da casa.
- A luz da manhã traz novas esperanças. - Louise pensou alto, enquanto abria as cortinas e deixava o sol invadir o espaço. Ela começou a limpar a bagunça, cada movimento um desafio à presença sombria que sentia ao seu redor.
Enquanto isso, Brahms lutava com a solidão e o desejo de se conectar com Louise. Ele sabia que não podia continuar a viver nas sombras, mas também temia o que poderia acontecer se revelasse sua verdadeira natureza.
- Talvez seja hora de mudar. - sussurrou para si mesmo, uma decisão formando-se em sua mente.
Louise, agora terminando de arrumar a sala, sentiu uma mudança sutil no ar. Era como se a casa estivesse respirando de alívio, ou talvez fosse apenas sua imaginação.
- Bem, Brahms, se você está aí, saiba que não tenho medo de você. - Ela falou em voz alta, meio brincando, meio séria.
Foi então que algo inesperado aconteceu. Um livro caiu da prateleira, como se respondendo ao seu desafio. Louise se virou rapidamente, seu coração acelerando com a surpresa. Mas, em vez de medo, ela sentiu uma curiosidade crescente.
- Está na hora de nos conhecermos, não acha? - disse ela, dirigindo-se à presença que sentia na sala.
Brahms, ouvindo suas palavras, sabia que o momento da verdade havia chegado. Com um suspiro quase inaudível, ele deu um passo para fora das sombras, pronto para enfrentar o que quer que o futuro reservasse.
- A respiração de Louise tornou-se mais pesada, e seu coração batia com uma força que ela não podia ignorar. Ela sempre se considerou racional, cética até, mas naquele momento, a linha entre a lenda e a realidade parecia turva. As histórias sobre Brahms, que ela descartara como folclore local, agora sussurravam em sua mente com uma urgência inquietante.
- "Isso é ridículo," - ela murmurou para si mesma, tentando afastar o medo. - "Não há nada aqui além de velhas histórias para assustar crianças."
Ela se aproximou do livro caído, sua mão hesitante por um momento antes de pegá-lo. O título na capa era antigo, as letras desbotadas pelo tempo, mas ainda legíveis: "Os Segredos das sombras". Louise engoliu em seco, a ironia da situação não perdida para ela.
- "Brahms, se você está aí, eu não acredito em fantasmas," - disse ela em voz alta, a firmeza em suas palavras um pouco forçada.
O silêncio que se seguiu foi profundo, quase tangível. Então, um som suave, quase como um suspiro, ecoou pelo corredor. Louise congelou, seu coração pulando uma batida. Ela virou-se lentamente, meio esperando, meio temendo ver algo que desafiaria sua visão de mundo.
Mas não havia nada lá, apenas o jogo de luz e sombra criado pelas janelas empoeiradas. Louise respirou fundo, encontrando coragem em sua própria voz.
- "Mostre-se," - ela desafiou, sua voz agora mais firme. - "Se você é real, então não há razão para se esconder."
Ela esperou, cada segundo esticando-se como uma eternidade. Então, como se movido por uma força invisível, outro livro caiu da prateleira, seguido por outro, e outro, até que uma pilha de livros antigos jazia aos pés de Louise. Seu coração batia alto em seus ouvidos, mas ela se manteve firme.
- "Eu não tenho medo de você," - Louise declarou, embora sua voz tremesse ligeiramente.
- A atmosfera na sala mudou quando um som sutil de madeira raspando contra madeira preencheu o silêncio. Louise olhou em volta, tentando localizar a origem do ruído. Então, com um estalo baixo, uma seção da parede de madeira antiga deslizou para o lado, revelando uma passagem escura e estreita. O coração de Louise acelerou, sua respiração ficou superficial. Ela deu um passo cauteloso em direção à abertura, a luz fraca da manhã revelando um corredor empoeirado que levava a um porão secreto.
O esconderijo era um labirinto de corredores estreitos, com paredes de pedra fria e úmida ao toque. O ar estava parado, carregado com o cheiro de mofo e tempo esquecido. Louise podia ouvir o som distante de gotas de água ecoando pelo espaço confinado. Ela engoliu em seco, a realidade das histórias sobre Brahms se tornando mais palpável a cada passo que dava.
Então, ele apareceu. Brahms estava diante dela, uma figura alta e magra, emergindo das sombras como se fosse parte delas. Seu rosto era pálido, quase translúcido, com olhos escuros que pareciam absorver a luz ao redor. Ele usava roupas desgastadas pelo tempo, que pendiam frouxamente em seu corpo esguio. Mas o mais perturbador era a máscara - uma réplica perfeita do rosto do boneco Brahms, expressão vazia e olhar fixo⁶.
Louise recuou instintivamente, um grito preso na garganta. Ela nunca acreditou verdadeiramente nas histórias, sempre houve uma explicação lógica para tudo. Mas agora, com Brahms a poucos metros de distância, ela não podia negar a verdade diante de seus olhos. O medo a envolveu como uma capa fria, mas ela lutou para manter a compostura.
- "Você é real," - ela sussurrou, a voz trêmula.
Brahms não respondeu, apenas a observava com uma intensidade que fazia Louise se sentir exposta. Ela sabia que tinha que fazer uma escolha - enfrentar o homem por trás da lenda ou fugir da realidade que se desdobrava diante dela.
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Uma Vez Com Brahms
Fanfiction🚫 PROIBIDO PARA MENORES DE 18🚫 CONTÉM HOT 🔥 Cinco anos após Greta sair da casa dos Hellshire, o imóvel vai a leilão e é arrematado por Louise Monrad, uma jovem de vinte e seis anos apaixonada por arte. Louise até então cética para alguns aspecto...
