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⚠️Todos os personagens apresentados são maiores de 18 anos
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A manhã de novembro despontava perfeita, digna de um filme de romance clichê, daqueles que são reprisados aos sábados à tarde. O sol modesto e o céu azul salpicado de nuvens compunham o cenário ideal para os derradeiros dias do outono. Era o dia em que Louise Monrad visitaria a casa recém-adquirida com a herança de sua tia-avó. Para a jovem entusiasta da arte, a residência de arquitetura antiga representava um excelente investimento.

Orfã de pais desde a adolescência, Louise fora acolhida por sua tia-avó paterna, Elizabeth, uma senhora idosa, abastada e refinada. Sob seus cuidados, Louise vivera até o falecimento da tia há dois anos, por causas naturais. Elizabeth sempre assegurara que não deixaria Louise desamparada, mesmo após sua morte, e cumprira a promessa, legando-lhe toda a sua fortuna. Embora relutante em aceitar a herança, Louise fora convencida pela tia de que era um presente, um último gesto de carinho.

Agora, aos vinte e seis anos, Louise decidira empregar o dinheiro da herança. Ao ver a foto da casa no anúncio, soube imediatamente que faria bom uso de seu legado. A propriedade lembrava-lhe da casa onde vivera com os pais em Viena, Itália, antes de se mudarem para a Inglaterra. Seu desejo era recriar o lar de sua infância, imprimindo em cada detalhe as memórias felizes daquela época e expressando seu talento artístico na renovação e decoração.

**-----Duas semanas atrás-----**

- Senhorita Monrad, boa tarde - disse o jovem corretor ao vê-la.

- Boa tarde, Sr. Simons. Estou atrasada?

Dylan Simons, o corretor de vinte e oito anos, ainda novato na imobiliária, precisava concretizar a venda da mansão Hellshire.

- Uns quatro ou cinco minutos, nada que comprometa - respondeu ele.

- O trajeto é um tanto isolado, não encontrei ninguém para pedir informações.

- De fato, é um trecho distante da cidade, e os vizinhos são escassos... Mas isso não a faz reconsiderar a compra, espero?

- De maneira alguma. Prefiro a tranquilidade. Inspira-me.

- Excelente! Vamos adentrar, então.

Adentraram a mansão empoeirada, limpa apenas superficialmente para a visita. Enquanto Louise observava o ambiente, Dylan discorria sobre a propriedade. Segundo ele, a casa dos Hellshire fora a leilão há algum tempo, mas a dificuldade em atrair lances fizera o preço cair. Ainda assim, as inúmeras histórias associadas ao local afugentavam os interessados.

- Que tipo de histórias? - indagou Louise, curiosa.

- Senhorita Monrad, a venda desta casa é crucial para a minha permanência na empresa. Receio que, ao contar, você desista da compra.

- Garanto que não. Não perderei esta oportunidade. É uma bela residência por um preço vantajoso.

- Muito bem... - começou ele. - Há cinco anos, os Hellshire desapareceram sem deixar vestígios. Viviam aqui com o filho, Brahms, que morreu criança num incêndio.

- Que triste...

- Sim, foi um golpe devastador para eles. Era seu único filho. Há um retrato da família na sala. Venha, mostrarei a você.

Ao chegarem à sala, Dylan apontou para o quadro encostado à parede, ainda coberto por um véu de poeira.

- Veja... - retirou o tecido que cobria a pintura.

- Minha nossa...!! - exclamou Louise, surpresa. - Isto é...

- Assustador? - indagou Dylan.

- É lindo! - afirmou ela, tocando a pintura e delineando os traços da família com os dedos. - Observe estas expressões, estas cores... é tão melancólico, tão dramático...

Uma Vez Com BrahmsWhere stories live. Discover now