Único

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Há dois anos atrás John chorava desesperadamente na lápide de seu companheiro, Sherlock Holmes. Sentia seu coração arder e doer, não somente pela perda, mas também por não ter conseguido dizer a Sherlock tudo o que de fato queria dizer.
Ele simplesmente o viu morrer, simplesmente o viu se jogar de um prédio e ele não pode fazer nada para impedir isso.

Mas agora tudo estava diferente, seus pensamento estavam diferentes.

Sherlock havia ressucitado e John se sentia enganado, traído, apunhalado pelas costas.
Dois anos que ele visitava o túmulo de seu companheiro diariamente, dois anos que tentava seguir em frente mas se pegava imaginando todos os dias como queria ter ido junto com ele.

— Eu ainda não acredito que ele fez isso comigo! — John exclamou em frustração enquanto fazia a barba. Ele mal estava acreditando, estava furioso, estava feliz, estava magoado. Um misto de sentimentos e emoções começaram a surgir.

— Dois anos, Mary! Dois malditos anos eu.. eu... — John marchou até a mulher que estava deitada na cama e lia uma revista de moda. Ela o encarou em preocupação. Fechou a revista e respirou fundo para tentar consola-lo.

John se sentou na beirada da cama com os olhos lacrimenjantes, Mary engatinhou até ele e acariciou suas costas.

— Ele disse que teve um motivo e fez isso para te proteger John. — Tentou o acalmar mas de nada adiantou, Watson sempre foi muito orgulhoso ainda mais se tratando de Sherlock.

— Dois anos eu tentei seguir a minha vida em frente, eu sofri, eu chorei, eu quis me matar para poder tirar essa angústia do meu peito. E agora eu descubro que foi tudo uma mentira!?

— Eu compreendo. Sim, o que ele fez foi errado, e eu consigo entender isso e como você se sente e se sentiu por todo esse tempo. Mas John... Querido... Se ele fez uma coisa tão grave desse jeito, ele teve um motivo. Um motivo sério.

Watson ficou em silêncio, ele ainda estava agitado e não entendia do porquê Sherlock havia feito isso. Mas ele parou para tentar refletir e compreender esse lado. Sherlock era um homem egoísta, disso ele sabia bem. Mas nunca conseguiria imaginar ele forjar a própria morte para lhe "proteger", disso ele havia certeza.

— É melhor vocês dois conversarem agora que tudo esta um pouco mais calmo — A mulher sugeriu. — Fará bem a você.

John Watson teria que engolir seu orgulho e também manter o controle de sua mente. Ter uma conversa pacífica com Holmes seria difícil. Por anos ele estava reprimindo seus sentimentos em questão ao detetive. Quando soube de sua "morte" havia entrado na mais profunda amargura, sem saber que rumo tomar e seu peito doía a cada dia por não ter dito para Sherlock seu sentimento por ele – Isto é, se ele não havia percebido, o que não era impossível.

Sherlock era um homem inteligente e isso era um fato. Mas John, bem antes de tudo aquilo acontecer se perguntava se Sherlock sabia dos sentimentos que havia nutrido por ele.

Ele queria gritar, sua cabeça parecia dar um nó.

Mary estava certa, ele precisava conversar com Sherlock.

[...]

— Então você já sabe!? — Sra. Hudson questionou indignada. Ela ainda estava agitada e mal parecia acreditar quando atendeu John na porta.

— Sim eu sei, e eu tô tão surpreso e indignado quanto a senhora! — Respondeu indo em direção as escadas.

A medida que subia degrau por degrau, Watson sentia suas mãos suarem frias e sua barriga revirar. A ansiedade corria por todo o seu corpo e se intensificava cada passo dado para se aproximar da porta do apartamento que estava aberta, como Sherlock gostava.

John bateu na porta mesmo assim avistando o detetive olhar fixamente para a janela.

— Sherlock nós precisamos conversar.

— Conversar o quê? — Perguntou parecendo ignorar a presença de Watson.

John cerrou os dentes, mas ele iria o escutar sim!

Fechou a porta desviando a atenção de Holmes que o olhou por cima dos ombros.

— Conversar! Tá legal? — Caminhou se aproximando e ficou atrás da poltrona ficando seus dedos no tecido felpudo devido ao nervosismo, raiva e ansiedade.

— Por que não me ligou? Me deu um sinal de vida? Por Deus! Sabe o quanto eu sofri? Ah não... não sabe, porque você é Sherlock Holmes o sem sentimentos e um homem egoísta que só pensa em si mesmo! — John exclamou cuspindo palavras doloridas.

O detetive ficou em silêncio, apesar dos pesares, ele precisava deixar que seu companheiro despesaje toda a sua frustado e raiva para fora. Mesmo que isso o magoe e doe – e com razão!

— Eu chorei no seu túmulo, eu me senti morto por dentro porque estava sem rumo nenhum! Dois anos que eu vivo lutando para conseguir seguir em frente e conseguir me envolver emocionalmente com alguém... E quando eu senti que poderia ser feliz, que poderia seguir em frente eu descubro que você... você...

— Se quiser eu atiro na minha cabeça e deixo você seguir sua vida, como queria — Sherlock sugeriu em tom irônico se aproximando do médico.

— Não! — Protestou — Não... Isso só me deixaria ainda pior. Eu só... Eu só queria viver ao seu lado como sempre fizemos, eu só queria que você confiasse em mim. Eu não vou mentir eu me sinto aliviado que você está vivo. Quando você supostamente morreu, eu me senti horrível... Horrível por que não pude dizer o que eu queria que soubesse...

Sherlock o encarou nos olhos em silêncio.

— Você provavelmente já sabe, óbvio que sabe... — John se virou frustado e triste mas Holmes segurou em seu braço.

— Eu sei John, mas eu queria ouvir vindo de você não apenas de minhas observações e deduções.

John ficou um pouco receoso e envergonhado, mas ele precisava dizer a verdade.

— Bem... Eu gosto de você, gosto de verdade. Eu não sei o que seria da minha vida sem você, esses dois anos foram uma tortura por que eu queria estar junto com você! Eu tenho sentimentos por você, Sherlock Holmes eu te amo, te amo tanto que eu não consigo me ver sem você de novo.

Sherlock abraçou John firmemente e depositou um beijo em sua testa. John lacrimejava e segurava as roupas do detetive com força.
Sentia que havia se livrado de um grande peso de suas costas. Se sentia aliviado.

Sherlock segurou o queixo do médico com cuidado levantando sua cabeça, o fazendo encarar em seus olhos. Sem mais nem menos, Sherlock o beijou sentindo o gosto das lágrimas de Watson. Um beijo calmo e cheio de sentimentos.

Sherlock parou o beijo se afastando bem devagar, John estava corado e com um pequeno sorriso no rosto.

— John Watson você não faz idéia de como eu o amo. Mas me chatea ver você com Mary. — Se afastou dos braços arrumando sua postura.

— Foi ela que me encoarajou falar com você. Bem, eu vou falar com ela depois... Acho que ela vai me entender — Disse um pouco incerto. Mary era uma mulher incrível e merecia o melhor do mundo.

— É claro que ela irá — Respondeu encarando o médico e sorriu mínimo — Mas sabe o que me deixa feliz? Saber que você não está mais usando aquele bigode.

— Ah, Sherlock! — Riu baixo ficando na pontinha dos pés para conseguir ficar próximo do rosto do detetive.

Holmes segurou em sua cintura e o puxou lhe dando um beijo apaixonado.

I love you my dear. [JohnLock]Where stories live. Discover now