Capítulo 13

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O restante do tempo que me restava de liberdade com a porta destrancada eu acabei desperdiçando para evitar a presença de Olivia e Albert, sabendo que ela ficaria para o jantar preferi pedir que algo de comer fosse levado até meus aposentos. Meus pensamentos vagavam pelas diversas coisas que ela havia me dito, agora eu entendia o porquê deles pensarem que eu queria atingir Albert com a história do bebê, ao mesmo tempo em que eu não conseguia acreditar que ele tivesse tido a capacidade de fazer algo tão cruel com o próprio filho e com Olívia. É claro que ela também era culpada, mas senti pelas suas palavras que ela não teria tomado veneno para abortar se meu irmão houvesse cogitado casar-se com ela. De certa forma, eu entendia o porquê dela me culpar, era mais fácil acreditar que tudo isso era minha culpa do que aceitar o fato de que ela mesma causou a morte do filho deles, ela e o homem que ela ama cegamente.

Terminei meu jantar e percebi uma movimentação na noite escura e fria lá fora, indicando que a carruagem provavelmente estava levando nossa visitante embora. Passaram-se alguns minutos e houve um barulho na minha porta, o que parecia ser o momento em que eu seria trancada até o dia seguinte, mas a figura do homem loiro de cabelos bem penteados adentrou o quarto. A expressão de Albert parecia indecifrável, não soube dizer se ele parecia infeliz ou chateado, era como se ele tivesse colocado uma máscara antes de entrar.

- Boa noite, Emily.

Eu apenas encarei o chão, era muito difícil olhar para ele nos olhos depois de saber de tudo.

- Olivia insistiu que eu falasse com você para que me confirmasse que não foi ela quem contou sobre nosso envolvimento.

- Eu não sabia sobre a situação de vocês naquela noite, fiquei sabendo hoje porque ela me explicou.

Ele suspirou impaciente.

- Emily, não tinha como você saber sobre isso sem que alguém te contasse. Se não foi Olivia, eu suponho que a única pessoa próxima de você que possa saber desta história é o desgraçado do Samuel!

- Albert, raciocina! Por que eu iria querer fazer algo de tamanha magnitude para te atingir?! Que tipo de pessoa você acha que eu sou a ponto de usar uma... – travei com as palavras, pois aquilo era realmente terrível de dizer em voz alta – caveira para brincar com os seus sentimentos dessa forma?!

- Eu não sei! Mas acho que alguém possa ter sugerido a ideia!

Eu soltei um riso debochado de descrença.

- Então todos os problemas são culpa dele? Na sua cabeça, Samuel me contou sobre o seu romance com Olivia E sobre um aborto para que EU pregasse uma peça – fiz sinal de aspas na última palavra – em você para me vingar por ter me beijado? Isso é inacreditável!

- Eu sei que você não pensaria nisso sozinha, Emily, mas ele ganharia muito com isso! Pense no dia em que ele falou sobre meu comportamento na capital quando fomos visitar a família da Olivia! Ele quer te colocar contra mim!

Fiquei parada finalmente olhando nos olhos dele por um momento. Se meu primo não soubesse tudo que estava acontecendo comigo, se eu não houvesse lido o diário, e se eu não soubesse que havia sido possuída pelo espírito de Jane, SE tudo isso não fosse um fato, talvez uma pequena parte de mim que ama profundamente como irmão o homem que estava na minha frente acreditasse em tamanho absurdo. Em outra realidade, talvez sua tentativa de manipulação funcionasse.

- Não quero mais envolver o Samuel nessa conversa, você pode não acreditar mas NÃO, ele não me falou nada sobre vocês. Mas entendo a Olivia me culpar, pois para ela isso faz muito sentido. Agora você, você disse que me ama, mas acha que eu seria capaz de tentar te magoar de maneira tão baixa? Mesmo que toda sua teoria fosse verdade, ainda assim quem fez tudo o que fez FUI EU! Inconscientemente, mas fui eu.

Mansão KramerWhere stories live. Discover now