O Leilão || Malila.

- 13.

{2 semanas depois...}

Carla Maraisa

- São três anos de investimento - Meu funcionário explica apontando para o painel - Estamos bem, senhora Maraisa.

" - Eu sinto falta da minha família - Marília fala com a voz embargada - Mas você... você está... está matando um pouco dessa saudade. 

- Mari-

 
Eu sei que... não sou fácil, mas eu... eu... talvez... talvez eu goste mais de você do que o normal."

Sorrio sozinha com a lembrança e continuo sem prestar atenção na reunião, ansiosa para que ela acabe logo e eu vá ao encontro de Marília na minha casa.

Nos últimos dias, tenho pensado em fazer algo diferente para nos duas, mas não consigo pensar em nada, principalmente porque Marília ainda não se sente segura em sair da fazenda, mesmo que seja comigo, ela não quer ir para longe e tem medo de pessoas estranhas, mesmo que isso tenha melhorado bastante desde que ela chegou, então tem que ser algo na minha fazenda.

- A senhora ouviu? - Meu funcionário me chama - Estávamos falando sobre gráficos.

- O que? Não, eu... Não.

- Quer que eu repita?

- Como eu faço uma surpresa dentro de casa? - Pergunto procurando ajuda - Tipo... algo romântico?

- O que isso tem haver com a reunião?

- Nada, mas eu estou pedindo a sua ajuda - Dou de ombros - Ou você é demitido. Eu... eu não sei o que fazer.

- Leva a pessoa para um restaurante - Ele fala apreensivo - Ou para um lugar legal.

- Não, tem que ser em casa, na minha fazenda para ser específica.

- Pode ser um piquenique, senhora, ou um passeio a cavalos, algo do tipo, são coisas romântic-

- Eu posso levar ela de cavalo até o piquenique e ao por do sol - Falo rapidamente pensando na surpresa - Isso é romântico, não é?

- S-sim, acho que sim - Ele concorda assustado - Flores tamb-

- Vou comprar flores.

Pego minha bolsa em cima da mesa e saio da sala rapidamente, para ir ao mercado, comprar as coisas para fazer meu piquenique com Marília.

Compro flores vermelhas, compro chocolate, vinho, frutas, pães, tudo que eu vejo, coloco na sacola e mesmo podendo pedir para alguém fazer isso para mim, quero fazer tudo com as minhas próprias mãos, para mostrar para a ruiva que eu me importo com ela e com o nosso relacionamento imaturo, já que não temos nenhuma definição.

Não quero pressionar Marília para nada, quero que que seja fluido, o que tem para acontecer, vai acontecer no seu tempo, não vou forçar, principalmente porque as coisas não são assim. Quero viver intensamente nossos pequenos momentos e ajudá-la a achar a sua família, já que eu sei que isso é uma das coisas mais importantes para ela e nesse momento só a sua felicidade importa e eu quero focar minha energia nisso.

Vou para a minha casa cheia de sacolas e no caminho fico pensando em como vou esconder tudo isso, especialmente porque quero fazer uma surpresa para a loira.

Abro a porta devagar na esperança de não fazer barulho e subo para o quarto de hóspedes tentando não fazer nenhum movimento brusco. Coloco as coisas dentro e quando vou fechar, alguém surge atrás de mim e eu fecho a porta rapidamente

- Oi, Isa - Marília fala se aproximando - Você demorou.

- E-eu... eu estava ocupada e... trabalhando muito e eu não...

- Você está mentindo - A loira nega com a cabeça - Está gaguejando e falando devagar, o que você está fazendo?

- Como você sabe disso?

- Eu te conheço - Ela dá de ombros - E você não mente para mim.

- Eu estava ocupada.

Marília me olha brava e revira os olhos por mim supostamente estar escondendo algo dela e eu começo a rir pela sua braveza que eu amo. Me aproximo mais dela e passo minhas mãos pela sua cintura, puxando ela para perto.

- Não vou te beijar - Ela nega tampando minha boca - Você não merece beijo.

- Mereço sim.

- Não merece não, hoje você não vai ter nenhum beijo nem nada.

Marília tenta tampar a minha boca, mas eu tiro sua mão e junto nossos lábios, recebendo seu resmungo irritado e eu aprofundo o beijo. Coloco Marília contra a parede e aperto a sua cintura com as mãos, fazendo de tudo para tocar no seu corpo totalmente, até que a loira sobe as mãos para o meu pescoço e me puxa para perto, gemendo baixinho quando eu mordo seu lábio inferior.

- Maraisa... - Marília me afasta com a mão no meu pescoço - Vamos nos controlar, Tina está lá embaixo.

- Mas eu fiquei o dia inteiro fora, só queria te beijar.

- Eu também, Isa, mas não no meio do corredor.

Reviro meus olhos e Marília segura meu rosto, dando vários selinhos na minha boca até eu sorri para ela e não conseguir ficar brava.

- Eu quero te ensinar a fazer uma coisa que eu fazia com a minha família - Marília fala alisando minha bochecha com o polegar - É... é importante para mim.

- Então é importante para mim também...

A loira sorri de orelha a orelha e me puxa pelas mãos para o andar de baixo, me levando até a cozinha, aonde eu vejo a bancada cheia de ingredientes separados.

- O que vamos fazer, Lila?

- Eu e a minha irmã cozinhávamos juntas e... a nossa receita favorita era lasanha, nos fazíamos a massa, o molho, fazíamos tudo.

Vejo o semblante de Marília mudando e eu percebo como ela fala tudo no passado, "era", "fazíamos", como se isso nunca mais fosse acontecer.

- Lila... vocês vão se encontrar ainda - Falo deixando um beijo na sua bochecha - Eu prometo.

- Eu sei... mas eu... eu quero que seja especial com você também.

- Então podemos fazer...

Marília deixa um selinho na minha boca e começamos a receita e Marília me ajuda o tempo inteiro, mesmo sabendo meu jeito meio atrapalhado para fazer receitas. Fazemos a massa, o molho, as carnes, tudo, e quando colocamos no forno, eu vejo Marília um pouco triste, provavelmente relembrando como ela fazia isso com a sua irmã.

Abraço ela por trás e deixo um beijo no seu pescoço, passando meus braços pela sua cintura e eu decido tomar coragem para convidá-la para o nosso encontro.

- Eu não quero sair da fazenda, Isa, eu não consigo ainda.

- Eu sei... eu sei - Tento continuar falando - Eu queria te convidar para um encontro na fazenda mesmo, um encontro igual um de casal.

Marília se vira nos meus braços e me olha confusa, o que me deixa mais nervosa ainda. Nunca fui romântica a ponto de convidar ou planejar encontros, sempre achei uma baboseira isso, mas com Marília eu quero fazer e viver todo o romance possível.

- Isa...

- Não precisa se quiser, se você achar besteira ou desnecess-

- Eu quero - Ela concorda devagar e segura meu rosto - É só... só que é fofo te ver falando.

- Quer mesmo? - Pergunto animada - Podemos planejar algo juntas se você quiser, assist-

- Eu tenho certeza que o que você planejou é perfeito - Marília sela nossos lábios e sorri para mim.

- Perfeito igual você...

A loira solta uma risada baixinha e junta nossos lábios, sorrindo no meio do beijo. Abraço ela com força e ficamos nesse grude no meio da cozinha.

- Eu queria ter te conhecido antes disso acontecer comigo - Marília fala olhando nos meus olhos - Me pouparia de muita dor.

- Mas eu estou aqui agora...

- Eu sei... por isso me sinto feliz por estar aqui, porque eu tenho você aqui.