O Leilão || Malila.

- 11.

Carla Maraisa

- É a mesma quantidade, Maraisa - Tina me explica - Depois você mistura os líquidos com os secos.

- Não tem massa pronta? - Pergunto desapontada - Ou... ou eu posso ir comprar um pronto.

- Com todo o respeito, a senhora não é boa na cozinha, porque está tentando fazer um bolo?

Para mostrar para Marília que eu aprendi a fazer.

- Nada não - Resmungo baixinho - Eu só queria fazer.

- Sei...

Reviro meus olhos e continuo seguindo as ordens de Tina, tudo em prol de fazer um bolo de chocolate gostoso. Termino a massa e coloco no forno, totalmente feliz e orgulhosa por mim mesma e por conseguir fazer de primeira algo que eu nunca fiz nada vida.

Não sou de cozinhar, não sou de limpar ou qualquer coisa que envolva tarefas domesticas, mas quero fazer algo legal para Marília, na expectativa de mostrar que que eu aprendi quando ela tentou me ensinar a fazer o bolo e a cobertura.

Pego os ingredientes e me preparo para fazer a cobertura, mas quando vou começar, vejo Marília entrando na cozinha. Todos os dias ela desce de pijama e com o rosto amassado, o que eu acho uma graça.

- Oi, bom dia - Marília entra na cozinha devagar.

- Oi...

A loira se aproxima de mim devagar e para do meu lado, sem entender do porque eu estou cozinhando algo.

- O que você está fazendo, Maraisa? - Ela pergunta rindo.

- Bolo de chocolate - Dou de ombros.

- Eu faria para você - Marília se aproxima mais de mim - Por que você não pediu?

- Porque eu quis fazer para você, senhora arrogante - Sorrio de lado e olho para ela.

- Eu já disse para você parar de me chamar assim.

- E eu já disse que gosto de te chamar assim.

Ela sorri sapeca e eu deixo um selinho na sua boca, arrancando uma risada envergonhada da loira que esconde o rosto atrás do meu ombro, sem conseguir manter a sua marra por muito tempo.

- Você quer me ajudar? - Pergunto para ela - Falta a cobertura.

- Eu já te ensinei a fazer a cobertura, Maraisa.

- Mas você pode fazer pra mim.

- Ah é? - Marília pergunta aproximando sua boca da minha - E por qual motivo eu teria que fazer?

- Porque eu estou machucada e você tem que me ajudar, senhora arrogante.

- Eu te ajudo só por isso - Marília fala pegando a colher da minha mão.

- Não é por que você gosta de mim?

- Não.

Reviro meus olhos e fico vendo Marília fazer a cobertura do bolo, fazendo tudo com mestria. No momento que eu vou pegar um pedaço de chocolate, meu celular começa a tocar e eu me afasto para atender, mesmo estranhando que seja um número desconhecido.

- Alô? - Falo pela chamada - É a Maraisa, quem está ligando?

- Maraisa? Finalmente você me atendeu - A pessoa fala rapidamente - Maraisa, sou eu, a Mai.

- Maiara?

- Sim, sou eu.

Meu coração começa a acelerar e eu sinto minhas mãos suando, a ansiedade vai trazendo um sentimento ruim e eu sequer consigo responder a minha irmã pela chamada.

- Maraisa, por favor, não desliga - Maiara pede rapidamente - Não bloqueia meu número, vamos conversar.

Não consigo responder, eu evitei ele contato tantos anos e por um descuido eu atendo a maldita chamada. Não consigo agir, a mágoa ainda está dentro de mim, principalmente por ela não ter feito nada quando aquele homem me deixou na rua por dias.