- 3.

185 26 1
                                    

Carla Maraisa


- A senhora quer alguma coisa? - Tina pergunta entrando no meu escritório - Algo para comer? Antes de eu ir embora?

- Não, obrigada - Nego com a cabeça e continuo focada no meu computador - Pode ir.

Tina saí da minha sala e eu continuo focada no meu computador, tentando achar algo sobre esse leilão aonde eu comprei a loira. Procuro qualquer informação, seja quem começou, como elas conseguem as pessoas, quem são os frequentadores, mas parece que não existe nada na internet, como se o leilão não existisse e fosse apenas uma ilusão da minha cabeça.

Quero descobrir de onde aquelas pessoas vieram, se foram arrancados das suas famílias a força, de como foram parar ali, até para de alguma forma tentar ajudar a loira que está na minha casa.

Levanto da minha mesa totalmente frustrada e vou até uma mesinha no canto do escritório. Pego uma garrafa de vinho e encho a minha taça, na esperança de pensar em soluções para tentar achar algo sobre aquele leilão.

Quando viro minha taça, escuto um barulho alto no andar de baixo, como se fosse um copo quebrando e eu desço rapidamente para ver o que aconteceu.

- Merda, merda, merda - A loira fala nervosa.

A loira, até então sem nome, está com mão cortada, sujando sua roupa branca com um pouco de sangue, enquanto ela xinga Deus e o mundo por estar brava.

- Posso te ajudar? - Pergunto me aproximando dela.

- Não quero a sua ajuda - Ela responde pegando um pano e tentando estancar o sangue.

- Senhora arrogante, acho que é melhor você colocar de baixo da torneira.

- Eu já disse que não quero sua ajuda.

Reviro meus olhos e me apoio na bancada, vendo a sujeira que a loira faz com meus panos de prato.

- Não para de doer - Ela resmunga baixinho.

- Coloca debaixo d'água, senhora arrogante.

- Para de me chamar assim, eu tenho nome!

- Qual seria?

- Não te interessa.

A loira tenta pegar mais um pano, mas eu decido ajudá-la, mesmo que a força. Pego a sua mão e coloco de baixo da água corrente, para tirar os pequenos cacos de vidro, e mesmo ela lutando contra mim, eu consigo limpar seu machucado.

- Você queria pegar o copo? - Pergunto pegando o kit de primeiros socorros.

- Não.

- O que você estava fazendo?

- Eu estou com febre - Ela fala baixinho - Queria um remédio mais forte, só isso.

Passo um spray e faço um pequeno curativo no seu machucado, ainda sentindo seus olhares sobre mim, quando termino, ela afasta a mão rapidamente.

- De nada, senhora arrogante - Falo tirando os panos sujos - Só troca de roupa, essa está suja e eu levo seu remédio.

- Isso é uma ordem?

- Não, você troca se quiser - Dou de ombros e me afasto dela - Pode pegar as roupas do guarda-roupa.

Jogo os panos fora e guardo o kit, mas quando vou sair da cozinha, escuto a mulher bufando irritada.

- Meu nome é Marília - Ela fala cabisbaixa - Não senhora arrogante.

- É um nome bonito... Senhora arrogante.

Marília me olha brava e resmunga irritada, antes de passar por mim, totalmente brava, indo para o andar de cima, fazendo eu rir do seu temperamento.

Pego um remédio mais forte para Marília mas quando vou voltar para o meu escritório, vejo meu celular tocando e novamente Larissa está me ligando, provavelmente para saber o que eu vou fazer com Marília. Apenas desligo a ligação e volto para o meu escritório, ainda com coisas pendentes para pesquisar.
...

O Leilão || Malila.Where stories live. Discover now