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Marília Mendonça

" - Murilo, aonde estamos? - Pergunto assustada para o meu namorado - Para aonde você me trouxe?

Murilo começa a agir estranho, dando passos para trás, como se quisesse manter uma distância considerável de mim e eu consigo ver o medo no seu olhar. 

- Me desculpa, Marília - Ele fala nos afastando com as mãos.

- Me leva para a minha casa agora - Mando totalmente nervosa - Estamos no meio do nada, me leva para a minha casa.

Quando vou me aproximar do rapaz, duas mãos fortes me puxam para trás e alguém coloca uma tecido na minha boca, me impedindo de gritar. Começo a me debater, tentando soltar minhas mãos que são amarradas por cordas.

- Minha família precisava de dinheiro - Murilo fala indo até o seu carro - Sinto muito."

Acordo rapidamente desse pesadelo e abro meus olhos desesperada. Meu corpo está suado, meu coração está batendo tão forte que chega a doer no peito.

- Puta que pariu - Falo passando as mãos pelo meu rosto.

Faz um ano e meio que me tiraram da minha família, um ano e meio que me tiraram da minha cidade, do meu estado e vão me vendendo para outras pessoas, simplesmente porque eu não deixo eles me tocarem e isso causa raiva nos homens.

Sento na cama já preparada com a dor dos meus maus-tratos e castigos, mas sinto apenas um incômodo, não é a mesma dor de antes. Olho pelo meu corpo e meus machucados profundos estão com curativos, os pequenos com pomadas e band-aid.

Vou despertando e olho ao meu redor, sem reconhecer aonde estou, a única certeza que eu tenho é que não estou no mesmo lugar de antes. O quarto é limpo, os lençóis de cama são cheirosos e até a coberta está em ótimo estado, além da visão da janela do quarto, que é uma fazenda imensa e linda.

Provavelmente fui comprada por mais uma pessoa, já que nenhum dos meus compradores conseguiram me "domar" e sempre passavam para a próxima pessoa.

Começo a procurar maneiras de fugir e eu procuro algo pontudo para me defender e não encontro nada, apenas um pente e infelizmente me contento com esse objeto.

Escuto barulhos do lado de fora, como se fosse alguém falando algo e eu me escondo atrás da porta e assim que a pessoa abre, eu a empurro para a parede e coloco o pente no seu pescoço.

- Qual o seu problema? - A pessoa pergunta irritada - Tira suas mãos de mim.

Me perco por segundos assim que meus olhos passam pela mulher, enquanto eu analiso cada detalhe da morena. Uma morena baixa, os olhos castanhos escuros, seus detalhes são lindos e singelos, além da sua boca carnuda que chama a atenção.

- Me solta agora - Ela manda irritada - Eu estou mandando.

- Quem é você? - Pergunto colocando o a parte pontuda do pente no seu pescoço - Você que me comprou?

- Primeiro: Eu não tenho que te explicar nada - A morena fala brava e tenta me afastar - Segundo: Você não pode me ameaçar com um pente.

- Eu já estou te ameaçando.

A morena revira os olhos e tira o pente da minha mão, jogando para qualquer canto do quarto, me olhando totalmente incrédula.

- Por isso você apanhava? - Ela pergunta cruzando os braços - Por que ameaça pessoas com pentes?

Não respondo, apenas abaixo a cabeça, pronta para receber ordens ou algum tipo de castigo da mulher.

- Eu só vim avisar que o café da manhã está pronto - A morena fala brava - Se você quiser comer algo.

O Leilão || Malila.Where stories live. Discover now