Zé Rafael está em processo de divórcio.
É um cara reservado, das antigas, que ainda está começando a viver de novo a vida de solteiro. Em meio a problemas para conseguir que a futura ex esposa aceite assinar a papelada, ele se mete numa enrascada a...
Obs: Esse capítulo se passa alinhado com o Quadragésimo Sexto de Sem Ofensas. É a versão sobre o que está se passando na cabeça do Zé quando ele chega em casa com a Tamires e pega a Bruna e o Raphael dormindo no sofá, então descobre que a prima e o melhor amigo se envolveram. Lá em Sem Ofensas a Joyce já publicou também o capítulo da conversa do Zé e da Bru, quando ele volta pra casa, mas aqui vocêsvão poder acompanhar tudo que se passou na cabeça dele até que ele se sentisse menos magoado e fosse conversar com a "filha mais velha" ❤️
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× ℤ𝕖 ℝ𝕒𝕗𝕒𝕖𝕝 ×
Sabe quando uma coisa fica passando em looping pela cabeça? Não desliga. Não para. Fica passando sem cessar. Me sinto assim. Abri a porta de casa, a coluna da Tamires bateu na parede e arrastou um quadro, virei e... A Bruna tá deitada em cima do Raphael. O rosto dela tá escondido nele e ele tá com as mãozonas em cima dela.
Esse segundo parece que dura uma eternidade dentro da minha cabeça. Não consigo esquecer desde ontem.
— Você tem essa mania de ficar calado – Tamires murmura. Me estende uma caneca, senta do meu lado no sofá — E eu posso dizer isso com propriedade. Também sou de encarar meus próprios problemas sozinha, guardando tudo e tal, mas...
A frase morre na garganta dela. Eu trinco o maxilar mais forte, uma veia na minha cabeça pulsa e eu não sei como olhar pra ela sem agir como um idiota.
— A mandíbula humana é uma das mais fortes do reino animal, mas nem por isso você precisa trincar os dentes assim – Ela diz. É meio instantâneo. Um sorrisinho se forma no meu rosto e eu preciso levar a caneca pra boca pra disfarçar.
— Eca, Tamires! Você me deu chá?
— Que eca, seu velho. Quanta gente morreria por um chá meu – Ela me empurra com o pé, me mostra um sorriso. Dá de ombros, usa todo esse sexy appeal ao próprio favor quando leva o que diz pra um segundo sentido.
— Não fazem doze horas que eu desci um murro em alguém por ciúmes e você tá brincando sobre alguém querer um chá seu – Empurro ela com o pé de volta.
— Serviu de alguma coisa, já que você tocou no assunto – Ela tá certa. Por isso o silêncio reina entre nós — Então... se você não disser nada, eu vou deduzir.
— Me deixa – Murmuro, apertando a caneca.
— Não deixo – Ela se arrasta até mais perto de mim — O cara é seu amigo, ela é a pessoa mais importante do mundo pra você, tudo bem. Entendo o susto. Mas não acha que tá sendo duro com ela? Tem certeza que é sobre tudo isso mesmo?
