𝟙𝟘

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× 𝕋𝕒𝕞𝕚𝕣𝕖𝕤 𝔾𝕦𝕖𝕣𝕣𝕒 ×ℕ𝕒 𝕞𝕖𝕤𝕞𝕒 𝕤𝕖𝕞𝕒𝕟𝕒

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× 𝕋𝕒𝕞𝕚𝕣𝕖𝕤 𝔾𝕦𝕖𝕣𝕣𝕒 ×
ℕ𝕒 𝕞𝕖𝕤𝕞𝕒 𝕤𝕖𝕞𝕒𝕟𝕒

Quem não tiver pecado que atire a primeira pedra.

O Zé Rafael tá uma perdição hoje. Calça jeans, bíceps explodindo na manga da camisa preta, o perfume inebria o ambiente e essa é, definitivamente, a maior cara de bravo que já vi ele fazer até hoje. Tenho a impressão de que a mandíbula vai estourar.

Mais cedo, os dois chegaram juntos pra sessão. É a primeira em que volto a atendê-los juntos, como casal, e a expectativa nesse tipo de terapia é que seja um dia onde as coisas estão mais claras pra que eu possa fazer meu trabalho e pra que os dois se entendam.

Mas o jeito que ele bate a porta do consultório quando entra, num baque absurdo que me faz dar um pulinho na cadeira, me diz exatamente o que eu imaginava: não tivemos avanços.

E eu já sabia disso porque é muito simples. Isso aqui só funciona se os dois querem mesmo. E, partindo do pressuposto de que ele está falando a verdade sobre o que sente quando diz o que diz, ele não quer. Está aqui pra se ver livre o mais rápido possível.

— Desculpa, quando ele quer sabe ser um idiota – Stephany abre a boca pra dizer.

Do outro lado da sala, no sofá mais distante possível, Zé solta uma risada sem graça.

— Então porque você não deixa o idiota aqui em paz?

Opa. Nunca vi ele falando num tom ríspido assim. Nem com ela.

— A foto do nosso casamento que você pediu na última sessão — Ela o ignora e retira da bolsa um porta retrato que me estende. Seguro a foto e me permito analisar por um momento.

Nossa, como ela tava brega.

Meu Deus.

Os pensamentos intrusivos ainda vão me matar.

Desculpa, moça. Desculpa mesmo. Foi mal. Você tava linda.

Será que agora a Simone de Beauvoir para de se remexer no túmulo?

— O que vocês sentem olhando pra essa foto? – Volto ao trabalho e agora coloco o porta retrato na mesa, bem no campo de visão dos dois — Lembram de como se sentiam no dia?

— É um dia normal pra mim – Ele responde — Como qualquer outro.

Troco um olhar com ele. Dá pra perceber, paira pelo ar, o jeito que parece aborrecido. Perceberia só pelo fato de ele responder antes dela, coisa que nunca aconteceu.

— Você não se sente assim de verdade – Ela resmunga, virando para olhá-lo — É mentira. Capricho seu.

Zé solta mais uma risada sem graça. A voz atinge um tom ainda mais cortante que antes ao dizer:

𝐒𝐄𝐂𝐑𝐄𝐓𝐀𝐌𝐄𝐍𝐓𝐄 𝐒𝐔𝐀 | 𝐙𝐄 𝐑𝐀𝐅𝐀𝐄𝐋Where stories live. Discover now