the coat

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HARRIET SPENCER


Nada mais foi a mesma coisa depois daquele dia.

Eu sabia que aceitar jantar com Lando Norris não ia ser a melhor ideia do mundo, mas estava disposta a pagar pra ver, estava disposta a topar qualquer loucura que eu já sabia que ele ia propor, simplesmente por que não conseguia segurar a minha curiosidade.

A lembrança do corpo dele me pressionando contra o balcão, da sua boca me beijando com vontade, da forma forte como ele segurou o meu cabelo quando percebeu o que eu estava prestes a fazer com ele. Tudo sobre aquele dia invadia a minha mente em toda e qualquer oportunidade, meu cérebro não só não tinha superado como resgatava isso como um recado subliminar.

Eu queria mais e sabia disso.

As últimas duas corridas da temporada não foram fáceis nesse sentido. Ainda mais quando Lando me puxava pelo braço e me beijava escondido em todas as oportunidades que ele tinha. No motorhome, antes da sua rodada de entrevistas do dia. Na garagem, entre uma pilha de pneus quando todos estavam concentrados em algum detalhe do carro que precisava de reparo. No hotel, quando ele inventava qualquer desculpa para que eu precisasse ir até o seu quarto.

E eu deixei.

Deixei ele me beijar, deixar ele tirar a minha roupa todas as vezes que eu sabia que tínhamos mais de dez minutos disponíveis. Por que não conseguia resistir, eu queria mais dele, mesmo sabendo que era errado, mesmo sabendo que isso poderia custar o meu emprego.

A forma com que eu estava me envolvendo também me preocupava, estar com Lando era como dirigir uma McLaren a trezentos quilômetros por hora em uma rua sem saída. A forma com que meu coração se acelerava em todos os momentos que ele estava perto de mim fazia eu ter uma sensação boa de que, apesar do fim da linha ser trágico, eu me sentia viva em cada beijo que trocávamos escondido.

Mas eu precisava arrumar uma forma de fazer isso parar.

E logo.

— Spencer — a voz de Alan me traz de volta pra terra e percebo que estava encarando um pedaço de papel na minha frente. — Você me ouviu?

Levanto o rosto e procuro ele pela mesa de reuniões. Final de temporada era sempre cheio de burocracias e reflexões a respeito dos nossos erros e acertos durante o ano que passou para podermos ser ainda melhores para o próximo.

— Desculpe, Alan, não dormi bem na noite passada e acabei desligando — sou sincera, embora o motivo pelo qual eu tenha ficado acordada até tarde faz minhas bochechas ficarem levemente coradas. — Pode repetir, por favor?

Alan levanta uma sobrancelha pra mim, mas o resto da sua expressão é tão neutro quanto possível.

— Estava perguntando se estava tudo certo da sua parte para o baile de gala que acontece esse fim de semana — ele diz, pausadamente. — Essa temporada consumiu energia de todos nós, mas foi uma boa temporada. Lando e Daniel conseguiram superar as minhas expectativas, embora não tenhamos nos classificado no topo quanto gostaríamos.

Balanço a cabeça concordando.

— Sim, da minha parte está tudo certo. Já reservei o smoking do Lando e do Pepo — desvio o olhar pra ver Pepo sorrir pra mim em agradecimento — e hoje vou buscá-los junto com o meu vestido. Os discursos também estão escritos, mas preciso fazer uma última revisão pra ter certeza que está impecável.

Alan sorri.

— É por isso que eu digo que você é a minha melhor funcionária! Mesmo estando distraída, tudo está em ordem.

treacherous | lando norrisWhere stories live. Discover now