36| Arthur

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Toco a campainha da casa de Carolina, que logo abre, parecendo bem surpresa em me ver aqui. Há algumas horas atrás ela me ligou dizendo que não queria ir na festa de hoje.

- O que está fazendo aqui? - Pergunta. - Já disse que não vou na festa.

- Eu sei, achei que a gente podia fazer alguma coisa juntos. Posso entrar?

Ela parece confusa, Mas abre passagem para que eu entre na sua casa.Carolina se senta no sofá e só agora percebo que ela está usando um short de pijama e um moletom que quase cobre o short.

- Por que não quis ir na festa? - Pergunto me sentando no outro sofá.

Quando nos falamos no telefone ela só disse que não queria ir, e que podia ir em duas seguidas da próxima vez.

- Estava com cólica, mas já tomei o remédio. Por que você veio aqui?

- Achei que nós podíamos fazer alguma coisa, tipo assistir um filme.

- Por quê? - Seu tom era de pura curiosidade.

Não nos falamos muito desde aquela festa há duas semanas. Temos agido como um casal na frente dos nossos amigos, mas fora isso o único contato que tivemos foi quando perguntei qual era a cor do vestido que ela iria no baile, para comprar minha gravata. Estava com saudade dela.

Não da Carolina em si, porque ela ainda estava ali, mas de passar tempo com ela. Essas duas semanas em que estivemos afastados me fizeram pensar se vai ser assim quando pararmos de fingir. Não quero que seja. Vamos para faculdades diferentes depois da formatura, talvez dê para dizer que tivemos um término amigável por causa da distância. Ou até mesmo trocar mensagens sem nossos amigos saberem, só não quero me afastar dela.

- Porque faz tempo que não passamos um tempo juntos.- Digo.

- Você sabe fazer pipoca? - Pergunta com um sorriso divertido.

E foi assim, simples assim, que voltamos a nossa amizade de sempre, sem qualquer resquício de ressentimento do que aconteceu naquela festa.

Carolina fez a pipoca e eu o suco, já que ela disse que o refrigerante não era bom para quem estava com cólica.

Como quando ela dormiu lá em casa ela e Sky escolheram o filme agora estava na minha vez, ela tentou argumentar que quem tinha escolhido foi a Sky, mas não deu certo.

Enquanto eu colocava o filme ela pegou um cobertor em seu quarto e nos sentamos lado a lado no sofá.

- Eu não tô entendendo nada -Carolina diz depois de 15 minutos de filme.

Explico um pouco do filme para ela. Acho que ela estava um pouco perdida porque o filme falava sobre uma sociedade distópica, mas depois que você entende sobre fica bem mais fácil acompanhar.

- A gente devia ter assistido Tall Girl - Ela fala voltando a olhar para a TV.

Quando a pipoca acaba Carolina deita a cabeça no meu colo e faço carinho em seu cabelo. E assistimos o filme assim.

Pouco antes de o filme acabar a campainha toca e ela pede para eu ver quem era. Quando abro vejo Gabriel, que parece tão surpreso quanto eu.

- A Carol tá aí? - Pergunta e eu assinto com a cabeça, logo abrindo passagem para ele entrar.

Ao ver ele a loira abre um sorriso e se levanta do sofá aonde ainda estava deitada.

- Oi, o que veio fazer aqui? - Pergunta para ele.

- Eu queria falar com você, - ele olha para a TV e de volta para Carolina. - Mas você tá ocupada.

-É importante?

Franzo o cenho quando ela diz isso. Nosso filme é importante.

- Nada que não possa esperar - Gabriel responde.

- Então pode ser amanhã? A gente sai para lanchar e você me conta.

Eles precisam sair? Não dá para simplesmente contar por mensagem?

- Pode ser, eu te mando mensagem depois. - Fala e eles se abraçam se despedindo.

- Que foi? -Carolina pergunta para mim depois que ele vai embora.

- Nada - digo apertando o play no filme e me sento no sofá outra vez.

Ela volta a deitar a cabeça no meu colo. Olho para ela e,Carolina fica tão bonita distraída, que volto a fazer cafuné em sua cabeça. Terminamos o primeiro filme e coloco o segundo, antes do filme chegar na metade olho para Carolina e vejo que ela já estava dormindo.

Enquanto fazíamos a pipoca ela me disse que seus pais iam dormir na casa de um parente dela, então acho que já está na hora de eu ir embora. Decido que o melhor é não acordar Carolina, então acabo levando ela para o quarto no colo - foi bem mais difícil do que eu achei que seria.

- Quer dormir aqui? - Pergunta com a voz sonolenta quando eu deito ela na cama.

- Você não estava dormindo?

- Eu estava, mas acordei quando você tava subindo a escada. Você quer dormir aqui?

Quero, mas não é tão simples. Porque os pais dela, que ainda não sabem sobre nós, podem chegar amanhã antes de eu ir embora. Ou, ela pode não estar pensando direito por causa do sono e amanhã... Meus olhos recaem sobre Carolina antes de eu completar o raciocínio. Um pouco do seu cabelo caia no rosto, ela me observava atentamente esperando uma resposta.

Que se dane o que vai acontecer amanhã.

Me deito na cama ao seu lado e à abraço, logo caindo no sono sentindo o cheiro inebriante de Carolina Voltan.

𝙛𝙖𝙠𝙚 𝙗𝙤𝙮𝙛𝙧𝙞𝙚𝙣𝙙. |volsherWhere stories live. Discover now