11| Arthur

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— Então,Arthur, aquele beijo - Carolina diz quando termina seu sorvete.

— O que tem ele?

— Ele aconteceu. — Fala como se fosse óbvio.

— Você mesma disse que ninguém iria acreditar que estávamos juntos se nunca nos beijassemos — me defendo.

— E você disse que íamos combinar antes e também que não queria me beijar na frente da Julie — eu realmente tinha dito isso tudo. — E além de não termos combinado,Julie estava lá, vendo tudo. E você sabia bem disso.

— Eu te avisei que ia te beijar e o que exatamente você está querendo dizer sobre a Julie.

— Eu estava esperando algo mais do que um "eu vou te beijar agora" — Diz fazendo as aspas com as mãos. - E você sabe o que eu estou querendo dizer, vocês estavam na cozinha juntos e em menos de cinco minutos sua boca estava na minha.

Eu tinha feito isso? Eu estava na cozinha com Julie, e depois eu beijei ela. Mas uma coisa não tinha nada haver com a outra, eu acho.

Flashback on

Vou até a cozinha procurar um refrigerante para eu e Carolina.Chego lá e Julie estava sozinha, procurando algo na geladeira.Quando se vira para mim da algo que parecia um sorriso; mas não seu sorriso de sempre, aquele que me fazia sorrir também, era um sorriso triste.

— Parabéns pelo jogo, foi bem difícil — ela fala.

— Obrigada.

Ela sai da frente da geladeira e eu começo a procurar por algum refrigerante, encontro um lá no fundo e pego. Ia encher dois copos quando percebo que Julie ainda estava na cozinha, eu achava que ela já tinha ido. A garota olhava para um ponto fixo no chão.

—Julie, tá tudo bem? — Perguntei já sabendo que obviamente não estava.

- O quê? Ah, tô, eu só tava pensando sobre o que nós fazíamos depois...

Ela não precisava terminar aquela frase, porque eu sabia bem do que ela estava falando; o que fazíamos depois dos jogos. Nós transavamos. Se o time ganhava fazíamos isso para comemorar, se perdíamos era para melhorar o humor. Aquele sempre era o momento perfeito, pelo menos a maioria das pessoas que conheciamos estaria em alguma festa pós-jogo, muito ocupados para perceber que nós dois tínhamos sumido.

E era bem mais do que só sexo, era o tempo que tínhamos juntos; passávamos ele fazendo algo que não tínhamos tantas outras oportunidades para fazer, mas a parte mais importante era estarmos juntos. Quando acabavamos ficavamos conversando por horas, mas infelizmente quantas iríamos ter não era algo que dependia de nós.

Uma vez,Victor foi dormir na casa de Matt e ficamos conversando a noite toda, vimos o Sol nascer juntos, talvez aquela tenha sido uma das melhores noites da minha vida, até agora.

Lembro como essa "tradição" começou, tínhamos ganho o primeiro jogo do campeonato e eu estava tão feliz que fomos até o meu carro e começamos a nos beijar, depois os beijos evoluíram e precisamos ir para minha casa ou acabariamos transando no estacionamento da escola.

Outra memória que acho que nunca esqueceria foi quando perdemos pela primeira vez naquela temporada. Ela sempre me esperava para irmos embora juntos, mas eu estava demorando ainda mais do que o normal lá dentro, então ela entrou. Eu estava no chuveiro quando ela entrou, ainda pensando sobre o jogo, e bom... Quebramos muitas regras naquela noite.

— Eu entendo — respondo, foi a única coisa que eu consegui pensar para dizer, depois de reviver rapidamente esses momentos.

— É, eu... Já tô indo. — Ela fala sem graça e sai da cozinha.

Saio também por já ter pego os refrigerantes. Olho para onde Carolina estava e vejo ela conversado com Marcos.

— Só tinha esse refri — Falo estendendo o copo. — E aí,Marcos.

— Por que não me disse que o Victor contou para os seus pais sobre nós? — Ela me pergunta quando pega o copo.

— Acho que eu já vou —Marcos fala saindo e lanço um olhar bravo em sua direção. Fofoqueiro.

— Você queria que eu contasse na frente da Bárbara? Eu ia contar, mas aí o Marcos veio e abriu a boca.

— Podia ter mandado uma mensagem! — Fala zangada.

Não respondo, não queria que isso se transformasse em uma briga. Ao invés disso só fico olhando para ela, o cabelo preso em um coque bagunçado, os olhos com uma cor cinza azulada, ela é linda. Quando percebi, já estava sorrindo.

— Você fica muito fofa quando tá brava. — Falo e acaricio sua bochecha com uma de minhas mãos, em um movimento involuntário.

—Arthur... — Ela começa mas eu interrompo.

—Carolina, eu vou beijar você agora — Sussurro e antes que ela possa dizer alguma coisa selo nossos lábios.

Flashback Off

Revivi aquele momento em minha mente e eu tinha certeza de uma coisa, ainda não sabia porque tinha beijado Carolina mas sei que não foi por causa da Julie.

— Carol, o beijo não teve nada haver com a Julie, eu só achei que era o momento certo. Íamos ter que fazer aquilo alguma hora. — Falo, tentando me convencer de que tinha sido só aquilo.

Ela da de ombros sem parecer estar muito convencida com minha resposta, mas também não fala mais sobre isso.

𝙛𝙖𝙠𝙚 𝙗𝙤𝙮𝙛𝙧𝙞𝙚𝙣𝙙. |volsherWhere stories live. Discover now