Capítulo 2 - Confidência 🦎

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— Aquilo, obviamente, é vermelho. 

— Es de color rosa.

— Nunca que aquilo é rosa, Marcus. Dá uma olhada! O quanto Liz já deve ter bebido para você estar confundindo as cores?

Há um momento prolongado de silêncio em que os olhos caídos de Marcus encaram Yoongi seriamente, tão focados que a mágoa chega a ser quase palpável. 

— ¿Me estás llamando estúpido?

A boca de Yoongi se abre uma porção de vezes, uma porção de grunhidos desesperados arranham sua garganta. Magoar Marcus... Não é uma boa ideia.

— O quê?! — Quando consegue falar, é consternado. —  E-eu nunca disse isso, seu idiota!

— Pero me llamaste idiota. — Marcus aponta, quase falhando em esconder o sorriso quando Yoongi se levanta do sofá em um rompante com as mãos em frete ao corpo apontando as palmas para cima. 

— Eu não quis dizer desse jeito... E-eu... — Yoongi parece desesperado.

Marcus está pronto para levantar e abraçá-lo sem avisos, quando o sorriso no canto de seus lábios o entrega de vez.

— O que isso significa? — Yoongi pergunta. Se sente profundamente traído, tanto a ponto de os outros dois sentirem o mesmo.

É o primeiro sinal que faz Liz se remexer desconfortável na poltrona da sala do front.

— De que habla?

— Dessa coisinha repuxando no cantinho dos seus lábios, bem ali. — Yoongi se aproxima, então. 

Ele toca o canto dos lábios grossos e bem desenhados na pele escura, os dedos acabam viajando para prender um fio do cabelo cacheado rebelde atrás de uma das orelhas repletas de piercings. Durante todo o trajeto, o sorriso ladino se desenha no rosto de sobrancelhas erguidas de Marcus, até que ele não consegue mais se segurar e os arrepios pelo simples resvalar o fazem prender o punho pálido entre os dedos. 

— Gatito... No saltemos así.

— Brincar de quê? — Desentendido, Yoongi tomba a cabeça sobre o próprio ombro, da forma adorável como Marcus realmente não pode mais se conter. 

— ¡Ven aqui!

— Ah! 

Então os risos começam, e os gritos começam, e os passos desesperados na corrida divertida. É mais que suficiente para que Liz perca de vez a paciência. 

Do lado de fora da casa, o corpo fecha seus olhos. A cabeça recostada no punho fechado sobre o balcão do bar, deixando de lado a bebida vermelha por um tempo. Na sala do front, Liz se levanta para seguir até a porta, abrindo em um rompante a ponto de bater a maçaneta contra  parede pintada de azul índigo. Ela tem o celular que dá acesso ao externo firme em uma das mãos quando grita:

— EI! VOCÊS DOIS! PODEM PARAR COM ESSA BADERNA?!

Ao longe, as risadas de Marcus são audíveis quando a corrida cessa por meio segundo:

— ¿Ella dijo "tonto"?

— Ela disse "baderna", não "palerma", espanhol de meia tigela.  Ba-der-na!

— Fiquem quietos! — Ela volta a gritar.

— No me mandas! 

— Quer ver eu mandar?! — Liz realmente pensa em entrar na brincadeira, quando a cabeleira cacheada desponta o fim do corredor apenas pelo tempo em que a língua rosada aparece para desafia-la, seguido da risada estridente de Yoongi. 

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