Antes que pudessem falar qualquer coisa, a enfermeira bateu na porta de um dos quartos e um médico vestindo jaleco branco com um crachá escrito Dr. Bianchi saiu de lá.

- Essa é a irmã do paciente, doutor.

- Mariella Cavalieri - ela disse quando o médico estendeu a mão para ela. - Como meu irmão está?

Em uma situação menos urgente, talvez Mari tivesse pelo menos desejado boa noite. Mas aquela não era uma dessas situações.

- Ele está dormindo agora. Decidimos medicá-lo por conta da dor. Ele levou alguns pontos na cabeça.

Mari se sentou devagar na cadeira ao lado da de Nico. Ela não confiava mais nas próprias pernas.

- Pontos na cabeça?

- Não se preocupe, Srta. Cavalieri. Ele vai ficar bem. Conforme o que o senhor Moretti nos contou e pelo que avaliamos, seu irmão caiu das escadas e acabou batendo a cabeça no batente da porta que ficava adiante no corredor. Parece sério falando desse jeito, mas seu irmãozinho teve muita sorte. O corte não foi tão profundo e ele rolou por apenas alguns degraus. Não há nenhuma fratura e ele vai sair dessa apenas com alguns pontos na cabeça e muitos hematomas roxos no corpo.

- Então podemos ir para casa, doutor?

O médico fez que não com a cabeça.

- Acho melhor deixarmos ele em observação essa noite. Ele perdeu a consciência por um breve momento depois do incidente e acordou na ambulância assustado. Qualquer trauma na cabeça tem de ser acompanhado de perto por um período maior de tempo. Só para garantir.

Mari assentiu, mais tranquila, mas mesmo assim seu corpo inteiro tremia e ela sentia como se fosse vomitar. A última vez que estivera em um hospital, perdera a mãe e precisou voltar para casa sozinha sem ter ideia de como a vida seria a partir daquele momento. O simples fato de estar ali enclausurada entre aquelas paredes muito brancas e luzes fortes a deixava enjoada.

- Obrigada, doutor. Eu posso ver ele?

- Sim. Mas só por alguns minutos, está bem? Se por acaso ele acordar, não quero que fique agitado. É importante que seu irmão descanse.

Mari assentiu e pegou a mão de Nico para que eles entrassem, mas ele não se moveu.

Ela olhou para trás.

- Eu espero aqui - ele disse, a voz rouca.

- Tem certeza?

Ele fez que sim com a cabeça. Mari estava prestes a perguntar o que estava acontecendo, mas o médico já tinha aberto a porta e lhe dado passagem para entrar.

Mari soltou a mão de Nico com um peso estranho no coração e acompanhou o médico para dentro do quarto.

Alonso parecia muito pequeno e indefeso naquela cama de lençois brancos. Ele estava dormindo tranquilamente, o rosto virado expondo o curativo no lugar que ele tinha levado os pontos. Vê-lo daquele jeito fez Mari chorar baixinho.

Eu prometi cuidar dele, ela pensou, se responsabilizando por aquilo por mais que no fundo soubesse que não tinha sido culpa sua.

- Quando ele acordar de novo, vou informar que você está aqui e que ele pode vê-la - o médico disse baixinho. - Os paramédicos disseram que quando ele acordou na ambulância, só chorava e perguntava da irmã.

Ah, ótimo. Agora Mari estava chorando ainda mais e precisou sufocar os soluços com a mão.

- Eu vou passar a noite ali do lado de fora - ela disse, tentando se recompor.

Um castelo de presenteWhere stories live. Discover now