oito

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Talvez o universo não quisesse que Mari terminasse aquele livro

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Talvez o universo não quisesse que Mari terminasse aquele livro.

Talvez, se ele fosse publicado, terremotos abalariam a terra e os anjos tocariam as trombetas do apocalipse.

Só isso para explicar o fato de que toda vez que abria o maldito arquivo no computador, alguma coisa surgia do mais absoluto nada para impedir que ela escrevesse.

Ela estava do lado de fora do castelo, usando mil e um casacos e aproveitando o sol quentinho da tarde para escrever, apoiada contra uma pedra grande. Era difícil digitar com as mãos enluvadas, mas não impossível. Era isso ou perder os dedos no outono gelado daquela região da Lombardia. Pelo menos ali ela não conseguia ouvir o barulho das reformas no castelo, embora se distraísse toda vez que erguia os olhos da tela do computador e avistava a mansão de Nico perto dali. Ela ficava se perguntando o que ele estava fazendo, se avistaria sua sombra passar por uma das janelas e se deveria ser inconveniente e prestar uma visita...

Mari estava decidida a voltar ao seu capítulo quando uma Ferrari vermelha deixou Montefiori e subiu a estradinha de terra com seu motor potente. Ela ficou observando o carro se aproximar, se perguntando se seu destino era o castelo ou a casa de Nico. De todo jeito, ele teria que passar perto dela antes de virar à esquerda ou à direita na direção das propriedades.

O carro brilhante e luxuoso chegou mais perto, diminuindo a velocidade até parar na estrada. O vidro escuro desceu devagar, revelando um homem bonitão no banco do motorista.

- Oi, moça! - ele disse em italiano, com um sorriso tão branco que era capaz de cegar alguém. - Por acaso você está perdida?

Mari ergueu as sobrancelhas. Ela quis gesticular para o computador e para si mesma, que estivera sentada ali tranquila até ele aparecer. Por acaso ela parecia perdida?

- Não. Eu moro ali atrás. - Ela apontou para a construção medieval como se não passasse de um monte de pedras. O que, na verdade, era mesmo.

- No castelo? - O rapaz fez uma cara de estranhamento. - Engraçado, eu pensei que fosse um velho rabugento que vivesse ali.

- O velho rabugento era meu avô.

- Ah! - Ele não teve nem a decência de parecer envergonhado pelo erro. O rapaz afastou o cabelo dourado da testa e continuou com aquele sorrisão: - Bom, pelo menos agora o castelo Cavalieri tem uma moradora bem mais bonita.

Mari precisou se segurar muito para não revirar os olhos e rir. Aquele galanteador barato...

- Eu te conheço? - ela perguntou, achando a interação curiosa, embora um tanto irritante.

- Eu duvido. Quase não passo por aqui. Moro em Milão. Vim visitar meu primo que mora logo ali. - E ele gesticulou para a mansão na colina.

- Então você é o primo do Nico?

Um castelo de presenteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora