2. Química acidental nos Hamptons.

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Mirror Lake, Hamptons

Eu passei as últimas horas pensando se realmente era um escritor, porque todo o tempo gasto em frente ao MacBook não me serviu de nada além de gastar as vistas e ganhar algumas pontadas de dores em minha cabeça. E ainda que o péssimo humor que eu tenha recebido permaneça aqui, mesmo que eu tenha acabado de fechar enfurecidamente a tela do notebook, eu deixo para me xingar mais tarde, assim que eu estiver desperto e recuperado da madrugada que passei acordado.

Fitei a tela acesa do meu celular para verificar o horário, ele não me assustou, mas me fez notar que eu não poderia fazer qualquer outra coisa que não fosse dormir. Isso, claro, até que as batidas desenfreadas em minha porta me roubem do caminho até a cama. Vou em direção à porta e espio pelo olho mágico. Seokjin está de braços cruzados e inteiramente arrumado. Giro a chave e destranco a porta, abro-a e recepciono o meu melhor amigo, que entra e corre diretamente para o frigobar. Eu sequer me atentei em olhá-lo, mas o Senhor Incontrolável já parece bastante habituado aos requintes do Mirror Lake.

— Achei que já estivesse pronto. — Ele bate a porta do frigobar e se vira para mim, exibindo uma latinha de alguma bebida alcoólica que não me interessei em descobrir o nome. — Ou eu que sou ansioso? Vamos descobrir em breve!

Sempre humorado, Jin é o único capaz de me fazer rir. Eu encosto a porta do quarto e lentamente me desloco até a cama, onde me atiro e puxo o lençol para me cobrir. Os raios solares estão expostos no céu, mas o ar-condicionado do quarto esfria cada cômodo dele.

— Eu não vou conseguir fazer isso sem antes dormir, Jin. — Lamurio, esfregando as pálpebras. Ah, os meus olhos estão ardendo pela noite em claro. Sequer consegui comparecer ao coquetel de boas-vindas.

— Mentira?! — Jin indagou, surpreso. — Você cumpre tão bem os seus horários. Isso me choca. Vem cá, virou a noite escrevendo, foi? — Ele se senta na ponta da cama e vira alguns goles da latinha.

— Posso dizer que tentei, isso faz de mim um vencedor? — Hasteio o cenho.

— Sim, faz sim. É o que vale. — Responde. — Você vai perder o café-da-manhã. — Avisa-me.

— Eu estou sem fome alguma, o estresse da madrugada me tirou tudo e mais um pouco. Depois desço e compro algo. — Digo. — Como foi ontem? Quando você parou de responder as minhas mensagens eu logo soube que estava curtindo a noite.

— Cara! — Exclama, jogando o corpo para deitar ao lado do meu. — Foi sensacional! Que clima bizarro de bom esse resort tem. Eu conheci uma galera e juntos fizemos uma tour por ele, até sala de massagem tem. Marquei uma para mais tarde, acho que dei um jeito em minhas costas com as brincadeiras de ontem.

— Brincadeiras?

— Sim! O dr. Jeon reuniu toda a turma para brincar. Sabe aquele lance de duas pessoas segurarem um pedaço de pau enquanto as outras descem dançando? — Ingenuamente me encara.

— Hmm, Jin? Que tipo de pau seria esse? — Devolvo o questionamento genuíno. — Descer dançando? Eu não faço ideia.

— Ah, é comum no Hawaii. Cada um segura um bambu de um lado, as pessoas fazem uma fila e passam por debaixo dele, você não pode cair ou é eliminado. — Explica.

A memória da dança atinge a minha mente e eu me pego imaginando a desordem que foi o coquetel.

— Dr, Jeon foi quem deu a ideia? — O interesse surge na ponta da minha língua.

— Isso mesmo. Ele é muito divertido e simpático, Jimin, foi quem liderou a galera toda ontem. Não o vi beber, talvez tenha separado a farra pessoal da farra profissional. — Disse Jin, eu ri, imaginando como seria possível equilibrar os dois. — Ele até perguntou de você, acredita?

SEXOLOGISTWhere stories live. Discover now