- Quem disse que eu estou namorando a sua irmã?

Se fosse Riccardo, Nico estrangularia o primo com todo prazer assim que ele pisasse ali de novo. Que se dane o espírito natalino.

- Ninguém me contou. Eu descobri sozinho - Alonso disse. - Já estava desconfiado, porque ela começou a vir aqui muitas vezes sozinha. E lá em Sirmione, ficou na cara. Vocês estavam grudados.

- Ela estava... me ajudando a andar pela cidade.

- Sei. Ela também estava te ajudando quando vocês sumiram por horas e deixaram o Riccardo, a Vi e eu sozinhos?

Nico estava dividido entre soltar uma risada nervosa e ficar totalmente embasbacado pela esperteza do menino.

- Você contou isso para a sua irmã?

- Não. Queria confirmar com você primeiro.

Nico apertou os lábios, sem ter certeza do que dizer. Era uma pena que Bidu não estivesse ali. Ele tinha certeza que conseguiria distrair Alonso se jogasse o labrador no colo dele e saísse correndo para as montanhas.

- Incomoda você? Se for verdade? - ele decidiu perguntar.

- É claro que não! Você é legal, tem uma casa maneira e um cachorro que eu quero pra mim. Seria bem mais divertido do que quando ela estava com aquele ex-namorado, o Heitor. Ele era babaca.

Nico abriu um sorriso. Alonso era a pessoa mais importante da vida de Mari, e saber que aquele garoto - aquele garoto que Nico já amava tanto quanto amava sua irmã - gostava dele também, era maravilhoso.

- Você não vai ferir o coração dela, vai?

Alonso disse aquilo de uma maneira tão solene que Nico não ousou rir do modo como ele formulou a pergunta.

- Porque por mais que a minha irmã seja uma chata, eu não quero ninguém fazendo ela chorar.

Nico desejou que pudesse transmitir tudo que sentia apenas com um olhar, para que assim Alonso tivesse certeza do quanto ele se importava com Mari. Que nunca esteve tão certo sobre algo na vida quanto estava sobre aquilo.

- Eu não quero nunca machucar sua irmã. Eu preferiria ficar sem ela a fazê-la sofrer.

- Isso quer dizer que você vai pedir ela em casamento?

Nico riu e se levantou da mesa, fazendo cosquinhas na barriga de Alonso.

- Não por enquanto, mas quem sabe um dia? Eu prometo que se for pedir a Mari em casamento, te conto antes e você me ajuda a manter segredo.

- Combinado.

- Agora, sua irmã me contou que você viu neve pela primeira vez esses dias. Já teve tempo de fazer um boneco e brincar de guerra de bolas de neve?

- Vamos logo!

E Alonso agarrou Nico pela mão e o arrastou para fora da casa, quase não dando tempo para que ele o agasalhasse direito antes de se jogar na neve.

Eles não tinham neve o suficiente para fazer um daqueles bonecos de filmes americanos, então se empenharam em construir um que apesar do tamanho ridículo, pelo menos se assemelhava a um boneco. Depois guerrearam um com o outro, Nico acertando Alonso toda vez porque o menino, apesar de não fazer barulho nenhum enquanto corria pela neve, não conseguia parar de rir da brincadeira.

Eles comeram doces e salgadinhos quando voltaram para casa e assistiram a um filme de terror. Alonso não se importou quando Nico disse que para ele a melhor maneira de assistir filmes era ativando as legendas de audiodescrição, para que ele conseguisse imaginar melhor as cenas e os cenários. Alonso achou a ferramenta interessante e se aconchegou no abraço de Nico enquanto eles comiam pipoca e davam pulos de susto quando algum monstro aparecia de repente, fazendo os personagens na tela gritarem.

Um castelo de presenteWhere stories live. Discover now