୨💌୧ Senhorita apaixonada

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Entro no ônibus com a pior dor de cabeça que já tive. O que não é de se surpreender, vindo de alguém que ficou — em segredo — acordada até às três e meia da manhã revelando fotos.

Eu ficaria inquieta comigo mesma se fossem fotos quaisquer. Mas não eram. Eram as fotografias que eu havia tirado de Johnnie, no dia de nossa sessão.

Logo após me sentar, coloco a mochila no colo, a abrindo e caçando minha pasta, para dar uma última admirada nas fotos, antes de irem às mãos daquele que tem me inspirado a fazer minha arte de maneira tão profunda.

Até que olho pela janela e vejo os gêmeos Kaulitz subindo.

Rapidamente, me pergunto como já havíamos chegado na rua deles, a qual era uma das últimas de nosso trajeto antes de seguirmos até a cidade de nosso colégio.

Estranho o fato de que os dois passam por mim sem nem sequer olhar para o meu lado.

Pensando bem, faziam dias que eu e Bill não trocávamos uma palavra. E eu não sabia o motivo disso. Ele simplesmente parara de falar comigo, sem explicações.

Eu havia feito algo? Ele estava chateado?

São tantas as coisas que eu perguntaria se conseguisse.

Porém, desvio o olhar novamente para as fotos em minhas mãos.

Johnnie (por mais que não estivesse pintando de verdade) é incrivelmente belo. Nele, era como se tudo estivesse em seu devido lugar, tornando sua aparência tão harmônica que chegava a ser duvidosa.

Olho todas as fotos com cuidado e um tanto de medo de prejudicar alguma.

Porém, tinha uma em específico que me encantara completamente. Minha favorita. Tirada no momento exato em que ele contou uma piada e este riu da própria.

Foi nesta mesma fotografia que ele abaixou o pincel e apenas me encarou. Encarou a pessoa por trás de todas essas fotografias. Percebeu a presença da artista, não apenas da arte.





No momento em que estávamos próximos da entrada do colégio, abro a mochila novamente, enfiando a mão dentro da pasta e procurando as fotos.

Eu estava cansada disso. Cansada de ficar apenas o admirando de longe. Poderíamos muito que bem viver um romance daqueles que se lê em livros, ou que se vê em filmes.

Mas ele não tinha bola de cristal. Jamais saberia de meu supostos sentimentos se eu não os dissesse.

E este era um dos principais problemas.

Além de cansada de ficar apenas sendo sua fiel observadora, estava cansada de falar tudo através de um caderno. Ninguém fazia isso. Fora os olhares preconceituosos que eu tinha de enfrentar todos os dias.




Quando estacionamos, desço ligeiramente, com o coração disparado apenas de pensar em Johnnie quando estiver com as fotografias em mãos.

Na entrada, acabo por passar por um garoto e uma garota, onde ele está com uma das mãos em sua coxa.

Demoro, mas logo percebo que é o mesmo rapaz que saiu com Alice no show de talentos.

Ignoro, pois sei que deve ser apenas um amigo próximo.




As aulas se arrastam durante o dia inteiro.

Hoje, minha turma e a de Johnnie ficam para algumas aulas à tarde. Eu estou tão animada em mostrar as fotografias para ele que pareço esquecer de respirar, ao pensar nisso.

Durante a troca de professores, meto a mão dentro da minha mochila, procurando a pasta.

A abro e retiro de lá as fotos, sentindo uma vontade imensa de ficar com a minha favorita.

𝐁𝐄𝐘𝐎𝐍𝐃 𝐓𝐇𝐄 𝐖𝐎𝐑𝐋𝐃 - BILL KAULITZOnde as histórias ganham vida. Descobre agora