15 - Alvos por João

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A noite que começou com a ternura do amor e a descoberta de minha verdadeira identidade desabou diante dos meus olhos quando o telefone tocou, interrompendo a paz que compartilhava com Hector

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A noite que começou com a ternura do amor e a descoberta de minha verdadeira identidade desabou diante dos meus olhos quando o telefone tocou, interrompendo a paz que compartilhava com Hector. A voz trêmula de minha mãe, carregava um anúncio que transformaria minha vida para sempre: nossa casa estava em chamas.

A urgência na voz dela me cortou como uma lâmina afiada, e meu coração acelerou ao ouvir as palavras que anunciavam a tragédia. Saí da casa de Hector em um estado de desespero, tentando em vão entrar em contato com minha família enquanto as lágrimas desciam pelo meu rosto.

No caminho para casa, a crescente preocupação se transformou em horror quando avistei a rua bloqueada pela polícia. A fumaça densa cortava o céu noturno do Rio de Janeiro. O Hector estacionou o carro de qualquer jeito e seguimos em direção a minha residência, a polícia tentou intervir, mas os vizinhos me ajudaram afirmando que eu era um dos moradores do local.

A imagem que se desenhou diante de mim fez meu coração se despedaçar. O jardim, outrora exuberante com as flores cultivadas com carinho por minha mãe, estava agora reduzido a cinzas. A estrutura que abrigava tantas memórias, risos e afetos mal se reconhecia sob as chamas que a devoravam impiedosamente.

Encontrei meus pais e o meu irmão José, que foram amparados pela polícia. Todos de olhares vazios, observando o que restava da casa. Eu os abracei e choramos juntos. Éramos incapazes de compreender como o fogo havia destruído tudo.

A minha mãe estava em pedaços. Ela contou que alguém havia lançado garrafas incendiárias pela janela. Quando eles tentaram sair por causa do fogo, a porta estava emperrada, então, José precisou usar toda a sua força para derrubá-la, só que eles não tiveram tempo de salvar nada.

A rua estava repleta de curiosos, ávidos por detalhes sobre a tragédia que nos atingiu. A resposta, entretanto, seria encontrada nas investigações da polícia. Foram cinco horas de espera. O Hector saiu para comprar comida e, aos poucos, o sol aparecia no céu.

Enquanto os bombeiros combatiam as últimas chamas, meu coração pesava com a perda, mas a chegada dos pais biológicos, Jayme e Patrícia, trouxe uma amostra de solidariedade inesperada. Aparentemente, Hector explicou sobre o incêndio e eles decidiram ajudar os filhos.

Em um gesto de empatia, Jayme ofereceu abrigo para nossa família adotiva. Em meio às cinzas e destroços, os dois núcleos familiares se reuniram pela primeira vez em um mesmo espaço, ainda que sob as circunstâncias mais sombrias.

Hector permaneceu ao meu lado, oferecendo seu apoio incondicional. Os bombeiros, finalmente, apagaram todo o incêndio e concentraram seus esforços em buscar a fonte dos incêndios. Logo, um deles achou as garrafas e pediu para a equipe da polícia fotografar.


— Dona Esther e seu José, — Jayme pegou no ombro do meu pai. — eu sei que é muita coisa para absorver, mas vocês precisam descansar. Eu já pedi para prepararem os quartos de hóspedes para vocês.

Tinha que ser vocêWhere stories live. Discover now