13 - Eu quero por João

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Não tinha como negar: a festa era um espetáculo grandioso

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Não tinha como negar: a festa era um espetáculo grandioso. Porém, eu me sentia incomodado com a atenção exacerbada. Cada sorriso e elogio parecia coreografado para um público ávido por espetáculo. Os olhares curiosos se dirigiam a mim e a José, os filhos recém-descobertos da família Telles. A suntuosidade daquela celebração era estranha, e eu me sentia como um intruso em um mundo que não era meu.

José, por outro lado, deslizava pela multidão como se já pertencesse a ela desde sempre. Seu carisma natural se destacava, envolvendo os convidados em conversas leves e sorrisos fáceis. Eu, como sempre, me via encarcerado em um silêncio incômodo, inapto para as nuances sociais da elite carioca.

O clima de desconforto atingiu seu auge quando descobri que meu ex-namorado, aquele traidor desgraçado, era nada menos que o filho do vice-presidente das empresas Telles, ramo de negócios pertencente ao meu avô biológico, Fernando Telles. Uma reviravolta digna das tramas mais rebuscadas da Netflix.

Por sorte, o Hector chegou e conseguiu me resgatar. Infelizmente, andamos poucos metros, quando o meu pai biológico parou para me apresentar algumas pessoas. Para o meu desespero, o Mauro puxou o Hector para um canto, mas eu não pude fazer nada.


— Jayme, — pedi com pressa. — com licença. Eu preciso ir ao banheiro. — sai na direção de Hector. Um barraco estava fora de cogitação. — Ei. — peguei no ombro de Hector. — Vamos encontrar o José.

Maldito Mauro! Neguei a mim mesmo que ainda sentia algo por ele, mas sua presença provocava um nó desconfortável no meu estômago. As palavras não ditas ecoavam na minha mente, reacendendo sentimentos que eu acreditava ter enterrado. No meio da festa grandiosa, eu me via preso entre a obrigação de encarar meu passado e a necessidade de proteger meu coração das feridas que ele infligiu.

A festa continuava, os sorrisos falsos e as risadas ensaiadas ecoavam no salão. Enquanto meus pés deslizavam pela grama do jardim, eu me perguntava se, em meio àquela encenação de luxo, eu conseguiria encontrar meu lugar ou se permaneceria como um espectador solitário, observando meu passado e presente se entrelaçam em um balé complexo de laços e desenlaces.

— Ei, maninho. — José chamou a minha atenção. — Essa é a senhora Suzana Duarte. Ela tem uma escola de boas maneiras. A dona Patrícia já marcou uma aula para mim.


— Olá. — a cumprimentei.


— Vocês são tão lindos. — disse a mulher me deixando sem graça. — Vai ser uma honra dar aula para dois jovens tão especiais.


— Especial quer dizer: ricos. — Hector sussurrou em meu ouvido e tive que segurar o riso.

Aula de etiqueta? Isso é surreal. Eu não preciso de aulas de etiqueta. Sei me comportar muito bem próximo a outras pessoas. Talvez o José precise, assim ele para de ser um enxerido e intrometido. Durante toda a noite, fui cordial, sorri e conversei. Mesmo me sentindo um peixe fora d'água, eu consegui desempenhar o meu papel. Eu só queria ir para casa, ficar deitado no sofá e comer os doces da minha mãe.

Tinha que ser vocêWhere stories live. Discover now